Investigar a interação entre sujeito e natureza e os sentidos que emergem a partir desse contato. Este é o objetivo do projeto de pesquisa “Comunicação, Educação Ambiental e Intervenções: vivências e imagens”, da Univates, que busca aproximar a área da educomunicação socioambiental à etnografia visual. O estudo inédito é desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD). As intervenções preveem a produção de fotografias e audiovisuais pelos participantes do projeto.
Esses materiais terão seu processo de construção analisado a partir do método etnográfico visual — uma forma de compreender o outro a partir de seu ponto de vista. A proposta, que está cotada para receber recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é contribuir no avanço teórico na área da educomunicação e metodológico na área da etnografia. Conforme a coordenadora do projeto, Jane Mazzarino, não há estudos etnográficos visuais sobre práticas educomunicativas socioambientais no país. “A pesquisa explora as experiências em ambientes naturais e propõe-se a ser um espaço de construção do saber a partir da intervenção social, com produção de registros comunicacionais e midiáticos feitos pelos participantes”, detalha.
Doutora em Comunicação Social, Jane trabalha desde 2006 com projetos de educação ambiental na Univates. “A pergunta inicial que nos colocamos nesta pesquisa que inicia agora é como a natureza toca as pessoas e o que emerge desta relação? Nossa perspectiva em educação ambiental é tridimensional: leva em conta a relação do sujeito consigo, com o outro e com o meio”, contextualiza.
Publicidade
As vivências ambientais do projeto serão oportunizadas por meio de oficinas e minicursos. A primeira oficina aberta ocorrerá no dia 20 de abril, nos espaços naturais do campus da Univates. Durante um dia inteiro, os participantes terão atividades de contato com a natureza e serão estimulados a relatarem suas percepções.
Neste primeiro ano de projeto, os relatos vão ser sintetizados por meio da produção de fotolivros, uma estratégia para a produção da descrição das experiências. Em 2018, será explorada a linguagem audiovisual para o compartilhamentos das experiências.
Biológico e cultural
Publicidade
Um dos pressupostos da pesquisa é que o ser humano é tanto biológico e quanto cultural: é biológico pois faz parte da natureza e, sendo assim, apresenta características e necessidades comuns a outros seres vivos, e também é cultural porque não age apenas por instinto, mas de acordo com a cultura que adquire na vivência em sociedade.
Na contemporaneidade, o ser humano tem deixado de lado seu ser biológico e, com isso, sua relação com a natureza. “Essa perda do sentido de que somos seres biológicos acontece a partir do momento em que se valorizam muito os aspectos culturais, em uma construção de distanciamento construída ao longo do tempo. A questão é que somos uma síntese complexa”, afirma Jane Mazzarino. “Há pesquisas que estão identificando que esse distanciamento que temos com nossos ciclos naturais está provocando uma série de transtornos. As pessoas estão vivendo muito mais em ambientes artificiais, estressantes, do que em contato com a natureza, o que afeta a vida.”
Publicidade
This website uses cookies.