Os principais cartolas da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) dividiam subornos de US$ 20 milhões (R$ 63,5 milhões) para vender os direitos de comercialização de cada edição de Copa América, segundo investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O valor é cinco vezes maior do que a premiação para o time campeão da edição de 2015, que começa dia 11 de junho, e que receberá US$ 4 milhões. O dinheiro do prêmio, apesar de ser debitado na conta da confederação da seleção campeã, normalmente é usado para pagamento da premiação de atletas e membros da comissão técnica, o que inclui aqueles com salários menores, como roupeiros e massagistas.
A fatia total que a Conmebol já recebeu da empresa Datisa, em contrato firmado em 2013, pelos direitos de comercializar transmissão de TV e publicidade da Copa América do Chile é de US$ 75 milhões (R$ 238 milhões) – sem contar os US$ 20 milhões de subornos. No dia 23 de janeiro de 2015, na paradisíaca Punta Del Este, no Uruguai, Juan Ángel Napout, paraguaio que preside a Conmebol foi aplaudido pelos outros 13 membros do Comitê Executivo da entidade ao anunciar que quase triplicaria o prêmio ao campeão da Copa América 2015, no Chile.
Em 2011, na Argentina, o Uruguai embolsou US$ 1,5 milhão. Na mesa aplaudindo estavam, ao menos, três acusados pela Justiça americana de receberem propina para fechar com a Datisa: o brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF, o venezuelano Rafael Esquivel, presidente de sua federação, e o uruguaio Eugenio Figueredo, antecessor de Napout na chefia da Conmebol e membro do Comitê Executivo da Fifa. Os documentos divulgados pela Justiça americana mostram que somente Marin teria recebido US$ 6 milhões (R$ 19 milhões), propina dividida entre bônus pela assinatura do contrato e pela Copa América do Chile. Ou seja, segundo a Justiça americana, o cartola recebeu 30% a mais do que o campeão da competição deste ano ganhará.
Publicidade
No total, pelas próximas quatro edições da Copa América, a Conmebol receberia US$ 352,5 milhões (R$ 1,1 bilhão), apenas pelos contratos comerciais. Os subornos chegariam a US$ 110 milhões (R$ 349 milhões), mas “somente” US$ 40 milhões (R$ 127 milhões) foram pagos até o momento – referentes à assinatura de contrato e pela edição 2015. Procurado, o advogado de José Maria Marin, o espanhol Gorka Villar, não foi encontrado. A Conmebol também não vai se pronunciar sobre o caso neste momento.
This website uses cookies.