Os dias do novo ano já vão se seguindo, um após outro, não ligando para o calendário. Muita gente ainda se lembra do que prometeu realizar ou conquistar, na virada do ano. Alguns, até fizeram uma listinha. Outros, nem isso. Calma! Não é porque não se lembrou de fazer as promessas na virada do ano ou, se as fez, já as esqueceu, que o ano está perdido. Objetivos e metas podem ser estabelecidas em qualquer dia do ano.
Além das festas, comidas típica, roupas especiais, das mandingas e simpatias, dos rituais, fazem parte da noite do ano novo as resoluções e promessas: parar de fumar, fazer exercícios, emagrecer, fazer algum curso, mudar de emprego, abrir o próprio negócio, cuidar da saúde, reatar algum relacionamento, melhorar ou recuperar as finanças pessoais ou familiares e por aí vai. Possivelmente, poucos fizeram uma avaliação do que realmente concretizaram das promessas e metas, durante o ano que passou, porque – que decepção! – nada ou muito pouco foi realizado.
Claro, não basta apenas mentalizar um desejo ou uma promessa enquanto degusta os grãos de uva ou pula as sete ondas do mar. Ou, então, ficar com vagas intenções que, depois da segunda taça de espumante, caneco de chope ou latinha de cerveja, caem na vala comum do esquecimento. Os rituais são importantes, mas a maioria das “n” fontes que instruem sobre a definição e realização de metas – livros, artigos, palestras, entrevistas, etc. – recomenda escrever todos os sonhos, desejos, promessas, numa simples folha de papel ou na tela do computador.
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Embora o blog seja voltado, essencialmente, para a educação financeira, a vida não é feita só de dinheiro. Podemos estar “endividados” não só em contas atrasadas, mas, também, em outras áreas, como a física – falta de exercícios físicos, alimentação pouco saudável, excesso de bebidas alcoólicas, etc.; a pessoal – querer ser uma pessoa melhor, com mais tempo com a família; os relacionamentos – pouca atenção com cônjuges, familiares; a profissional – falta de comprometimento ou não estar satisfeito com a atividade que exerce, desejar um negócio próprio; a social – ter pouco convívio com pessoas fora do âmbito familiar; a política – não se interessar ou até dizer que detesta o assunto; a espiritual – depende de cada um; se sentir que falta alguma coisa na vida, quem sabe a encontre numa comunidade espiritual na qual se identifique; a financeira – é uma área muito sensível, onde podem surgir muitos problemas que, se deixarmos para resolver depois, podem aumentar, tornando-se uma “bola de neve”.
Uma matéria de jornal dizia que “se a pessoa ainda não colocou em prática alguma das promessas, sem ter ideia de como fazer isso, ela precisa, em primeiro lugar, controlar a ansiedade”. É verdade, não é preciso ficar ansioso, nem desesperado, muito menos cortar os pulsos. Por uma razão muito simples: essas promessas, feitas na passagem do ano, tem pouco valor, para não dizer valor nenhum. Foram repetidas praticamente as mesmas promessas dos últimos anos apenas para cumprir um ritual individual ou coletivo. Pesquisa apurou que 92% das resoluções de fim de ano dos brasileiros são simplesmente ignoradas.
Por que, então, não conseguimos cumprir promessas e conquistar metas e objetivos que nos propomos nos últimos anos? Simplesmente, repetir as mesmas metas e objetivos no oba-oba e achar que, neste ano, vamos conseguir realizá-los é ingenuidade. Imaginar que, só porque inicia um novo ano, seremos pessoas diferentes, capazes de fazer o que não conseguimos realizar antes; superaremos dificuldades que, até agora, eram difíceis. É preciso fazer uma reflexão para descobrir os motivos que impedem que certas metas e objetivos, sempre presentes nos desejos e até promessas de cada ano novo, nunca se realizam.
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Shirley Freitas, da Consultoria Ponto C, em entrevista que concedeu à Sophia Camargo, da R7, recomenda nove pontos ou passos que as pessoas devem seguir para concretizar sonhos: 1) fazer uma lista dos sonhos: é preciso registrá-los de alguma forma – em papel, no note, no celular…; 2) definir metas: se quiser comprar um carro novo, para quando deseja adquiri-lo, de qual valor, marca, etc; 3) preparar uma estratégia: como vai atingir a meta? Se for uma viagem, prever as despesas, desde as passagens, hospedagem, alimentação, até um valor para comprar as lembrancinhas; 4) dividir em pequenos pedaços: se quer emagrecer 20 kg, por exemplo, quem sabe comprometer-se em atingir 2kg por mês; 5) ser persistente: somos o resultado de hábitos, a maioria deles aprendidos e incorporados, inconscientemente; em 21 dias, pode-se criar um novo hábito que, depois desse tempo, se tornam automáticos; 6) visualizar resultados: a educadora Shirley criou o que ela chama de Mural da Vida Extraordinária; num moral ela coloca fotos, textos, qualquer coisa que a lembre de seus sonhos; toda vez que olha para esse mural, ela imagina como vai ser, o que vai sentir, o que vai poder fazer ou deixar de fazer quando seu seus sonhos se tornarem reais; 7) reavaliar: de vez em quando –o início de novo ano é um tempo apropriado – avaliar o andamento das metas e objetivos; se for o caso, acelerar a sua realização, fazer ajustes ou até desistir de algum deles; 8)atentar para o prazo de realização de cada meta ou objetivo: muitos podem demandar mais tempo, às vezes anos, como a formação de uma reserva para a aposentadoria; 9) comemorar: cada conquista, por menor que seja, merece uma comemoração.
Para fazer um ano diferente, obviamente melhor, em todas as áreas da vida, deve-se fazer coisas diferentes. É loucura fazer sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes. Nas finanças pessoais e familiares, é sempre a mesma conversa de poupar, pagar as dívidas e por aí vai. Mas, lembrando a letra daquela repetida canção de passagem de ano – Adeus Ano Velho, Feliz Ano! – não é o novo ano que tem que ser diferente, melhor, mas cada um de nós. Isso só é possível adquirindo novos conhecimentos. Com conhecimentos em educação financeira, por exemplo, é possível ajustar a vida financeira ao real padrão de vida pessoal ou familiar. Então, esqueça aquelas promessas de início de ano: sente, agora, com papel e caneta, planilha ou arquivo do computador e liste tudo o que deseja alcançar em curto prazo (até um ano), em médio (até dez anos) e em longo prazo (mais de dez sonhos). Depois, na área financeira, comece a utilizar a metodologia da DSOP – Educação Financeira, criada por Reinaldo Domingos – doutor em educação financeira, autor de livros, palestrante, entre outras atividades – que prevê quatro pilares:
1º) Diagnosticar: saber quanto entra de dinheiro, onde é gasto e quanto deve;
2º) Sonhar: os sonhos tem a capacidade de motivar as pessoas, fazendo-as focarem num objetivo e se esforçarem para realizá-lo;
3º) Orçar: ao invés de fazer o tradicional Ganhos (-) Gastos = Sobra/Falta, praticar o inovador orçamento financeiro que prioriza os sonhos: Ganhos (-) Sonhos (-) Dívidas (-) Reservas estratégicas (=) Gastos (padrão de vida);
4º) Poupar: efetuado o diagnóstico, definido o valor dos sonhos e adequado o orçamento para a sua realização, é hora de poupar e investir o dinheiro; não o que ou quando algum dinheiro sobrar, o que até alguns economistas recomendam e que raramente funciona, mas o valor que já é apartado da renda para priorizar os sonhos.
Reinaldo insiste que o dinheiro poupado e investido precisa ser “carimbado”, isto é, ele deve ter um destino: comprar uma televisão, uma moto, um carro, uma casa, uma viagem, etc. Sem esse objetivo, o investidor transforma-se numa simples “máquina de poupar”, o que implica em facilmente o dinheiro guardado ser utilizado para qualquer outra finalidade.
Portanto, objetivos e metas decorrem de sonhos que devemos ter. Sonhos é que nos fazem levantar todos os dias, ir trabalhar, fazer cursos, querer melhorar de vida, etc. Mas, na virada do ano, não adianta usar cueca ou calcinha amarela para ter mais prosperidade, se gasta tudo e mais um pouco; guardar semente de romã na carteira, se não consegue poupar; ou pular sete ondas do mar se não corta gastos desnecessários ou desperdícios. Listinhas de metas de início de ano, inclusive as financeiras, já sabemos que, na prática, não funcionam porque, geralmente, não são pensadas nem planejadas. O movimento em direção à mudança, em geral, é difícil. É preciso sair da zona de conforto, quebrar hábitos. O primeiro passo é o mais importante para alcançar uma meta qualquer, inclusive financeira. Como diz o provérbio chinês: ”Uma jornada de mil milhas começa com um simples passo”. Depois, ao olhar para trás, a pessoa percebe que tudo aquilo era tão simples, dependia apenas de iniciativa.
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Próspero ano de 2020!
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