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Quanto estão ganhando?

O conteúdo da delação premiada de Claudio Melo Filho, ex-executivo da empreiteira Odebrecht, que acaba de ser divulgado pela imprensa, não deixa nenhuma margem de dúvida: o Congresso Nacional é um balcão de negócios, onde deputados e senadores trabalham não para a população, sequer a seus eleitores mas para empresas que lhes repassam, sistematicamente, gordos proventos. Projetos de lei e medidas provisórias são objetos de “compra e venda” em transações milionárias. Matéria de capa da revista Veja desta semana revelou que, para a aprovação em 2013 da Medida Provisória 613, sobre questões tributárias da indústria petroquímica, a Odebrecht concedeu um generoso “apoio financeiro” de R$ 7 milhões a três senadores: Romero Jucá, Eunício Oliveira e Renan Calheiros, todos do PMDB de Michel Temer. 

Essa foi apenas uma das muitas negociatas contadas por Melo Filho – e, seguramente, muitas outras serão reveladas no decorrer da “delação do fim do mundo” para a Operação Lava Jato. Diante disso, parece justa a pergunta: o que todas essas reformas “inadiáveis” que estão sendo empurradas pelo governo com uma rapidez fora do comum – a PEC do Teto, a reforma previdenciária e, daqui a pouco, o pacote de mudanças na legislação trabalhista – devem representar em ganhos financeiros para seus proponentes? Quanto os parlamentares estão ganhando para isso? Se uma MP custa R$ 7 milhões, quanto será que vale uma PEC? Deve ser mais cara.   

O governo calcula que, com as mudanças no acesso à aposentadoria, a redução de gastos deverá ser de R$ 740 bilhões em dez anos. Segundo estimativa da ONU, feita ainda em 2015, a corrupção faz “desaparecer” R$ 200 bilhões por ano no Brasil. Com esse valor, calcula-se que os investimentos em saúde e educação poderiam ser triplicados. Numa projeção de dez anos, quanto poderia se economizar simplesmente estancando a sangria imoral de recursos públicos?

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No entanto, o governo prefere empurrar “goela abaixo” dos brasileiros um projeto que congela investimentos em saúde por pelo menos duas décadas – em um País no qual hospitais fecham as portas por falta de dinheiro e pessoas chegam a morrer na fila de espera de cirurgias – e, pior ainda, uma reforma da Previdência segundo a qual, para ter direito a aposentadoria integral, o sujeito terá que trabalhar 49 anos. Ora, quem consegue permanecer tanto tempo ocupado, em um cenário de instabilidade de emprego cada vez maior? Muito mais fácil é morrer antes, algo que todo mundo – ou quase – já se deu conta. Como imaginar que alguém pode permanecer ativo até 70 ou 80 anos, quando se sabe que, para quem tem apenas 50 anos, muitas portas são fechadas porque essa pessoa é considerada “velha”? Isso não seria o mesmo que condenar idosos à morte?

Quanto vocês estão ganhando para fazer isso?

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