Assim que foram divulgados os nomes das duas princesas do Carnaval 2017, a candidata Thaís Gonçalves dos Santos, 23 anos, se preparou para tirar o salto e descansar. Depois de esbanjar gingado sobre o tablado do pavilhão central do Parque da Oktoberfest, imaginou que, pela segunda vez, ainda não seria a sua hora. Ledo engano. Quem tenta uma, tenta duas. E se fosse preciso, tentaria três. Mas não foi. A representante da Imperatriz do Sol ouviu seu nome ser chamado como a mais nova rainha  do Carnaval da Santinha e, mesmo sem acreditar, desceu a escadaria daquele pequeno palco ainda em êxtase. Recebeu a faixa, posou para fotos e lembrou que o esforço, afinal, tinha valido a pena. 
A passista mais baixinha entre as candidatas mostrou que “pequena” é só a sua altura.

O samba no pé e o amor que nutre pela maior festa popular do País é que são grandiosos. Prova disso foi a naturalidade com que dançou uma conhecida canção da escola carioca Portela, no segundo desfile individual do certame. O salto alto pouco aparentou incomodar – embora, sem ele, o show deva ser ainda melhor – e a naturalidade com que deslizava os pés sobre o tapete falou mais alto. “Não fiquei nada nervosa para sambar. Minha tensão ficou reservada para a conversa com os jurados.” Nada que a segunda participação consecutiva no concurso não lhe garantisse mais experiência e segurança para a missão. “Desta vez, eu me preparei mais. Em 2016 tinha focado mais no samba. Este ano, estudei sobre o Carnaval e sobre a minha cidade.”

Filha da doméstica Cláudia Gonçalves e do mestre de obras Eliandro Pereira dos Santos, Thaís tem como inspiração as atrizes Juliana Paes e Viviane Araújo. Foi ao assistir os vídeos das musas sambando, aliás, que aprimorou os passos já arriscados nas festas que frequentava. “Para aprender, só observo o movimento do pés. Daí vou adequando conforme o meu jeito de sambar.” Depois de acertar o passo,  Thaís, que frequentava ainda de forma tímida a Unidos de Santa Cruz, foi convidada a participar de uma festa promovida pela Imperatriz do Sol. O convite foi aceito com bons olhos e, após desfilar por dois anos como passista destaque, recebeu a missão de colocar sua desenvoltura à prova como madrinha de bateria da agremiação em 2016. “Esse envolvimento com o Carnaval trouxe muita mudança para a minha vida. Antes eu confesso que era mais parada. Agora sempre tenho eventos. A Imperatriz é uma família que me deixa muito alegre e feliz”, complementa.

Sobre o novo formato do Carnaval da Santinha, criticado por muitos membros das agremiações santa-cruzenses, a nova rainha afirma que há pontos positivos e negativos. Para ela, a comemoração em quatro dias será um ganho para o evento, já que poderá reunir mais pessoas no Parque da Oktoberfest. Vê com pesar, entretanto, o cancelamento do tradicional desfile, momento em que o talento de todas as cinco escolas era evidenciado na avenida. “É claro que aquele desfile, com os carros alegóricos, fantasia e bateria, dava um gostinho diferente. Talvez a decisão sobre esse novo formato seja até um empurrão para que as escolas passem a se organizar de forma antecipada e não só no fim do ano, como geralmente acontecia.”

Este namoro dá samba

Thaís pode até não ter vencido o concurso anterior, mas, em compensação, ganhou um novo amor. Foi depois do certame que a aproximação entre ela e a concorrente Suélen Tatiane dos Santos, da Imperatriz do Sol, começou. “Nós não nos ‘peixávamos’ muito, mas depois nos conhecemos melhor e agora é isso aí: estamos namorando há quase um ano”, conta toda feliz. 

A namorada, aliás, foi uma das primeiras a abraçar Thaís no último sábado, quando recebeu as faixas, as flores e ainda o presente de aniversário. É porque quatro dias depois, na quarta, dia 1°, completou 23 anos. E agora está pronta para dar início à agenda de soberana, ao lado de suas princesas – também pra lá de desenvoltas – Jéssica Beatriz da Silva e Bárbara Grade. Que comece a folia.