Agronegócio

Queda na cotação da soja deixa produtores em alerta

Além das preocupações comuns do dia a dia no campo, como custo de produção, condições climáticas e doenças, neste ano os agricultores também estão perdendo o sono com a queda no preço da soja. Em meados de setembro de 2023, durante os preparativos para o plantio no Rio Grande do Sul, a saca de 60 quilos estava avaliada em R$ 140,00, em média. Agora, no início da colheita, chegou a baixar de R$ 110,00. Combinado a alguma quebra na produção, isso fez a rentabilidade diminuir.

Na avaliação do presidente do Sindicato Rural de Santa Cruz do Sul, Marco Antônio dos Santos, a situação não é a ideal devido aos custos de produção elevados. “O que está nos dando um consolo é a produtividade, que vai nos possibilitar chegar um pouco mais perto do equilíbrio das contas”, afirma. Ainda assim, ressalta que o fechamento é apertado. Além disso, os dias úmidos e de forte calor provocaram incidência da ferrugem asiática, o que obrigou os produtores a investirem na compra e aplicação de defensivos agrícolas que não estavam previstos.

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O presidente do Sindicato Rural de Rio Pardo, Luiz Henrique Lau, lembra que no mesmo período de 2023 a saca estava avaliada em R$ 160,00, 25% a mais na comparação com a cotação atual. Segundo ele, o principal impacto é no pagamento dos compromissos. “Se antes precisava de ‘x’ sacas por hectare para pagar tudo, agora precisa de 25% a mais.” Os contratos de arrendamento, observa, não sofrem tanto porque são baseados no rendimento das lavouras, então acompanham a variação para cima ou para baixo.

Outro reflexo percebido é no nível de investimento dos produtores de soja. Lau lembra que em 2022 e 2023 houve perdas severas em razão da estiagem e muitos precisaram refinanciar as dívidas. Agora, mesmo que a colheita seja cheia, a cautela predomina. “Os agricultores colocaram o pé no freio. Viemos de duas safras frustradas e por isso o pessoal está até com dificuldade de pagar os anos anteriores”, ressalta. As lojas de maquinário e insumos agrícolas são algumas das que mais sentem essa mudança.

De acordo com o engenheiro agrônomo Josemar Parise, extensionista rural da Emater/RS-Ascar, a projeção é de uma safra de padrões normais, mesmo considerando as dificuldades de plantio provocadas pelo excesso de chuva em outubro e novembro, a falta de chuva em janeiro e fevereiro e ainda a incidência da ferrugem asiática. A área colhida no baixo Vale do Rio Pardo, região que vai de Candelária até Encruzilhada do Sul, é de apenas 5% do total até o momento. A previsão é de que os trabalhos se intensifiquem nas próximas semanas.

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Expectativa por dias melhores

Para o produtor Mauro Hoffmann, de Linha Áustria, no interior de Santa Cruz do Sul, a expectativa é de dias melhores. Mesmo com a queda no preço, ele diz que a soja continua mais rentável se comparada ao milho e ao trigo. As chuvas constantes ajudaram na produtividade e com isso ela será melhor do que nos anos anteriores, apesar das dificuldades. “A ferrugem asiática veio forte e deve dar mais de 15% de quebra, mesmo tendo feito várias aplicações de defensivos”, enfatiza. Ele espera por uma reação nos preços no segundo semestre deste ano para obter um resultado melhor na hora da venda.

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Iuri Fardin

Iuri Fardin é jornalista da editoria Geral da Gazeta do Sul e participa três vezes por semana do programa Deixa que eu chuto, da Rádio Gazeta FM 107,9. Pontualmente, também colabora nas publicações da Editora Gazeta.

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