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Protesto reúne moradores ameaçados de despejo pelo Daer

Os olhares são de tristeza, raiva e confusão. As casas, compradas e com escrituras, não podem mais ser chamadas de suas. Eles são chamados de invasores, mas na realidade desembolsaram o pouco que têm para serem donos de suas moradias. As 18 famílias que já receberam ordens de despejo da justiça, em ações impetradas pelo Daer, residentes no trevo de saída para Candelária, possuem o mesmo problema que extrapola os trâmites judiciais: a falta de informações sobre toda a situação que os envolve. Para buscar uma resolução sobre o problema que se arrasta há anos, as famílias promoveram uma manifestação na quinta-feira, 18, a fim de chamar a atenção das autoridades competentes. Elas foram intimadas a desocupar suas casas em virtude de sentença judicial em processo movido pelo DAER, uma vez que as casas estão na faixa de domínio. Acompanhadas pelos vereadores Maxcemira Trevisan (PDT) e Valdecir Bilhan (PTB), as famílias mostraram faixas de com frases de indignação e questionaram os porquês de estarem sendo “despejadas”, sendo que se consideram donas dos lotes e a maioria não inflige a Legislação que prevê 20 metros de distância do asfalto. Conforme uma das moradoras, o antigo proprietário da área teria vendido lotes no local, mesmo depois de ter sido supostamente indenizado pelo Daer, quando da construção da ERS-400.

Conforme a vereadora Maxcemira de Pelegrin Trevisan, a manifestação teve como objetivo sensibilizar a comunidade para a problemática destas famílias, que se instalaram, alguns há mais de 30 anos, criando raízes com filhos, netos e familiares. “Precisamos que todos estejam cientes desta situação, pois é necessário cobrar dos órgãos competentes uma posição imediata”, comenta. “Fizemos um ofício e estamos indo na Defensoria Pública para pedir apoio à questão”, complementa.

“Somos moradores, não invasores”
Com a escritura do imóvel em mãos, o aposentado Gilson Hnti, é um dos moradores mais antigos do trevo de acesso a Sobradinho, estando no local há 33 anos. Conforme ele, depois de ter comprado um lote, os ex-prefeitos Adolfo José Brito e Lademiro Dors, em anos posteriores, realizaram a instalação de água e luz. Na época, não se tinha ideia de que o asfalto seria construído no local. “Em 1989, começaram a construção e os problemas já começaram na década de 90. Quase todos aqui já receberam uma ordem de despejo, mas não podem nos tirar daqui. É a nossa casa. Não temos para onde ir”, argumenta Hnti.

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Já a dona de casa Neli de Brito destacou que começou a morar no local em 1997, tendo comprado um lote no valor de R$ 6 mil. Quando começaram a entregar as ordens de despejo, ela entrou com um processo para a realização da medição correta do asfalto até a sua casa. No dia 24 de julho de 2015, o Daer mediu a área e verificou que está com mais de 30 metros de distância do asfalto. “Fiquei tranquila. Porém, quando recebi a ordem de despejo, a qual pedia para a gente sair da casa até o dia 24 de abril, fiquei desesperada”, comenta. “Vamos ficar todos. Ou todos saem ou ninguém sai”, complementa.

O casal Glênio Fernando Pereira e Josiane Hudson, que também foram notificados, estão tomados por dúvidas e apontamentos: “Se houve uma indenização paga por estes terrenos, queremos saber quem a recebeu. Segundo, o que eles querem construir nesta área e a quem pertence de fato esse local se as nossas escrituras não valem? Que tipo de critério é usado para a medição destes locais, pois a gente já recuou a casa e ainda entregaram esta ordem a nós”, questiona veemente Glênio. Josiane explica que, desde o começo, quando iniciaram a entrega das ordens de despejo, já em 1994, ninguém foi até o local para explicar a situação aos moradores. “Queremos que o Daer e a justiça venham até aqui e nos mostrem o que estamos fazendo de errado. Estamos cansados destes desmandos. Não posso mexer na minha casa, e não sinto que ela seja minha. Estou muito triste com essa situação que vem se arrastando há tempos”, comenta. “Querem nos enfraquecer, entregando ordens de despejo a cada um, em espaços de tempo diferentes, quase uma tortura psicológica”, complementa Josiane.

Busca de solução
A Administração de Sobradinho vem buscando uma alternativa viável para os moradores do trevo de acesso ao município há algum tempo. Porém, até o momento, ainda não houve nenhum acerto com os moradores, porém já foram feitas tratativas com o Daer.

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Foto: Emanuelle Dal-Ri

 

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