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Quando minutos valem um ano

Família reunida. Cada um fazendo a sua parte para aprontar o almoço de domingo. É mais um dia comum e tradicional na vida interiorana de Santa Cruz do Sul. O momento, no entanto, ficou indigesto; o que era motivo de alegria e consagração virou tristeza e frustração.

O céu, que tinha poucas nuvens durante o início do dia, passou a estar carregado, a sensação era de um anoitecer por volta do meio-dia. A chuva marcaria presença. Ela era esperada com ansiedade por quem planta.

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A precipitação desejada, porém, transformou-se em preocupação. Alguns minutos de ventos fortes e granizo fizeram com que um ano de trabalho acabasse em folhas de tabaco trituradas jogadas ao chão.
Caminhando pela lavoura, o produtor olha o horizonte e não para de pensar nas consequências do temporal de domingo. Uma pequena parte havia sido colhida, aquela que representa menor pesagem e menor ganho. O “ouro” ainda estava à espera do árduo trabalho. Se a condição climática tivesse esperado mais duas semanas, a situação seria outra. A colheita apresentava-se excelente, com bons resultados à vista.

Em meio à desolação, as tentativas de amenizar as consequências. Estava preocupado com a possibilidade de faltar lenha para secagem do tabaco; agora, já enxergava que iria sobrar. É a forma de ver o copo meio cheio, quando tudo indica meio vazio.

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A solução é levantar a cabeça, planejar o próximo ano e esperar que o clima colabore. É claro que há o imprescindível recurso do seguro, que deve dar um suporte especial na questão financeira, mas não se trata apenas de dinheiro. Observar a lavoura tombada é ver pelo chão a esperança de um grande ano, é sentir que todo o trabalho, que o investimento e o tempo empregado, junto à técnica, foram em vão. E não há uma solução aparente. Resta reforçar a torcida para que as condições climáticas sejam mais favoráveis.

E, como uma tradição entre os brasileiros, mais uma vez, são os vizinhos e familiares aqueles que ajudam de forma mais imediata. Podendo ficar em casa a reclamar do que havia acontecido, o produtor corre para as propriedades próximas e auxilia na rápida retirada daquelas folhas que ainda podem ser aproveitadas pelos amigos.

No próximo ano, a rotina recomeça. A terra é preparada, as mudas plantadas, o sonho renovado de que a colheita será muito boa e de que a chuva venha calma, que venha como Gal Costa cantou: “Chuva de prata que cai sem parar”. Ou como O Rappa suplicou: “Pedi pra chover, mas chover de mansinho, pra ver se nascia uma planta no chão”; ou como Saia Rodada, apenas para “tomar um banho de chuva, um banho de chuva”.

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Guilherme Bica

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Guilherme Bica

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