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Quais são os riscos do descarte irregular do óleo

Um dos vários produtos considerados vilões para a natureza é o óleo de cozinha, também conhecido como óleo saturado, que, ao ser descartado de forma incorreta, pode provocar danos severos ao meio ambiente. Eles vão desde a impermeabilização do solo até a poluição hídrica.

De acordo com especialistas, apenas um litro jogado pelo ralo é suficiente para contaminar um milhão de litros de água potável. Para minimizar os impactos, diversas ações são efetuadas, como o reaproveitamento do óleo na fabricação de sabão caseiro e ainda como matéria-prima para a produção de biodiesel.

Desde 2010, o Programa de Óleo Saturado da Afubra, que consolida a iniciativa na educação e na preservação ambiental, já coletou mais de um milhão de litros por meio de escolas e instituições cadastradas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Só no ano passado foram 191.550 litros.

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Das dez instituições que mais coletaram em 2019, a Associação Diocesana de Santa Cruz (Asdisc) ficou em segundo lugar, com 5.545 litros. Em primeiro ficou o Colégio Galileu, de Ituporanga, em Santa Catarina, com 7.699 litros. O óleo recolhido é enviado à Usina de Biodiesel da Afubra, localizada no Parque da Expoagro Afubra, em Rio Pardo, onde é transformado em biodiesel e usado como combustível em veículos da entidade.

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O gerente de Produção Agroflorestal da Afubra, engenheiro florestal Juarez Iensen Pedroso Filho, explicou os impactos que o descarte inadequado de óleo saturado pode causar ao meio ambiente. “O descarte individual incorreto passa a ser um problema social. O óleo é extremamente nocivo e, ao ser jogado ao solo, causa impermeabilização e dificulta a infiltração da água”, ressaltou.

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“Quando disperso no ralo ou diretamente no manancial, ao chegar ao recurso hídrico, altera as propriedades da água e acelera os processos de eutrofização, ocorrendo aumento na concentração de nutrientes como fósforo e nitrogênio. Com isso, há redução de algumas espécies aquáticas e a proliferação de algas em barragens e reservatórios.”

A situação de quarentena, com as escolas fechadas, fez com que o volume de óleo coletado tivesse redução de 50%. “Nosso maior volume de óleo mobilizado é de uso doméstico. A redução de atividades em restaurantes, padarias e outros estabelecimentos também influenciou.” Instituições e escolas cadastradas no programa, em contrapartida, recebem um bônus por litro coletado.

Ao fim de cada ano, o valor pode ser trocado por mercadorias nas lojas da Agro-Comercial Afubra para uso da instituição. Paga-se R$ 0,50 por litro. “ Temos um vínculo com as instituições que vai além de coletar; é conscientizar pessoas a reciclar e a fazer parte dessa cadeia”, explicou Juarez.

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OUTRAS FORMAS

O óleo de fritura usado em restaurantes, bares, lanchonetes e cozinhas industriais em volumes maiores pode ser destinado à empresa Faros Indústria de Farinha de Ossos Ltda., de Cruzeiro do Sul. Atualmente, a empresa possui uma carta de 40 clientes no município e recolhe mensalmente 3 mil litros de óleo saturado, em média.

Um de seus maiores clientes é o Miller Supermercados. O gerente financeiro do Miller, Paulino Gilmar Lizza Dalprá, explica que o processo de destinação atende a uma determinação da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). “São exigências legais para o funcionamento, para evitar o lançamento de óleo de cozinha no esgoto pluvial e em outros locais”, salientou.

A Peixaria Santa Cruz entrega o óleo saturado para a mesma empresa. Após 33 anos de atividades, o proprietário Orlando Moraes conta que, desde que o estabelecimento foi aberto, optou pela destinação correta do resíduo. “A gente sempre utiliza bastante azeite devido às frituras do peixe. Antes eu destinava a uma outra empresa, mas, por motivos de logística, e para não deixar acumular, resolvemos mudar”, frisou.

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O óleo periodicamente recolhido pela Faros vai servir para reciclagem e, mais tarde, à transformação de resíduos industriais em matéria-prima para fabricação de novos produtos.

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Foto: Rafaelly Machado

ONDE DESCARTAR

Afubra
A comunidade pode fazer doações junto às escolas e às instituições cadastradas no Programa de Óleo Saturado da Afubra que possuem pontos de coleta. Durante o período de isolamento social, a comunidade pode realizar a entrega diretamente no setor do Projeto Verde é Vida, na loja Matriz da Afubra. O óleo deve estar acondicionado em garrafas pet.

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Coomcat
Desde o início do ano, a Cooperativa de Catadoras e Catadores de Santa Cruz do Sul faz o recolhimento. As doações voluntárias podem ser entregues no prédio localizado na Rua Venâncio Aires ou na Usina Municipal de Triagem, no Bairro Dona Carlota. Também é possível entregar o produto diretamente no caminhão que circula pelos bairros.

Faros
A Faros Indústria de Farinha de Ossos Ltda., de Cruzeiro do Sul, também faz a coleta de material em pelo menos 40 estabelecimentos comerciais de Santa Cruz. O óleo é vendido por litro. O contato é feito pelo fone (51) 3714 9800.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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