Uma boa quantidade da água subterrânea encontrada na região e consumida pela população tem quantidade inadequada de flúor. A medição da fluoretação é feita pela Central Analítica da Unisc desde 1994. Tanto a falta quanto o excesso do mineral podem acarretar risco para as pessoas. Em entrevista à Rádio Gazeta, o diretor de Extensão, Pesquisa, Pós-Graduação e Stricto Sensu da Unisc, Adilson Bem da Costa, disse que a água coletada e analisada na região central do Estado tem até três vezes mais flúor do que o recomendado.
No Rio Grande do Sul, conforme explicou, dado o nível de consumo de água por habitante, o valor ideal fica entre 0,7 e 0,9 miligramas por litro. “Nós encontramos aqui na região poços na ordem de 2 a 3 miligramas por litro. Arredondando, três vezes acima do limite máximo. Tem alguns casos mais extremos, que o nível chega próximo a dez vezes o limite máximo permitido ou recomendado”, detalhou.
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A instalação de poços artesianos tem sido uma alternativa de acesso à água na região contra a estiagem. No entanto, um dos desafios é a qualidade da água subterrânea. “Três, quatro miligramas de flúor por litro é um nível baixo para que seja possível sentir gosto na água. Então, dificilmente, se observa isso de forma sensorial.” A fluoretação da água tratada é lei no Brasil como medida profilática contra cáries dentárias.
Adilson alerta, porém, que o flúor em excesso é um problema. “O flúor em níveis adequados é um importante agente de saneamento, que protege os dentes da cárie dental; em níveis adequados, é fundamental como política de saúde pública. Em níveis elevados, ele provoca uma doença chamada fluorose dental, caracterizada pelo surgimento de manchas ou estrias esbranquiçadas, ou, em casos mais graves, de tom marrom”, explicou.
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Ciente dos níveis inadequados de flúor na água da região, a Unisc, desde 1996, vem investindo esforços no desenvolvimento de um sistema eficiente e de baixo custo, capaz de reduzir a concentração do mineral na água de abastecimento até valores adequados ao consumo humano. “Um modelo compacto é um filtro de seis litros, de material adsorvente, que adsorve o flúor de forma muito seletiva, removendo basicamente só o flúor e deixa a água com as propriedades naturais intactas. É para instalar na cozinha de residências, em bebedouros de escolas, para consumo direto.”
Há outro sistema, porém, um pouco maior, voltado para comunidades. “Nós estamos com um projeto com a Corsan, que está em fase de desenvolvimento, para tratamento coletivo. Consegue tratar água de uma comunidade de até 500 pessoas”, adiantou.
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Os filtros desenvolvidos pela Unisc são compostos de carvão ativado de ossos de animais. “A lógica é bastante simples: o flúor provoca doenças por se depositar na estrutura óssea; então a gente faz uma filtragem numa estrutura óssea calcinada, normalmente usada para refino de açúcar. Esse é um processo para filtros de pequeno porte, residenciais. Para os filtros maiores, tem uma reação química que a gente promove, que é mais eficiente e mais caro”, pontuou.
O objetivo é disseminar a tecnologia na região através de parceria com as prefeituras. “Estamos com uma certa dificuldade com a questão de importação de equipamentos e materiais. Com essas crises mundiais, a guerra na Ucrânia, estão nos prejudicando muito, porque vem da China os materiais usados para montar os filtros. Então, ainda estamos com esse problema de logística, mas estamos firmando parcerias com prefeituras da região”, finalizou.
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