Não importa o quanto é jovem agora, você vai envelhecer. Mais rápido do que imagina, um dia vai perceber que seu passado é mais vasto do que o futuro. E não há nada de errado nem terrível nisso, é o ciclo da existência. Temos prazo de validade, então tratemos de aproveitá-lo bem. Cada época da vida traz vantagens e desvantagens.
Digo essas coisas para lembrar que hoje é o Dia Internacional do Idoso, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1990. Ocasião propícia para também recordar o que diz o Estatuto do Idoso, lei federal, especialmente o artigo 3º: “É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”.
Quando a idade avançada chegar para você, torça para viver em um Brasil que respeite essa lei. Porque, no momento, a situação ainda precisa melhorar muito. De acordo com dados do Disque 100, do governo federal, houve mais de 33,6 mil denúncias de violação de direitos dos idosos no primeiro semestre deste ano. Ao longo do ano passado, foram 48,5 mil casos em todo o País. São crimes de maus-tratos, negligência, abandono, tortura, exploração financeira, muitas vezes cometidos por filhos das vítimas e outros familiares.
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Sem falar nos abusos praticados em supostas “casas de repouso”. Há poucos dias, a Polícia Civil indiciou duas voluntárias por supostos maus-tratos, tortura e racismo em um lar de Santa Maria. A instituição abriga 160 mulheres e é considerada o maior abrigo de idosos do Rio Grande do Sul. Triste saber que situações como essa não são raras.
Não deixa de ser reflexo de uma visão de mundo na qual o idoso é um “peso”, alguém que “não tem mais para oferecer” à sociedade. Mas espero que, quando envelhecer, você tenha direito a uma aposentadoria digna após trabalhar a sua vida inteira. E a um sistema de saúde que o trate como ser humano. Pois é o mínimo que qualquer pessoa merece, quando envelhecer.
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