As reflexões em torno da passagem do dia da abolição da escravatura, nessa sexta-feira, 13, inspiraram o Magazine, suplemento da Gazeta do Sul, a indicar quatro autores (e obras) brasileiros negros cujo olhar enriquece a cultura. Eles, entre tantos escritores da raça e cor, abrilhantam e vivificam o convívio em sociedade.
Jeferson Tenório e o avesso da pele
Foi com O avesso da pele que o carioca Jeferson Tenório, de 45 anos, radicado em Porto Alegre, conquistou de vez a cena cultural brasileira. O livro, lançado em agosto de 2020 pela Companhia das Letras, venceu o Prêmio Jabuti de melhor Romance Literário de 2021. Antes, o autor havia publicado O beijo na parede, em 2013, desde logo eleito como livro do ano pela Associação Gaúcha de Escritores (AGE), e Estela sem Deus, em 2018. O avesso da pele, obra mais aclamada, tematiza o drama do racismo em realidade nacional: no enredo, após a morte do pai, assassinado durante uma abordagem policial, o protagonista, Pedro, procura reavivar o passado familiar e refazer os caminhos paternos. Será um processo de tomada de consciência repleto de emoção.
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José Falero e a sina dos supridores
O porto-alegrense José Falero, de 35 anos, nasceu na Lomba do Pinheiro, na região Sudeste da capital. E é essa mesma área urbana que serve de ambiente para o romance Os supridores, lançado em 2020, pela Todavia, obra que recebeu calorosa acolhida de crítica e dos leitores em geral. Ele já lançara Vila Sapo, como livro de estreia, em 2019, igualmente ambientado no bairro natal (a Vila Sapo do título é um dos espaços que interligam duas áreas distintas da própria Lomba do Pinheiro) e posteriormente ainda apresentou o volume de crônicas Mas em que mundo tu vive? Tanto na ficção quanto nas crônicas, reflete sobre mazelas e obstáculos que ainda se colocam no caminho dos negros para se realizarem plenamente na sociedade brasileira.
Conceição Evaristo e os becos da memória
Aos 75 anos, a mineira Conceição Evaristo é uma das grandes damas da literatura e da cultura brasileiras na atualidade, sendo uma das mais respeitadas e enfáticas vozes a debater a condição de ser negro no País. Ela se impôs na cena acadêmica como linguista e transitou por diversas gerações, desde o pós-modernismo. Entre os livros dela, Ponciá Vivêncio, de 2003, é uma obra-prima, assim como Becos da memória, de 2017, em que tematiza uma realidade de fome, miséria e frustrações, com o preconceito sempre presente, de forma escancarada ou subliminar, no cotidiano. O lirismo, em meio a todo o contexto de dor, é uma das grandes marcas a cativar o leitor.
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Elisa Lucinda e as vozes guardadas
Nome e rosto conhecido da TV no País, a carioca Elisa Lucinda equilibra, aos 64 anos, uma trajetória em que mescla o jornalismo com a condição de cantora e atriz e igualmente com a publicação de poesia, crônica, narrativa, textos para espetáculos teatrais e literatura infantil. Os versos de Vozes guardadas, de 2016, dão uma dimensão bastante ampla do olhar e do estilo criativo da autora. Já o romance Livro do avesso: o pensamento de Edite, de 2019, permite inferir sua construção de enredo ficcional. Tem como característica imprimir, também nos romances, uma musicalidade presente na poesia, e, entre as temáticas, naturalmente, estão a condição de mulher negra, lutando contra o preconceito e buscando a realização pessoal.
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