A primeira colheita da fase de testes do projeto para implantar o Arranjo Institucional de Suporte à Formação de Cadeias Produtivas de Plantas Bioativas na Região do Vale do Rio Pardo (Valeef) vai ocorrer na propriedade de Marquion José Vaz e Valéria Borges Vaz, em Linha São Cristóvão, interior de Rio Pardo. A data ainda será definida. A fase seguinte será o lançamento de um edital para selecionar produtores que farão o plantio de áreas com espécies voltadas ao mercado de óleos essenciais, entre abril e maio. Produtores já têm sido atendidos ao procurarem o projeto por iniciativa própria.
Marquion e Valéria iniciaram com o plantio de 200 mudas de cada espécie indicada: alecrim, lavanda e capim-limão. A sugestão é começar com áreas de até meio hectare para observação da adaptação das plantas ao tipo de terreno, além de ajustar o objetivo conforme a capacidade de investimento.
LEIA MAIS: Plantas bioativas são aposta para diversificar na região
Publicidade
“A nossa participação no projeto está sendo gratificante. Começamos uma experiência piloto em uma área pequena, mas já planejamos aumentar o cultivo. As mudas tiveram uma ótima adaptação. Fizemos análise de solo e usamos técnicas da agricultura sintrópica e da agricultura biodinâmica para orientar nossas atividades, a que nos dedicamos nos fins de semana”, explica Valéria. Carlos Lara também faz testes em Linha Santa Cruz. Produtor de hortaliças, ele pretende diversificar. Lara incluiu a melaleuca, e o capim-limão foi o de melhor adaptação.
O projeto enfrentou dificuldades, segundo o coordenador técnico Sandro Hillebrand, da Unisc. A estiagem não permitiu o plantio no fim do ano passado. A aproximação a produtores interessados também foi prejudicada com o cancelamento da Expoagro Afubra. “Chegamos a plantar as espécies escolhidas para o início do projeto numa ‘área vitrine’ junto à Casa da Emater no parque, para que os produtores conhecessem as plantas. E teríamos in loco a demonstração do processo de destilação e os produtos dele”, explica Hillebrand.
LEIA TAMBÉM: Projeto apresenta plantas medicinais como alternativa de diversificação
Publicidade
O projeto foi iniciado em novembro de 2019, com um diagnóstico do potencial de mercado. O estudo apontou para o segmento de óleos essenciais, com aplicação na aromaterapia, perfumaria e gastronomia. Uma parceria foi feita com a empresa Vimontti, de Santa Maria, que atua no cultivo, extração e venda desses óleos, para assegurar a destinação da produção de quem iniciar o cultivo no Vale do Rio Pardo.
A empresa está em crescimento e precisa de mais áreas de cultivo. Com isso, pretende participar da nova cadeia produtiva, com demanda imediata para alecrim, hortelã-pimenta, lavanda e capim-limão. As ações do projeto fazem parte do Programa Bioeconomia Brasil – Sociobiodiversidade, lançado no ano passado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Agora, outras duas empresas tornaram-se parceiras para a compra da produção, uma delas em Santa Catarina (Harmonia Natural, de Canelinha) e outra no Paraná (Tua Rotina, de Palmas). De acordo com Hillebrand, negociações foram abertas com empresas de São Paulo para o médio e longo prazo. Além disso, a Central Analítica da Unisc tem realizado análises de óleos essenciais para várias empresas do Brasil.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Assinado acordo para execução do projeto de plantas medicinais e bioativas
“A cadeia produtiva precisa disso. Não apenas a produção, mas o conjunto de técnicas para suporte e qualificação do setor”, salienta Hillebrand.
Como funciona
A iniciativa é resultado de acordo de cooperação entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Unisc. Outras instituições e entidades foram convidadas à reunião, como o Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo (Corede), a Emater/RS-Ascar e a Afubra, assim como empresas e interessados. Conforme cada etapa, as instituições trabalharão de modo coordenado para desenvolver uma política pública de incentivo a negócios sustentáveis, para diversificar a produção de culturas de alto valor agregado e incrementar a economia regional. O Valeef ainda integra o programa Inova RS, criado pelo governo estadual para incentivo de ações inovadoras. Com isso, o Valeef poderá ser fortalecido e expandido para uma área maior de abrangência.
LEIA TAMBÉM: Verde preservado: como manter as plantas ornamentais nos dias frios
Publicidade
Valores
A massa verde de alecrim, capim-limão e lavanda, por exemplo, é comprada por R$ 1,50, R$ 0,50 e R$ 1,60, respectivamente. Esses valores são uma referência para negociação baseada no rendimento que cada espécie apresenta em óleo essencial. Em cima disso, a expectativa de ganho bruto por hectare, em um ano, seria de R$ 8,5 mil para o alecrim e R$ 15 mil para as outras duas espécies. As espécies são perenes, ou seja, o investimento em mudas é feito somente uma vez. Depois, a necessidade é fazer o manejo e as colheitas ao longo de alguns anos.
LEIA TAMBÉM: Atraso no frio ajuda na manutenção das tipuanas
Publicidade
This website uses cookies.