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Quais são os desafios da fumicultura atualmente

Frear as investidas antitabagistas, combater o contrabando e disseminar a compreensão sobre a relevância da cadeia produtiva do tabaco para a economia. São esses, segundo o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Iro Schünke, os maiores desafios do setor atualmente. A declaração foi feita ontem pela manhã, na abertura do Agro-Phyto, encontro internacional organizado pelo Centro de Cooperação para Estudos Científicos em Tabaco (Coresta), que este ano ocorre em Santa Cruz do Sul.

Embora seja um evento de caráter técnico-científico, a programação começou com uma exposição de Schünke na qual traçou um panorama sobre a produção fumageira no Brasil. Ao ser questionado pelo vice-presidente da comissão científica do Coresta, Lea Scott, sobre o que desafia a cadeia hoje, o dirigente destacou a necessidade de os governos e a opinião pública compreenderem o que a cultura do tabaco representa para o País. “A cadeia do tabaco não se comunica bem. Mesmo aqui na região, a maioria das pessoas não sabe o que o tabaco representa”, disse.

A expansão do contrabando de cigarros nos últimos anos e a concorrência desleal com a indústria regular – que já levaram até ao fechamento de uma fábrica da Souza Cruz, no ano passado – também foram citadas por Schünke. Hoje, o comércio ilegal responde por nada menos que 45% do mercado, o que ele classificou como “espantoso”. 

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Schünke comentou ainda sobre as restrições impostas à cadeia a partir da influência de movimentos voltados à diminuição do tabagismo em escala mundial, que dificultam o diálogo da cadeia com certos setores do poder público. “Os ataques são cada vez maiores. Precisamos reduzir o grande número de recomendações contra a produção de tabaco”, afirmou.

Qualidade de vida

Dentre os dados apresentados por Iro Schünke em sua fala, um em especial, que diz respeito à qualidade de vida dos produtores de fumo, chamou a atenção do auditório central da Unisc. Segundo uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), enquanto apenas 21,5% da população brasileira integra as classes A e B. Já entre os fumicultores do Estado, esse percentual chega a 80,4% – o que é reflexo da renda proporcionada pelo tabaco, superior à maioria dos produtos agrícolas. “A vida dos produtores de tabaco no campo é muito boa”, disse. Apenas na Região Sul, a receita gerada aos produtores chega a R$ 6,09 bilhões por ano. Ainda que o tabaco ocupe em média 17% da área das propriedades, a sua participação na renda das famílias produtoras chega a mais de 50%.

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Diante de uma plateia formada por mais de 250 pesquisadores vindos de 22 países, Schünke apresentou as credenciais da fumicultura no Brasil – que é o segundo maior produtor do planeta (atrás apenas da China) e líder mundial em exportações há 24 anos – e nos três estados do Sul, onde se concentra 98% da produção brasileira, com 150 mil propriedades. Os números também deixam claro o impacto sobre as contas públicas: a arrecadação em impostos com o setor chega a R$ 13,9 bilhões.

“É preciso observar a perspectiva social”

Apesar das conhecidas resistências de setores do governo federal em relação à produção de tabaco, o superintendente do Ministério da Agricultura, Bernardo Todeschini, que também palestrou, fez elogios à organização da cadeia e reconheceu não só a qualidade do tabaco brasileiro como o que a cultura representa em termos de inclusão social. 

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Após o evento, Todeschini disse ser possível conciliar as políticas voltadas à saúde pública com a manutenção da cadeia. Segundo ele, é preciso observar a “perspectiva social” e o fato de a fumicultura ser importante para a subsistência da atividade agrícola. “Essas características são extremamente relevantes. São pessoas que efetivamente se mantêm no campo”, disse. Ainda de acordo com ele, embora as ações de redução do tabagismo sejam importantes, é necessário considerar o expressivo volume de exportações no setor. “Em comércio internacional, só é exportado algo que alguém quer comprar. Existe um mercado, e essa é a principal pauta. O que merece atenção é o comportamento do mercado internacional”, disse. 

A programação

O Agro-Phyto segue até quinta-feira com sessões de trabalhos e workshops. Para esta terça-feira, estão previstas apresentações sobre práticas de produção, cruzamentos moleculares e nutrientes, sempre no auditório central da Unisc.

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