A velha analogia é perfeita: a vida é um quebra-cabeça que a gente vai montando aos poucos. Cada encaixe, uma conquista. E, no final, a gente comemora e manda enquadrar. Foi em uma viagem a Johannesburgo, na África do Sul, em 2010, para visitar uma das filhas, a Luciane, que o aposentado Elio Antônio Rossa Dal Osto, hoje com 74 anos, encantou-se com os puz-zles e os inseriu na bagagem de volta. E na sua rotina. “Eu vi um destes lá já pronto, montado e emoldurado, na parede da casa. Achei muito interessante e comprei alguns para montar.”
Virou um hobby desde o primeiro encaixe e ganhou um significado ainda mais especial nestes tempos de quarentena. Enquanto ele “quebra a cabeça todos os dias” – cerca de seis horas por dia – procurando a peça certa, a esposa, dona Beth, diverte-se construindo objetos de artesanato, feitos principalmente com madeira e lã. “Estamos enfrentando este período numa boa”, diz Elio. “Nunca fomos muito de sair mesmo.”
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Isso agora. Pois enquanto estava na ativa, na antiga Companhia Rio-Grandense de Telecomunicações (CRT), seu Elio viajou por todo o Estado gerenciando unidades da empresa. E dona Beth já foi até Kuala Lumpur, na Malásia, para onde mudou-se a filha, que morava na África do Sul. O casal tem mais uma filha, a Fabiane. Elio e Beth convivem com a cachorrinha Belinha e a papagaia Riquinha. Esta última é quem observa atentamente, todos os dias, os avanços de Elio nos quebra-cabeças. De vez em quando, ela até solta um comentário, riquinha.
O aposentado diverte-se com os puzzles de 1,5 mil peças. Leva dez dias para montar um. Criou um espaço próprio em um anexo nos fundos da casa, na Avenida Senador Pinheiro Machado. Um lugar tranquilo, bem apropriado para montar quebra-cabeça.
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Sobre uma mesa forrada com um papelão bem grosso, de 80×60 centímetros, Elio dispõe as pecinhas e as vai juntando, uma a uma. Tem toda uma técnica apropriada para isso. Começa pelas “cantoneiras” e faz, primeiro, todo o contorno da imagem, com as peças retas das laterais, do alto e da base. Estuda detalhadamente o desenho e separa as peças por cores, em caixinhas. Depois de pronto, faz o transporte para uma cartolina, passa um rolinho de esponja por cima, cola e manda enquadrar. Vira uma obra de arte. Tem várias espalhadas pelas paredes de casa, presenteia as filhas, os amigos…
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“Não tem um caráter comercial. Faço porque gosto. Para me distrair, passar o tempo, como um hobby”, conta ele, enquanto mostra uma pilha de outra de suas grandes paixões: os livros. É um voraz leitor. E de muito bom gosto. Criou, também, um espaço para ler e escrever. “Quando não estou montando quebra-cabeça, eu leio. Então viajo sem precisar sair de casa. E não vejo melhor atividade do que essa para passar o tempo na quarentena.”
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