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Educação

Projeto da Univates ensina Língua Portuguesa para haitianos

Proporcionar formação de professores de Língua Portuguesa como Língua Adicional que tenha como base a interação com a cultura de estrangeiros que escolhem o Brasil para viver, temporária ou definitivamente, é o objetivo do projeto de extensão “Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa como língua adicional: investigação, formação e ensino”, vinculado ao curso de Letras da Univates. Além de oferecer aos acadêmicos um conhecimento aplicado sobre o ensino do idioma, a prática atende a uma importante demanda do Vale do Taquari: ensinar Língua Portuguesa aos imigrantes haitianos que vivem na região.

As aulas iniciaram no mês de abril e acontecem, às segundas-feiras, nos turnos manhã e noite, e nas quartas-feiras, no turno da tarde, no colégio Castelo Branco, em Lajeado. No total, são cerca de 60 alunos atendidos. Conforme contam as professoras envolvidas no projeto, Grasiela Bublitz e Marlene Bruxel Spohr, as práticas pedagógicas estão acontecendo a partir das demandas dos haitianos, que têm consciência de que o domínio da Língua Portuguesa lhes facilita o acesso ao mercado de trabalho, como também a inserção social.

“Os livros didáticos servem como orientação, mas as propostas partem da ideia de promover uma interface multicultural. A ideia é que os voluntários desenvolvam projetos didáticos de acordo com as temáticas que integram a realidade dos haitianos, como questões de culinária, perfil profissional, saúde, entre outros”, explicam as docentes. Acrescentam que, a partir de situações reais, são exploradas as quatro habilidades envolvendo o idioma: leitura, expressão oral, escrita e gramática.

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As aulas para os haitianos iniciaram em abril e o fórum de estudos e de preparação de material didático acontece desde março, na Univates. O enfoque da formação é a problematização, a investigação e a intervenção a partir de necessidades reais dos estudantes haitianos. “A proposta é que este grupo que está estudando o ensino da Língua Portuguesa como Língua Adicional, relacionando a teoria com a prática, atue também como professores de Língua Portuguesa para estudantes e pesquisadores intercambistas de outros países, para estrangeiros de outras nacionalidades, uma demanda que a Univates ainda não atende”, explicaram as professoras.

O desafio dos acadêmicos voluntários é atender os diferentes níveis de conhecimento dos estudantes haitianos, pois alguns estão no Brasil há mais tempo e têm conhecimentos avançados no idioma, enquanto outros, recém-chegados, precisam ser iniciados no básico. Para dar conta dessas heterogeneidades, as aulas são ministradas por grupos de, geralmente, quatro professores.

Gratidão sem fronteiras
Os voluntários contam que os alunos haitianos são muito participativos nas aulas e tendem a ajudar uns aos outros, interagindo com os professores e valorizando a presença dos docentes. Os haitianos falam os idiomas crioulo e francês, além de, frequentemente, falarem espanhol e inglês. Por isso, questionam por que os brasileiros falam somente uma língua.

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Uma das participantes é a bolsista Laís Benett Menezes, estudante de Letras da Univates, que iniciou no projeto como voluntária. “Vi a importância de valorizar o estudo, a família, a união e a fé. Com eles, estou aprendendo coisas sobre mim. As nossas discussões entre os voluntários também acrescentam muito. É como se fosse um grupo interdisciplinar, pois cada um tem suas experiências e essas trocas são fantásticas”, comenta.

Roger Henrique Pozza está no início do curso de Letras e também vivencia a experiência de lecionar. “Se já é difícil lecionar para quem entende o idioma, imagina para quem não fala português. É um desafio, mas aprendi a não subestimar as pessoas, pois passei por diversos momentos em que eles fizeram análises e perguntas tão complexas que nem eu sabia responder muito bem”, ressalta.

De acordo com Roger, os alunos haitianos também estão acostumados a problematizar, a questionar mais. “Um dia eu disse algo do tipo: ‘E aí, beleza?’ E um dos alunos me perguntou: ‘Mas, por que beleza? O que significa isso?'”, brinca. “Pois é, precisamos estudar antes de dar aula, porque temos que estar preparados para qualquer pergunta”, acrescenta Laís.

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A voluntária Marcela Fischer, também estudante de Letras, salienta que o que mais a motiva a dar aula aos haitianos é a gratidão que eles sentem e demonstram em relação a esse trabalho. “Sentimos que os abraços e os agradecimentos deles são muito verdadeiros”, completa. O projeto conta com cerca de dez voluntários e quatro diplomados do curso de Letras, quatro intercambistas colombianos e portugueses e uma estudante de Direito da Univates.

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