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‘Quanto mais escura a sua pele, mais perigoso é’, diz Emicida

O músico Emicida participou do programa Domingão do Faustão nesse domingo, 14, e falou sobre racismo, violência doméstica e a pandemia do novo coronavírus. O rapper citou as mortes de Miguel e João Pedro e destacou a importância de olhar para os “casos domésticos” de racismo no Brasil.

Perguntado sobre o assassinato de George Floyd por um policial nos Estados Unidos, que deu origem a vários protestos contra o racismo, o rapper destacou que “a gente está tratando de contextos diferentes, embora a opressão racial esteja presente nas duas realidades (brasileira e estadunidense)”.

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Ele observou que a sociedade brasileira ainda lida com o racismo de forma superficial, achando que é problema de outros países, e com o mito de uma “democracia racial”, ou seja, uma igualdade racial no Brasil. “Uma nova geração emerge e traz à tona um discurso de que não, a gente não vive uma democracia racial, a gente vive um estado de emergência, desespero, muito perigo, e quanto mais escura a sua pele, mais perigoso é”, comentou o músico.

Emicida considera que o caso George Floyd gerou uma reflexão em diversos países acerca da estrutura racista e de como as pessoas podem estar contribuindo inconscientemente com ela. Sobre o caso Miguel, o menino que estava aos cuidados da patroa de sua mãe e morreu ao cair do 9º andar em Pernambuco, o músico trouxe uma reflexão: “Por que uma pessoa em pleno gozo das suas faculdades mentais abandona uma criança de cinco anos dentro de um elevador? Porque ela não consegue reconhecer nem a humanidade da criança e nem a necessidade de cuidado, porque ela acha que esse cuidado é só para quem parece com ela”.

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O rapper também falou sobre os problemas do trabalho infantil e da violência doméstica, que tem crescido no contexto da pandemia do novo coronavírus. “A violência contra a mulher ainda faz parte da nossa realidade. Nesse momento em que estamos reclusos em casa, muitas mulheres estão trancadas com seus agressores”, observou ele.

Em quarentena com a mulher e as duas filhas, Emicida falou com Faustão da importância de derrubar o estereótipo do homem como uma pessoa que não é sensível: “A gente também é muito sensível como homem, mas a gente é incentivado a não mostrar isso”. Ele destacou que isso gera cargas de estresse, outras doenças mentais e até explosões violentas.

“Todas as pessoas estão sujeitadas a se contaminar com a Covid-19, mas nem todas as pessoas podem se tratar após se contaminar”, observou Emicida, destacando que os abismos socioeconômicos ainda se mantêm e precisam ser discutidos.

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Na conversa com Faustão, Emicida concluiu que ainda há um “caminho muito longo para a gente chegar a um lugar em que a gente se orgulhe como sociedade”, e que esse caminho está sendo construído aos poucos, “tijolinho por tijolinho”.

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