Quase quatro anos para acabar com a fila de espera para cirurgias

Se a partir de hoje mais nenhum paciente entrasse na fila, ainda seriam necessários quatro anos para acabar com a espera para cirurgias de alta complexidade na região, a maioria na área de traumatologia. Dados da Secretaria de Saúde de Santa Cruz do Sul indicam que, ao todo, 521 pessoas – oriundas de 25 municípios da 8ª e da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde – precisam fazer o procedimento. O problema é que apenas 11 cirurgias são realizadas por mês e, caso o número de novos pacientes que passam a integrar a fila siga nesse ritmo, a tendência é que a espera só aumente. 

O assunto virou pauta da reunião da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) realizada pouco antes da abertura da Exposin, em Sinimbu, na sexta-feira. Na oportunidade, a secretária de Saúde de Santa Cruz, Renice Vaccari, propôs que os municípios arquem com os custos de, pelo menos, mais dez cirurgias por mês. “Essa demanda é alta no País inteiro e surge porque a população está envelhecendo e, por consequência, sofrendo mais problemas de articulações.” Segundo a secretaria, a maioria de pedidos de cirurgias está relacionada a diagnósticos no joelho e quadril. 

 Romeu Seibert aguarda procedimento nos quadris há seis anos. Foto: Bruno Pedry.

Exemplo de quem está na fila e espera para receber um tratamento digno é Romeu Seibert, de 66 anos. Morador de Linha Dona Josefa, interior de Vera Cruz, o agricultor sofreu deslocamento de quadril em 2011 e aguarda pelo procedimento há seis anos. “O problema iniciou no lado esquerdo, mas agora também atingiu o direito. É difícil caminhar, trabalhar, dirigir e até dormir. Passo à base de remédios para sentir menos dor, mas a sensação é de que fica cada vez pior.” Segundo Seibert, que hoje trabalha com produção leiteira, desde que foi diagnosticado a sua produtividade no campo diminuiu consideravelmente. “Não bastasse todo esse transtorno, o emocional também fica abalado. Às vezes acho que nunca vou conseguir. Não é nada fácil viver com isso”, desabafa.

Fila por município

13ª CRS 
(Região do Vale do Rio Pardo)

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Santa Cruz do Sul    152
Venâncio Aires    71
Vera Cruz    49
Rio Pardo    33
Candelária    22
Vale do Sol    20
Sinimbu    16
Pantano Grande    7
Passo do Sobrado    7
Gramado Xavier    3
Herveiras    2
Mato Leitão    2
Vale Verde    2

TOTAL    387

Cenário se arrasta há anos, diz secretária

Após o debate, ainda na sexta-feira quatro municípios concordaram em repassar mais recursos ao Hospital Santa Cruz (HSC), instituição autorizada a realizar os procedimentos na região . “Por enquanto Santa Cruz, Vera Cruz, Sinimbu e Vale do Sol concordaram, mas iremos definir uma nova reunião para debater o assunto”, complementou a responsável pela pasta da Saúde em Santa Cruz, Renice Vacari. 

A secretária da Saúde de Vera Cruz, Eliana Giehl, outra gestora que concordou com a necessidade de complementar os gastos com os procedimentos cirúrgicos de alta complexidade, afirmou que, caso aprovada, a medida passaria a minimizar as filas. “Mesmo não sendo uma obrigação do município é o nosso dever tomar alguma atitude para mudar esse cenário que se arrasta há anos. É desumano ver tantas pessoas, principalmente os idosos, não conseguirem se locomover porque não têm acesso a um tratamento adequado”, complementa. Os prefeitos sugeriram uma nova data para tratar de forma específica este caso, visto que o debate envolve, além do Hospital Santa Cruz, os gestores municipais e o Ministério Público Federal.