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Quais são os principais desafios de Desbessell ao assumir a Câmara

É em meio a um dos piores momentos da história da Câmara de Santa Cruz do Sul que Elstor Desbessell (PTB) tomará posse como presidente em 1º de janeiro. Eleito nessa terça-feira, 17, pela maioria governista, ele terá como desafio número um resgatar a credibilidade do Legislativo após sucessivas denúncias de irregularidades e lidar com possíveis desdobramentos de investigações envolvendo vereadores ao longo de 2020.

A eleição de Desbessell ocorreu passados pouco mais de seis meses da prisão do então vereador Paulo Lersch, uma situação sem precedentes no município. Lersch, que acabou renunciando ao mandato, foi acusado de liderar um esquema de captação de salários de servidores.

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A mesma acusação levou à instauração de inquéritos pelo Ministério Público contra pelo menos outros três atuais vereadores – um deles, Elo Schneiders (Solidariedade), já é alvo de duas ações na Justiça protocoladas nas últimas semanas. Nos bastidores da Câmara, não se descarta a possibilidade de vereadores serem afastados por decisões judiciais no ano que vem.

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Em entrevista à Rádio Gazeta nessa terça após a vitória, Desbessell reconheceu que este é um momento “nebuloso” para a Câmara e informou que pretende fazer visitas oficiais ao MP e ao Fórum para colocar-se à disposição. “Tentar resgatar a imagem do Legislativo, que está arranhada, é um desafio. E não vai ser fácil”, admitiu. Embora tenha garantido que não pretende interferir no trabalho do MP, também disse que pretende “primar pela independência dos poderes”.

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O PLACAR
Chapa governista
– Elstor Desbessell (PTB), Luís Ruas (PTB),Bruna Molz (PTB), Ari Thessing (PT), Gerson Trevisan (PSDB), Alceu Crestani (PSDB), Elo Schneiders (Solidariedade), André, Scheibler (Solidariedade) e Marcelo Diniz (DEM).
Chapa de oposição – Carlão Smidt (PTB), Mathias Bertram (PTB), Zé Abreu (PTB), Hildo Ney Caspary (PP), Edmar Hermany (PP), Alberto Heck (PT), Bruno Faller (PDT) e Alex Knak (MDB).

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Salário de vereador e aluguel da sede na pauta
Além das denúncias envolvendo vereadores, o presidente eleito terá que lidar com pelo menos dois temas espinhosos no ano que vem. Um deles é a definição dos salários dos vereadores e do prefeito para a próxima legislatura, que precisa sair até 4 de outubro, quando ocorrem as eleições municipais.

A discussão tende a ser polêmica: de um lado, a pressão da sociedade para que não haja aumento de gastos públicos; de outro, uma insatisfação crescente entre os vereadores com o subsídio atual. O incômodo é pelo fato de alguns assessores ligados à Mesa Diretora terem salários que chegam a R$ 9,2 mil, muito próximo ao subsídio dos vereadores (R$ 9,6 mil). Isso ocorre porque os vencimentos dos CCs são reajustados anualmente, junto com os servidores municipais, enquanto o salário dos parlamentares é fixado apenas de quatro em quatro anos.

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Outro assunto que retornará à pauta é a sede da Câmara. Depois de fracassarem as tentativas dos dois presidentes anteriores – Bruna Molz (PTB) e Bruno Faller (PDT) – de tirar do papel o antigo projeto de um espaço próprio para o Legislativo, Desbessell terá pela frente a decisão de renovar ou não o contrato de aluguel do prédio atual, que vence ainda no primeiro semestre.

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Após a votação dessa terça, Desbessell descartou a possibilidade de construção de um novo prédio por se tratar de ano eleitoral. Segundo ele, a ideia é dar início à discussão já na abertura do ano.

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“É o PTB que está colocando o Elstor para fora”
A eleição de Desbessell marca um realinhamento na sua relação com o governo Telmo Kirst (PSD) após ter integrado a tropa de choque da oposição durante quase sete anos. Desde 2013, foi uma das vozes mais críticas à gestão na tribuna, sobretudo à época da votação da Lei dos Vales, em julho do ano passado.

O acordo com o Executivo antecipa a sua saída do PTB, que deve ocorrer em março, quando migrará para o PL (antigo PR). O partido, que lançou Desbessell como pré-candidato a prefeito, está alinhado com o grupo de legendas que orbitam Telmo. Após a votação, Telmo recebeu os vereadores que elegeram Desbessell no Palacinho. O grupo chegou a posar com o prefeito para uma foto na Praça da Bandeira na qual Telmo e o presidente eleito aparecem apertando as mãos.

Desde que o governo conquistou o comando da Câmara, em 2014, os presidentes têm sido aliados decisivos para Telmo em discussões polêmicas, já que o Regimento Interno atribui ao presidente o poder de desempatar votações. Na entrevista de ontem, Desbessell negou qualquer compromisso de apoio automático a pautas do Executivo e garantiu que não dará voto a projetos que prejudiquem o funcionalismo ou aumentem carga tributária, mas também não descartou votar a favor de propostas governistas. “Não tenho nenhum cargo no Município e nenhum projeto com o governo. Mas se for para o bem da comunidade, por que não?”, questionou.

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Desbessell também rebateu críticas por conta de sua aproximação com o governo. “A política está mudando. Veja o PP e PTB, que foram adversários durante 30 anos e agora podem concorrer juntos”, argumentou. O vereador falou ainda sobre seu rompimento com o PTB e disse que está sendo forçado a deixar a legenda já que, segundo ele, há pelo menos meio ano vem sendo alijado das discussões internas. “Não sou convidado para mais nada. Partido político tem que ser democrático. Não é o Elstor que está saindo do PTB, é o PTB que está colocando o Elstor para fora”, criticou.

Quem é
Atualmente no segundo mandato de vereador, Elstor Desbessell iniciou a carreira política no MDB. Filiou-se ao PTB no início dos anos 2000, a convite do ex-deputado federal Sérgio Moraes, de quem foi próximo durante vários anos.

Elegeu-se pela primeira vez em 2012, após ter sido durante quatro anos secretário da Fazenda no governo Kelly Moraes (PTB). Também comandou a pasta durante o governo Sérgio. Economista por formação e estudante de Direito, Desbessell é servidor de carreira do Município. No momento, está lotado na Junta Militar.

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