O distanciamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus gerou desemprego, paralisou setores e comprometeu a renda de sete em cada dez pessoas no Brasil. Mas, mesmo em um momento de incertezas, muitos estão dispostos a investir. Apenas nos segmentos de comércio e serviços em Santa Cruz do Sul, pelo menos 15 empreendimentos abriram as portas nos últimos meses, gerando quase 100 empregos diretos.
A lista inclui quatro franquias e negócios em ramos diversos, de alimentação a farmácias de manipulação, passando por supermercados, clínicas estéticas e lojas. Algumas das empresas aproveitaram-se de demandas geradas pela própria crise, como o aumento nos pedidos por telentrega de alimentos e na procura por congelados. Outras valeram-se das políticas adotadas para reanimar a economia, como facilitações para obtenção de crédito. Embora reconheçam as dificuldades impostas pela situação atípica, que exige cautela, os empreendedores afirmam confiar no potencial de Santa Cruz e na iminência da retomada econômica.
Para preencher uma lacuna
Entre as novidades que chegaram ao mercado local está uma farmácia de manipulação exclusivamente veterinária. Inaugurada no dia 16 de junho, a unidade carrega a tradição da marca Dermatologe, que atua no ramo de farmácia de manipulação há 30 anos em Santa Cruz. Assim surgiu a Dermatologe Vet, instalada na Avenida João Pessoa.
Publicidade
Conforme a proprietária Márcia Beatriz Nunes, que está à frente do projeto junto com a filha Priscila Kops Trevisan, a ideia surgiu há vários anos, quando clientes passaram a procurá-las em busca de fórmulas personalizadas para uso veterinário. “A procura era para fazermos fórmulas que facilitassem a administração da medicação ao animal ou uma dose específica, de acordo com as particularidades do pet”, conta.
Como não havia nada parecido na cidade, a intenção foi preencher essa lacuna do mercado. A partir daí, a equipe começou a ser treinada para a manipulação de fórmulas veterinárias. Ainda em 2018, a empresa obteve a certificação do Ministério da Agricultura para operar.
A loja conta com uma farmacêutica e dois funcionários, além de laboratórios especiais, estacionamento, espaço para o tutor deixar seu pet e o suporte técnico de outros nove farmacêuticos que atuam nas demais unidades. Conforme Márcia, o momento é propício para o negócio, devido à recente criação do curso de Medicina Veterinária da Unisc e a proximidade da inauguração do Hospital Veterinário Municipal. “Podemos contribuir com várias opções de tratamento e facilidade na hora de medicar o animal.”
Publicidade
Embora a pandemia tenha adiado a inauguração, a aceitação, segundo Márcia, vem sendo boa e facilitada pelo fato de a empresa já possuir uma clientela e ser conhecida junto aos médicos veterinários.
Atraída pelo potencial econômico
“Como eu sou brasileira, eu não desisto”, brinca Isabelle Bitencourt Berger, que acaba de inaugurar em Santa Cruz do Sul a primeira franquia d’A Fórmula, rede de farmácias de manipulação. Embora seja natural de Rio Pardo, ela, que é egressa da primeira turma de Farmácia da Unisc, estava fora da região há 15 anos. Em Belém do Pará, onde morava, trabalhava há uma década em uma unidade da rede. Quando o marido, Rafael Gonçalves Rocha, teve de voltar para a região em função do trabalho, ela decidiu abrir uma unidade por conta própria.
A mudança ocorreu na virada do ano e o projeto começou a ser pensado em fevereiro. A pandemia, porém, impôs um atraso de 30 dias no cronograma porque as obras no prédio da Rua Júlio de Castilhos tiveram de ser interrompidas. Apesar disso, ela confia no potencial de Santa Cruz e acredita, inclusive, que, a médio ou longo prazo, o negócio, que atualmente conta com seis funcionários, poderá ser expandido. “A cidade está crescendo, se desenvolvendo, e é de perfil universitário. Então, tudo isso nos dá uma perspectiva muito boa”, diz.
Publicidade
Presente em 16 estados e com planos de abrir 90 lojas até o fim do ano, A Fórmula trabalha com produtos manipulados e tem como um dos focos a personalização de medicamentos, que pode ser produzido na forma de chocolate, pirulito ou pastilha, por exemplo. “Às vezes, o paciente não toma porque não gosta de cápsula”, conta. Outra aposta é no cuidado com a dosagem dos medicamentos, o que dispensa o descarte.
LEIA MAIS: Comércio sente o impacto da pandemia do coronavírus
Demanda gerada pelo distanciamento
Apesar do abalo à economia, a mudança de hábitos imposta pelo distanciamento social também acabou por impulsionar alguns serviços, como a telentrega de comida. Foi o que aconteceu com a Casa de Assados Morsch, que foi inaugurada no dia 7 de março no Bairro Country, duas semanas antes de a pandemia começar a alterar a rotina da população.
Publicidade
Até então, a proprietária Evelise Sehnem dos Santos trabalhava como vendedora de medicamentos, tinha curso de cabeleireira, e sua vontade era abrir um salão de beleza. Já o marido, Leonardo Morsch, que trabalha no Sicredi, tinha há tempos o sonho de abrir um negócio no ramo gastronômico.
Quando a pandemia estourou, o casal ficou preocupado. Logo, porém, eles perceberam que a demanda pelo delivery seria grande. Tanto que, embora a intenção inicial fosse vender apenas o tradicional frango assado, a partir do segundo mês passaram a comercializar também uma linha de congelados, como lasanha, escondidinho e panqueca, entre outros. O retorno tem sido tão positivo que a ideia para o próximo mês é contratar um funcionário – atualmente, os dois tocam sozinhos a operação, com a ajuda de familiares. “Estamos em uma crescente boa. Conseguimos triplicar o valor do primeiro mês”, conta Evelise.
Com a localização próxima a João Alves, o negócio também vem sendo favorecido pela franca expansão populacional daquela região nos últimos anos. Apesar disso, conforme Evelise, as encomendas vêm de praticamente todos os bairros. “Até gente de Vera Cruz já pediu o nosso frango assado”, relata.
Publicidade
Adaptação aos novos tempos
Para a empresária e chef de cozinha Fabiane Grudinski, que mantinha há 13 anos o restaurante Hilda G, a pandemia foi um alerta para a necessidade de se adaptar aos novos tempos. A vontade de abrir uma loja de produtos já existia, tanto que há três anos ela comercializava no estabelecimento alguns produtos próprios, como geleias, manteigas e patês.
Quando o comércio fechou, em março, Fabiane convenceu-se de que era hora de transformar o negócio. “Avaliamos qual seria o melhor investimento no longo prazo. Não tínhamos certeza de como ia ficar a questão econômica, e percebemos que os hábitos das pessoas mudaram”, conta.
Daí surgiu o Easy Food by Hilda G. Instalada na Avenida Leo Kraether, a loja comercializa uma linha de congelados que foge aos padrões do mercado local. As opções incluem, por exemplo, bacalhau às natas e escondidinho de camarão. Todas as porções servem, no mínimo, duas pessoas, e todos os sábados é oferecido um prato autoral, criado pela própria chef. Além disso, o local também vende produtos como cafés e pimentas e prepara algumas novidades, como tempero em cápsula. Em breve, ainda será lançada uma linha de panelas.
A mudança impactou no número de empregos gerados pela empresa: de 12 passou para três funcionários. Também foi difícil acostumar-se, por exemplo, ao Dia dos Namorados, quando chegava a atender 100 casais na mesma noite. Apesar disso, e das dificuldades na economia, o resultado vem sendo satisfatório. “Para nós, foi uma surpresa. O bacalhau, por exemplo, lançamos na Páscoa e, mesmo sendo um pouco mais caro, a aceitação foi muito grande. E no Dia dos Namorados, tivemos muitos casais que compraram os congelados”, comemora Fabiane.
Pensamento positivo
Inaugurado no dia 17 de abril junto ao trevo de João Alves, o Supermercado Schmitz nasceu de um projeto familiar. Após anos de trabalho no setor de transporte, a família desejava um negócio que evitasse a necessidade de passar longos períodos fora de casa. A ideia de abrir um supermercado já era discutida há 20 anos, mas há cerca de seis o negócio começou a ser montado. Os altos e baixos na economia brasileira, porém, fizeram que com eles recuassem.
Como as perspectivas para 2020 eram as melhores possíveis, a decisão foi por tirar o plano do papel neste ano. Quando a pandemia chegou, o investimento já estava encaminhado. “Não tinha mais saída senão começar agora”, conta Fernando Schmitz, que está à frente da operação junto com o pai e dois irmãos.
Instalado em um prédio de 520 metros quadrados, o estabelecimento oferece um mix de 6,2 mil itens. Pela proximidade com João Alves, boa parte da clientela envolve moradores dos loteamentos instalados naquela região.
De acordo com Fernando, devido ao contexto, as vendas vêm alcançando a metade das projeções. Tanto que o número de funcionários, que chegaria a 20, está em oito. Ainda assim, a expectativa é de uma retomada que garanta um ambiente mais favorável. “Entendemos esse resultado até agora como parte da pandemia. O pessoal está mais retraído, mais inseguro para gastar, e tem a questão do desemprego. Mas trabalhamos com pensamento positivo.”
LEIA MAIS: Construção civil: onde a retomada já começou
Na crise, a oportunidade
Foi justamente no cenário adverso gerado pela pandemia que Eduardo Jacobi Borstmann percebeu uma oportunidade. Natural de Candelária, ele trabalhava com os pais, que mantêm uma padaria há 27 anos no município. Em setembro do ano passado, abriu junto ao local a Una Pizza, que encontrou uma boa aceitação.
A marca foi criada já com o intuito de ser expandida para outras cidades da região, mas o custo elevado para isso desencorajava. Quando entraram em vigor as medidas de distanciamento social, Borstmann se convenceu de que se tratava do momento certo para isso. Primeiro, porque sabia que a demanda por telentrega iria disparar. Segundo, porque encontraria mais facilidade para obter crédito para investir.
Outra jogada estratégica foi a localização da loja, definida após uma série de pesquisas e que fica próxima ao acesso a João Alves, uma das regiões que mais cresce no município. Inaugurada em 19 de junho, a pizzaria vem registrando um movimento acima das expectativas. “As perspectivas são muito boas. Muita gente que não pedia comida em casa hoje está pedindo porque viu a facilidade que é. Acho, inclusive, que muitos restaurantes vão se reinventar com essa situação”, analisou.
A operação é comandada por Borstmann, pela namorada Rafaela Tedesco de Marco e por quatro colaboradores fixos, além de dois freelancers no fim de semana. A proposta é diferenciar-se das pizzarias mais tradicionais. Entre os carros-chefe estão sabores autorais – alguns com nomes que remetem a pontos turísticos de Candelária. “Não é a pizza mais barata, mas usamos ingredientes de extrema qualidade.”
Segurança no futuro
Quando a pandemia estourou, os administradores que estavam à frente da instalação da primeira filial da Nascente Multiloja em Santa Cruz do Sul criaram um comitê interno para reavaliar o projeto. A decisão foi por apostar no potencial do município e seguir em frente com o investimento.
A loja foi criada em Cachoeira do Sul há 30 anos, e o plano de expansão surgiu no ano passado. Após diversas pesquisas, optaram por Santa Cruz, inclusive em função de um vínculo afetivo: uma das diretoras da empresa, Lucimara Nascente, é natural daqui.
Conforme o diretor empresarial, Alex Nascente, entre os fatores que pesaram na decisão está o fato de ser uma cidade de perfil universitário. Por a loja trabalhar com papelaria fina e eletrônicos, os estudantes são um dos fortes públicos-alvo. O estabelecimento também conta com uma livraria completa – segmento que conta com poucas unidades no município. A loja, que fica na Rua 28 de Setembro, comercializa ainda brinquedos, artigos de bazar e acessórios.
Conforme Alex, além de atrasar a inauguração, que estava prevista para março mas ocorreu apenas em 20 de abril, a pandemia vem prejudicando um pouco o movimento, sobretudo em função da suspensão das aulas. Isso, porém, não afetou as contratações – são oito colaboradores, sendo seis fixos e dois externos, todos santa-cruzenses. “Sabíamos que seria desafiador manter um projeto dessa monta em um momento desses, mas estamos realmente apostando em uma retomada”, observou.
Confiança na retomada
Quando a pandemia surgiu, Omar Mueller Moussalli já se preparava para abrir a primeira unidade em Santa Cruz do Sul da Calzoon, franquia especializada em calzones. As negociações haviam iniciado em fevereiro. Embora estivesse ciente de que a situação afetaria o desempenho, a decisão foi por apostar na retomada econômica. “Decidimos acreditar que as coisas vão melhorar em algum momento. Tudo passa. Em nenhum momento pensamos em desistir”, afirma. A inauguração foi no dia 5 de junho.
Embora localizada em um dos pontos de maior fluxo de pessoas do município, no quadrilátero central da Rua Marechal Floriano, o movimento é restrito por conta do distanciamento social, inclusive em função do número menor de mesas. As perspectivas, porém, são positivas.
Moussalli já era sócio de uma empresa de acessórios para celulares, mas tinha desejo de investir em uma franquia de alimentação. O interesse pela Calzoon, cuja primeira loja foi inaugurada em 1999 em Joinville (SC), se deu por perceber que, em nível de região, não havia nenhum estabelecimento focado em calzones. “É uma cidade onde o pessoal consome bastante telentrega e come muito na rua também”, completa. Na loja, que conta com oito funcionários, também são servidos sucos naturais, sucos detox, açaí e shakes.
Aposta na autoestima
Entre as franquias que estão aterrissando em Santa Cruz do Sul está a Pink Lash, cujo foco é a extensão de cílios. Por trás do projeto está Fernanda Rodrigues Brilhante Leite, que é natural de Goiás e radicou-se há dois anos na cidade natal de seu marido, Marcelo.
Embora trabalhasse em um banco, Fernanda já tinha interesse por empreender no setor de beleza e conheceu a marca durante uma viagem a São Paulo. “Fiquei apaixonada. Falei que era isso que eu queria. Sempre gostei de fazer extensão de cílios e, quando cheguei aqui, vi que não havia um referência para isso na cidade”, recorda.
O contrato foi fechado no início do ano e a previsão, à época, era inaugurar no máximo em maio. Com a pandemia, porém, tudo atrasou e agora o plano é abrir as portas no final deste mês. A loja, que será a segunda da rede no Rio Grande do Sul, ficará na Avenida João Pessoa. Atualmente, Fernanda está na fase final do protocolo de treinamento exigido pela empresa, que inclui atender 100 modelos.
Ao menos em um primeiro momento, Fernanda vai tocar a operação sozinha, mas ela acredita que há potencial para expandir a curto prazo. Para ela, embora o contexto seja conturbado, as chances de o negócio decolar são grandes. “A ideia da empresa é ajudar as pessoas a aumentarem a sua autoestima. Estamos passando por uma situação difícil; então, muitas mulheres procuram esse tipo de serviço para se sentirem melhor”, conta.
Oitava filial
A pujança econômica de Santa Cruz do Sul também atraiu a distribuidora Vem Gás, que se tornou a representante em toda a região da marca Supergasbras, integrante da SHV Energy, líder mundial no setor. Com sede em Teutônia e 17 anos de história, a Vem Gás inaugurou em Santa Cruz a oitava filial – já estava presente em Paverama, Estrela, Lajeado, Arroio do Meio, Santa Clara e Rio Pardo.
Segundo o sócio-proprietário Paulo Sérgio Schneider, um dos focos da empresa é o atendimento com rapidez. “O que eu sempre saliento para a minha equipe é: gás todo mundo tem, qualidade é o que faz a diferença. Sempre nos preocupamos ”, diz. Com equipes espalhadas por toda a cidade, a proposta é realizar a entrega em no máximo 15 minutos. Atualmente, a empresa emprega 10 pessoas diretamente no município, além de 18 indiretos, por meio dos parceiros.
Embora trabalhe com um produto de primeira necessidade – o gás de cozinha –, a Vem Gás também sentiu os efeitos da crise desencadeada pela pandemia. A queda nos atendimentos a indústrias, bares e restaurantes chegou a 35%. Já nas residências, os volumes foram mantidos. “Ninguém saiu ileso. As pessoas estão com um pouco de receio, segurando tudo o que dá; então, a evolução não foi como em outros períodos”, reconheceu. A central da empresa fica na Rua Alfredo Kliemann.
De olho no longo prazo
Natural de Passo do Sobrado, Lucinéia Soares está há três anos em Santa Cruz do Sul. Formada em estética e cosmética, ela começou trabalhando em salões e, em um segundo momento, alugou por conta própria uma sala para atender clientes. Logo decidiu que era hora de partir para um empreendimento maior.
Assim nasceu o projeto da NS Glow, que abrange uma clínica de estética e uma loja voltada a cuidados com a pele. A clínica é dividida em três setores: estética e embelezamento do olhar (que envolve o procedimento de extensão de cílios), estética e bem-estar (que inclui massagens relaxantes e um produto exclusivo, que é uma massagem craniana com escalda pés) e estética avançada (que é feita com técnicas russas também inéditas no município e que dispensa o uso de agulhas, além de procedimentos de emagrecimento e rejuvenescimento). No caso da loja, a proposta é, mais do que comercializar os produtos, orientar os clientes a utilizá-los da forma correta. Além de Lucinéia, outras três pessoas trabalham no local, que fica na Rua Ernesto Alves.
O plano inicial era inaugurar em abril, mas a pandemia gerou atraso nos fornecedores. “Foi bem difícil. Estava investindo no meu sonho e tive de parar de repente”, lembra. A abertura acabou acontecendo no dia 11 de maio e, com isso, não pôde aproveitar a demanda relacionada ao Dia das Mães, como era a ideia. Apesar de o movimento estar afetado pelo distanciamento social, o retorno é positivo. “Por se tratar de procedimento estético, não tem como evitar o contato, e muitas pessoas ainda estão receosas. Não esperamos um ano de muito crescimento, trabalhamos com longo prazo. Mas há um retorno”, diz.
O desafio de recomeçar
Carlos Alberto Kist trabalha com comércio há mais de 20 anos. Proprietário de uma loja de colchões em Santa Cruz do Sul, decidiu em 2019, um ano de resultados fracos, que buscaria um novo rumo para os negócios. Resgatou, então, o antigo sonho de empreender no setor gastronômico. A aposta foi calculada: “Onde nunca tem crise? É posto de gasolina, farmácia e comida”, observa.
Por coincidência, em dezembro foi procurado pela 10 Pastéis, rede de pastelaria com sede no Paraná, e com a qual havia feito contato em 2018, manifestando interesse em se tornar um franqueado. À época, porém, o Sul não estava nos planos de expansão da empresa. O retorno, porém, foi providencial: “Perguntaram se eu ainda tinha interesse. Eu disse que, mais do que nunca, eu tinha. Para mim, é um desafio enorme, muda da água para o vinho”. O contrato foi assinado em dezembro e, a partir daí, Kist começou a se preparar para abrir a loja, que fica na Rua Borges de Medeiros, próximo ao circuito das cervejarias. A preparação incluiu um treinamento na própria sede, em Curitiba.
A ideia era abrir no fim de março, mas, por conta da pandemia, a inauguração ocorreu apenas na última semana de junho. Apesar da crise, que vem comprometendo as projeções de movimento, as perspectivas são boas. “Vejo muito potencial na cidade. Acredito bastante ”, disse.
Por enquanto, trabalham no local apenas Kist, a esposa Laura Trindade e mais uma funcionária. A loja oferece telentrega e atendimento presencial e o cardápio inclui pastéis tradicionais, gourmet, doces e porções, além de acompanhamentos e molhos especiais. Entre os diferenciais estão as receitas que levam chocolate e pimenta na massa e as bordas recheadas. A fritura é feita em óleo de algodão, o que garante um pastel mais crocante.
Uma surpresa positiva
Quando abriu, em meados da década de 1990, a auto-escola por meio da qual se tornou conhecido, Celso Esperidião já tinha ideia de empreender no ramo gastronômico. Como acabou seguindo outro rumo, aproveitou as últimas décadas para amadurecer o projeto e adquirir experiências, sobretudo em viagens pelo mundo.
Em janeiro deste ano, começou a trabalhar no projeto do Viccino, que se propõe a ser, nas suas palavras, “um pedacinho da Itália dentro de Santa Cruz”. A previsão de inauguração era 19 de março, justamente o dia em que entraram em vigor as primeiras medidas de distanciamento social. Diante da situação, a possibilidade de desistir chegou a ser avaliada, mas a decisão foi acreditar no projeto. Quando foi autorizado que os restaurantes voltassem a receber clientes à noite, o local pôde abrir as portas, o que ocorreu no dia 26 de maio, na Rua Borges de Medeiros.
Embora boa parte da população esteja optando pelo máximo de recolhimento, o movimento nessas primeiras semanas surpreendeu os administradores, tanto que, embora tenham optado por iniciar com um efetivo reduzido (sete funcionários, ao invés dos 17 que estavam previstos), mais dois colaboradores já foram agregados, fora os freelancers que são chamados aos finais de semana. “Até o dia 30 de junho, atendemos 950 pessoas. Foi uma surpresa positiva”, conta Esperidião.
Inspirado em restaurantes europeus, o cardápio inclui pratos como salmão com arroz negro, carré de cordeiro e risoto de camarão, e o cliente tem a opção de fazer uma refeição no padrão italiano, com entrada, primeiro e segundo pratos e sobremesa. O local também conta com um empório de produtos naturais, como azeite de oliva e geleias.
Um conceito novo
Inaugurado no dia 28 de maio, o supermercado Carvalho Antonbelo é fruto de uma história de empreendedorismo familiar que iniciou na região de Vale do Sol, onde os antepassados de Paulo Carvalho iniciaram-se no comércio de alimentos, há mais de um século. As três gerações seguintes mantiveram a atividade, até que, oito anos atrás, Paulo e a esposa Silvia decidiram transformar o que até então era uma casa de carnes que ocupava um espaço de 100 metros quadrados em um minimercado. O negócio ainda passou a incluir padaria e fruteira e alcançou uma área de 500 metros quadrados.
Deu tão certo que o casal decidiu expandir. A opção por Santa Cruz do Sul se deu porque Silvia é natural daqui. Durante um ano, buscaram o local ideal, até se decidirem por um prédio que durante vários anos abrigou uma arrozeira, na esquina entre as ruas Juca Werlang e Conselheiro Augusto Hennig. Além de estar no caminho do fluxo de Linha Santa Cruz, um das regiões que mais cresce na cidade, o local também deve ser favorecido pela movimentação de alunos e pais do Colégio Mauá, que neste momento está com as aulas suspensas.
Apesar da retração imposta pelo distanciamento social, os proprietários estão satisfeitos com o resultado deste primeiro mês. “Quando surgiu a pandemia, já estávamos com meio caminho andado, não tinha como recuar. Mas não temos do que nos queixar. Estamos bem contentes com o movimento”, conta Silvia. Além de estacionamento, a loja conta com telentrega.
A proposta do empreendimento é um conceito diferenciado de supermercado, pouco comum no Brasil, e que é inspirado em estabelecimentos de bairro da Europa. A diferença começa já no visual e no uniforme dos 22 funcionários. Os focos são o açougue e a padaria, com carnes selecionadas e receitas centenárias de família.
Expansão no radar
Mal inaugurou a sua primeira unidade em Santa Cruz do Sul e a cooperativa de crédito Cresol já pensa em expansão. Segundo o coordenador de gestão Leandro Guedes, em no máximo oito meses outra filial deve ser inaugurada na região e não está descartado um segundo ponto em Santa Cruz.
O Sistema Cresol está presente em 17 estados e possui mais de 500 unidades de atendimento e cerca de 545 mil associados. A primeira unidade na região foi aberta no ano passado, em Venâncio Aires. “Estávamos pensando em expansão e logo começamos a olhar para essa região, que é muito forte. Aí iniciamos um estudo de viabilidade”, relatou Guedes.
Atualmente com cinco colaboradores em Santa Cruz, a unidade, localizada na Rua Júlio de Castilhos, trabalha com crédito pessoal, crédito para reforma, habitação, veículo, seguros, previdências, consórcios e seguro agrícola. Com o início do Plano Safra, financiamentos de custeio para agricultores já começaram a ser assinados. As perspectivas, segundo Guedes, são as melhores. “Almejamos muitos negócios”, contou.
Além de ter atrasado em alguns dias a inauguração, a pandemia também vem exigindo algumas adequações na operação. “O nosso foco é o relacionamento, é a visita às propriedades, são as conversas com os associados. Como estamos bastante restritos, temos de usar os meios digitais”, explicou.
This website uses cookies.