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Projeto Escutatória está na disputa do prêmio Innovare

O projeto Escutatória, do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), da Comarca de Santa Cruz do Sul, está concorrendo ao 18º Prêmio Innovare, que anualmente divulga práticas que contribuem para o aprimoramento da Justiça no Brasil. O Escutatória, conforme explicou a juíza e coordenadora Josiane Estivalet, em entrevista ontem à Rádio Gazeta FM 107,9, no programa Estúdio Interativo, é parte de uma ação ainda maior, chamada projeto Flor&Ser.

Juíza concedeu entrevista à Rádio Gazeta

A iniciativa presta acolhimento diferenciado às mulheres vítimas de violência doméstica após a audiência com o agressor, momento em que ela tem a sua intimidade exposta e é constantemente julgada por seu comportamento ou pelo que aconteceu. As mulheres são convidadas a comparecerem a um espaço humanizado, com elementos femininos e acolhedores, onde são recebidas por outras mulheres, que podem ser mediadoras ou facilitadoras de círculos de construção de paz.

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“Nós identificamos que apesar de termos uma rede de proteção e uma Casa de Passagem, por exemplo, as mulheres ainda se sentiam desprotegidas e fragilizadas participando de audiências no Fórum depois das agressões. Então, essa é a parcela que concorre ao prêmio, que se chama Escutatória”, esclareceu.

A iniciativa conta com o apoio do curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e tem o objetivo de fomentar futuras mudanças sociais e políticas públicas. A juíza e coordenadora conduz o projeto ao lado do juiz Assis Leandro Machado, titular da 2ª Vara Criminal, e da juíza Luciane Inês Morsch Glesse, da Vara Regional de Execuções Criminais. O trabalho também envolve homens condenados ou que respondem a processos instaurados em razão da Lei Maria da Penha.

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Quem são as mulheres agredidas em Santa Cruz

Desde que foi instalado, em 2017, o projeto já ouviu individualmente 219 mulheres. Conforme a juíza Josiane Estivalet, durante esse processo foram realizadas algumas escutas online (no período da pandemia) e 12 grupos reflexivos. De acordo com ela, dessas 219 foi possível identificar quem são as mulheres agredidas em Santa Cruz do Sul. Segundo o levantamento de dados, 16% das vítimas ainda não têm 30 anos, enquanto 50% dos homens agressores têm entre 30 e 40 anos.

A coordenadora disse também que, por meio do projeto, foi possível constatar que não é verdadeiro o pressuposto de que as agressões ocorrem com maior frequência e com maior intensidade na população mais pobre e necessitada. “Há mulheres agredidas em todos os níveis de instrução e 50% delas têm pelo menos o Ensino Médio completo. Algumas têm Ensino Superior completo e até mesmo pós-graduação.” Em contrapartida, a maioria dos homens agressores, revelou Josiane, não tem o Ensino Médio completo.

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Esses resultados vão ser expostos na próxima segunda-feira, às 9 horas, no Fórum, para a comissão avaliadora de consultores do prêmio Innovare. Nesse dia, estarão presentes todas as pessoas e entidades que colaboraram na construção dessa prática, que começou com trabalho voluntário. “É um trabalho coletivo, inclusivo e de toda a comunidade santa-cruzense, que é feita circunstancialmente no nosso Cejusc”, afirmou.

Após a etapa atual, de visitas, haverá uma reunião para a escolha dos projetos vencedores. Na sequência ocorrerá uma cerimônia de premiação no Supremo Tribunal Federal em Brasília, e depois os projetos são incluídos no banco de práticas do Innovare, que conta com um acervo de mais de 7 mil práticas.

O prêmio

O prêmio Innovare tem como objetivo identificar, divulgar e difundir práticas que contribuam para o aprimoramento da Justiça no Brasil. Desde 2004, já passaram pela comissão julgadora mais de 7 mil iniciativas, vindas de todos os Estados do País. Neste ano, o Innovare chegou à 18ª edição, confirmando os propósitos de fomento à Justiça brasileira, inclusive com a participação da sociedade civil.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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