Cada vez que tomo conhecimento de episódios como aquele das pessoas que furaram a fila da vacina contra a Covid-19 penso na importância decisiva de pais, professores e educadores. Uma educação eficiente significa redução de despesas em saúde, segurança e emprego, entre outros benefícios.
Essas consequências são quase insignificantes diante da repercussão na formação da personalidade dos conteúdos que, em resumo, têm sua base na ética. Formar cidadãos íntegros é uma luta desafiadora. Os apelos de consumismo, ostentação e egoísmo falam mais alto, são onipresentes, obrigam à vigilância sem tréguas.
Os meios de comunicação, turbinados pela publicidade cada vez mais agressiva e que mexe com o emocional do consumidor, impingem uma imagem-padrão de beleza, por exemplo. Isso funciona como uma ditadura. Quem não se enquadra nos preceitos padronizados de peso, altura e vestuário é motivo de chacota. Ou é condenado ao isolamento que causa angústia, depressão e distanciamento social.
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As redes sociais têm o condão nocivo de estimular o consumismo exacerbado. O bombardeio resultante dos algoritmos funciona como um rastreador que invade a privacidade de todos, de presidentes da República a mortais comuns. Basta, por exemplo, pesquisar o preço de um par de tênis para ser “perseguido, durante um mês, por todo tipo de calçado esportivo/agasalhos/camisetas/meias, etc. Qualquer acesso digital está carimbado com as nossas digitais.
Todas as nossas informações – por mais pessoais e confidenciais que sejam – foram transformadas em mercadoria valiosa, vendida a peso de ouro para explorar todo tipo de comércio. A “educação das redes sociais” pouco ou nada tem a ver com os conteúdos ministrados na sala ou dentro de casa.
Furar a fila parece um procedimento incorporado ao comportamento do brasileiro. Erroneamente foi apelidada de “jeitinho” para minimizar a gravidade de uma postura lamentável sob todos os aspectos. Pior que isso, seguir as normas, cumprir as leis, ou seja, “obedecer à fila” é sinônimo de burrice. Observar o regulamento é para trouxas, babacas, “crentes”.
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Evito imaginar o resultado do “caldo cultural” do uso excessivo das redes sociais, que se tornou uma epidemia. Longe de mim bancar o “reacionário analógico”, mas como tudo na vida, o bom senso está no equilíbrio, característica rara na atualidade. O contato humano, além de insubstituível, constrói personalidade, fortalece valores, forja cidadãos.
Imagine o efeito nas próximas gerações que têm, como base, os exemplos de sucesso digital. Como no supermercado há opções para todos os gostos. O desafio é vigiar conteúdos, servir de exemplo e tentar preservar a privacidade de nossos filhos. Parece fácil. Mas só parece!
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