Até o fim do mês deverá ser feito o abate sanitário do restante dos bovinos de leite de uma propriedade de Vale do Sol, onde foi constatado um foco de tuberculose bovina há cerca de um mês. No local havia em torno de 70 animais, dos quais 29 tiveram exames com resultado positivo para a doença e foram abatidos em Westfália, no fim de julho. Os demais também foram submetidos a testes, que deram negativo. No entanto, como o número dos que contraíram a doença foi alto e o ambiente está contaminado, foi decidida a realização do vazio sanitário, com o abate de todos os animais.
Conforme Rodrigo Etges, do Programa de Controle da Tuberculose e Brucelose da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi), a bactéria da tuberculose é muito resistente e contamina o ambiente. O proprietário aceitou o vazio sanitário. Assim, ele conseguirá a limpeza da propriedade de forma mais rápida e o foco será eliminado. A descoberta aconteceu quando o produtor foi vender dez bovinos. Nesses momentos, são feitos testes de tuberculose e brucelose. Como um dos animais teve resultado positivo para a doença, foi efetuada a verificação também nos outros.
O técnico agrícola da Inspetoria Veterinária de Vera Cruz, Daniel de Bastos Menezes, ressalta que o produtor, por ficar sem os animais, é indenizado pelo Estado. A propriedade está interditada, condição na qual ficará até o abate do restante do gado. Depois, haverá desinfecção do campo e das instalações e o imóvel será mantido em vazio sanitário por oito meses. Passado esse período, a terra poderá ser repovoada, conforme Etges.
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A tuberculose bovina é provocada pela Mycobacterium bovis. A médica veterinária Ana Cláudia Groff, da Seapi, explica que o bovino geralmente contrai a bactéria através do contato direto com um animal positivo, por via respiratória ou via digestiva – pela ingestão de alimento, de pastagem ou água contaminados. Ana Cláudia salienta que essa doença é preocupante porque, além de causar prejuízo econômico, também afeta a saúde pública por ser uma zoonose – moléstia que pode ser transmitida dos animais para os seres humanos.
A transmissão para as pessoas se dá pela ingestão de leite e derivados crus, provenientes de vacas infectadas, ou pelo contato com animais doentes. No entanto, nos seres humanos, essa moléstia tem cura. Menezes ressalta a importância de as pessoas consumirem apenas produtos com origem, inspecionados. “O leite tem que ser pasteurizado. Por isso se faz questão da fiscalização contra a venda de leite in natura”, salienta o técnico.
Mais de 300 focos
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O nome do proprietário do imóvel rural onde o foco foi descoberto e a localização exata da propriedade não foram divulgados. A medida visa preservar o produtor. “Não há motivos para divulgar. O produtor não é culpado”, salientou Rodrigo Etges. “Há mais de 300 focos ativos no Estado. A tuberculose bovina existe no Rio Grande do Sul. Não é uma doença exótica que está entrando no Estado. Tem que ficar controlando”, acrescentou.
A veterinária Ana Cláudia Groff explica que a doença, atualmente, ocorre em menos de 1% dos bovídeos do Estado. Daniel Menezes frisa que a prevenção inclui o manejo adequado dos animais, para evitar que venham a ser contaminados.
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