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Alegria

Projeto de apadrinhamento presenteia 86 residentes da Asan

Que dona Noeli Chaves, 67, é vaidosa, isso todos os funcionários da Associação de Apoio aos Necessitados (Asan) já estão “carecas” de saber. Tem desfile de moda ou concurso de soberana? Lá está ela com seu vestidinho florido, distribuindo charme e elegância. Na tarde dessa quarta-feira, 20, a residente da entidade ganhou da sua nova madrinha, Luciara da Silva, 39, um kit para incrementar a autoestima. Creme para o corpo, desodorante, esmalte e até batom compunham a sacolinha da qual ela não desgrudou a tarde toda.

“Não vejo a hora de tomar um banho amanhã cedinho e me perfumar toda”, comentou, se sentindo a tal. A empolgação demonstrada por Noeli foi apenas uma das reações de pelo menos 43 idosos durante a realização do projeto Apadrinhar o Idoso. Em sua segunda edição, a iniciativa, que termina nesta quinta-feira com 86 apadrinhados, mesclou choro, riso e, vez que outra, até uma carinha de desconfiança. Mas, no fim das contas, o abraço foi mesmo o protagonista da vez. 


Marieli presenteou dona Eva, que recebeu o mimo toda faceira. Foto: Rodrigo Assmann.

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Entre aqueles que esperavam sentadinhos a chegada dos padrinhos esteve dona Eva Vargas, 60 anos. Da auxiliar administrativa Marieli Durê, 28, recebeu um chinelinho rosa, um vestido colorido e um panetone. Eva não fala, mas expressou o sentimento que gostaria de verbalizar em reações. Foi do riso ao choro. Abraçou e se permitiu receber carinho. Entendeu que aquilo que reconhece como afeto, por vezes, já não lhe pertence mais. “Eles já sofrem tanto aqui. Esse presentinho não significa nada para nós, mas representa muito para eles. É se doar”, avaliou Marieli, que também não conteve as lágrimas.     

Diferente do primeiro ano, o projeto recebeu um complemento em 2017. Além de atender aos pedidos dos afilhados para o Natal, os novos padrinhos ficarão responsáveis por fazer companhia e levar algum mimo também no aniversário dos vovôs e vovós. Outra mudança foi definir a entrega dos presentes em duas etapas. “Nossa ideia é criar uma afetividade maior. Agora os padrinhos têm tempo de chegar aqui, conversar e escutar o que eles têm para falar.” Para a secretária executiva da Asan, Miriam Etges, é uma tentativa de estabelecer um vínculo contínuo e não pontual. Para os residentes, uma forma de ressignificar esse paradoxo chamado tempo, que custa a passar. Mas está acabando.


Projeto Apadrinhar um Idoso vai presentear 86 residentes. Foto: Rodrigo Assmann.

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Vamos ajudar?

Interessados em apadrinhar novos residentes devem ficar atentos às postagens da instituição no Facebook, pela página Asan Asilo Santa Cruz, ou podem entrar em contato pelo fone (51) 3713 3990.

Erica, A princesa

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Aos 72 anos, Erica Pfeil já não lembrava da última vez que visitou um salão de beleza. Nesta quarta pela manhã, porém, pôde resgatar na memória, que ainda lhe é presente, as poucas vezes em que frequentou  o “instituto”, assim chamado por ela. A experiência da idosa só foi possível graças ao empenho da acadêmica de Pedagogia Cristina Dutra, 41. “Ela me levou para fazer o cabelo, a unha e a sobrancelha. Tive um dia de princesa”, disse Erica, que está na instituição há 21 anos. Empolgada, a idosa fez questão de mostrar as unhas cor-de-rosa, mas também lembrou do almoço. “Quis comer o que eu não tenho todos os dias aqui na Asan. Escolhi bife, batata frita e um pãozinho recheado.” Agora a residente se prepara para mais uma aventura. Segundo Cristina, na próxima semana, dona Erica vai ao cinema. “Ela lembrou que visitava o antigo cinema Apolo aqui em Santa Cruz. Achei  interessante proporcionar isso pra ela”, complementou.

Fora dos muros

“Amigas para sempre.” É assim que dona Carmelinda da Silva, 80, avalia sua relação com a madrinha, Mariana Schwab, 25 anos. Abraçadinha, a dupla quase não se misturou com o resto. Preferiu aproveitar a tarde observando a movimentação da entidade e conversando sobre as sutilezas do dia a dia. A comerciária apadrinhou a vovó ainda no ano passado e fez questão de manter o vínculo. “Me apeguei tanto que já levei ela para conhecer os meus filhos em casa.” Mariana só precisou dividir atenção com uma coisa. Aonde quer que vá, Carmelinda leva junto uma bonequinha e trata de acomodá-la confortavelmente no andador. Mariana até já tentou presentear a afilhada com outras mais modernas. Mas a octogenária  não quer nem saber. Acorda e dorme com a mesma. É a sua companhia quando as luzes da Asan se apagam.

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