Dez dias após os vereadores do PT em Santa Cruz do Sul fecharem uma aliança com os partidos que compõem a base de apoio ao prefeito Telmo Kirst (PP), o diretório municipal da legenda tomou uma decisão que vai na direção contrária. Em reunião na noite de quarta-feira, a sigla definiu que seguirá na oposição.
Em uma nota emitida após a reunião, o partido “reafirma sua posição de oposição ao governo” e classifica como “um erro” e “unilateral” a negociação feita pelos vereadores Ari Thessing e Paulo Lersch com o grupo governista na Câmara. Pede ainda que os parlamentares mantenham “diálogo permanente” com as instâncias partidárias. Ao todo, 28 integrantes participaram da reunião. Thessing e Lersch, no entanto, não compareceram.
Segundo o presidente do PT no município, Renato Araújo, o entendimento predominante foi de que a aproximação com o governo do PP gera um conflito programático, já que os dois partidos historicamente estiveram apartados no campo ideológico. “O grupo entendeu que temos que manter uma independência, não necessariamente fazer uma oposição radical”, disse.
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Araújo também reconheceu que houve cobranças internamente quanto ao fato de a aliança na Câmara não ter sido previamente discutida no partido, mas alegou que a sigla vai respeitar a posição dos vereadores. Apesar disso, ele afirmou não ver com preocupação a cisão na sigla. “É um processo natural. Sempre vão existir pessoas que pensam diferente”, disse.
“Deveríamos ser prestigiados”, diz vereador
Procurado ontem à tarde, o vereador Ari Thessing disse que ainda não havia recebido comunicação oficial sobre a decisão do diretório e alegou não ter comparecido à reunião devido ao “clima tenso” no interior do partido. Thessing se disse surpreso com a posição em relação à aproximação com o Executivo. “Estão se posicionado sobre algo que não existe, porque até agora não houve convite para entrarmos no governo”, alegou. Thessing também criticou o fato de o diretório não ter apoiado o movimento dos parlamentares na eleição da Mesa Diretora. “Com a crise pela qual o PT está passando, deveríamos ser prestigiados por ter conseguido levar o partido à presidência da Câmara. De qualquer forma, os vereadores têm prerrogativa para isso.”
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Na mesma linha, Paulo Lersch, que foi eleito presidente pelo grupo governista, disse que respeita a posição do diretório, mas negou que isso crie algum constrangimento. “Continuo com a mesma posição. Fui eleito e tenho direito a tomar as minhas posições. Estou indo ao encontro da comunidade, que aprovou um governo com mais de dez mil votos de vantagem”, afirmou. Lersch disse que não foi à reunião porque estava em viagem.
Questionados sobre a eleição de março, ambos afirmaram que só vão se posicionar quando as chapas estiverem inscritas.
Thessing afirma que aliança foi boa para sigla
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Lersch diz que vai ao encontro da comunidade
Debate vai pautar eleição de março
Diante da divisão interna, a eleição do diretório do PT prevista para março vai virar, na avaliação de alguns integrantes, um plebiscito sobre a aproximação com o governo de Telmo Kirst. O presidente Renato Araújo admitiu que essa será uma das principais pautas da disputa e que, dependendo da composição eleita, o partido poderá tomar um rumo diferente do que decidiu na quarta-feira.
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Embora inicialmente a ideia fosse formar uma chapa de consenso, a discussão pode levar a uma disputa, já que um grupo de membros antigos se mobiliza para formar uma frente cuja defesa será a permanência na oposição. No grupo estão, por exemplo, os ex-vereadores João Pedro Schmidt, Rejane Henn e Alberto Heck, além do professor Ângelo Luz e do próprio Renato Araújo.
Em outra frente, o brigadiano aposentado Gilberto Carlos da Silva se mobiliza para encabeçar uma chapa e pode ter apoio de Lersch e Thessing, Outros nomes, no entanto, ainda devem surgir até o fim deste mês.
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