Categories: Francisco Teloeken

Programas políticos: ficção ou enganação?

Antes de abordar  os filminhos de propaganda política que o PT está divulgando, na televisão, cabem comentários genéricos sobre  os programas políticos, obrigatórios e  gratuitos para os partidos, inseridos nas grades das emissoras de rádio e tvs. Todos os partidos políticos com deputados tem direito, durante o ano, a divulgarem comerciais, no rádio e na TV. Como já são 35 o número de partidos políticos, no Brasil, isso significa que são 35 as entidades partidárias que  tem direito de usar o horário nobre da televisão e do rádio, de acordo com critérios estabelecidos pelo TSE, para divulgar suas plataformas políticas.

Sem entrar no mérito dos conteúdos dos programas dos diferentes partidos,  geralmente recheados de críticas, inverdades, propostas mirabolantes, ideías superadas pela história,  “endeusamento” de “donos” de partidos, etc., que às vezes não resistem a  um confronto superficial com a realidade do país,  parece que o primeiro questionamento já seria com relação ao  número exagerado de partidos a usarem  espaços da TV e do rádio, interrompendo e protelando programas da grade das emissoras, num total desrespeito a quem está acompanhando  algum programa específico e é obrigado a assistir outro, com o qual, na maior parte das vezes, não concorda ou até abomina.  Para piorar a situação, às vezes, há inserções num mesmo intervalo comercial, numa insistência repetitiva de mensagens que, frequentemente, são pura demagogia barata.

Outra questão com relação à quantidade de partidos é que, alguns, ou a maioria, não se sabe nem para que servem.  É o caso, por exemplo, do Partido da Mulher Brasileira. Por que um partido específico para as mulheres? É, até, um contrassenso, pois enquanto as mulheres estão conquistando espaços na sociedade, em iguais condições com os homens, aí algumas criam um partido político próprio delas.  Como ficam as mulheres que participam dos demais partidos, muitas delas que já alcançaram altos cargos executivos da vida pública, como presidente da república,  governadoras, prefeitas? E nenhuma delas precisou filiar-se ao partido das mulheres para alcançar esses cargos.  Muitos partidos teriam até  dificuldades para atender exigência da legislação eleitoral que determina que 30% das vagas de candidatos sejam preenchidas por  mulheres, simplesmente porque  muitas  ainda não se interessam pela política. Nos moldes do PMB, alguém poderia, por exemplo, criar o PHM – Partido do Homem Brasileiro. São partidos que não deveriam ser aceitos pelo TSE, como aconteceu, recentemente,  com um pedido para a criação do PTC – Partido do Torcedor Corintiano, que foi rejeitado. 

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Cientistas políticos e outros especialistas entendem que cinco ou seis seriam o número ideal de partidos, em nosso país. A maioria desses pequenos partidos que existem por aí poderiam estar sob o guarda-chuva dos partidos maiores com os quais mais se identificassem. Talvez a  criação de algum partido tenha por objetivo maior  1º) usufruir do Fundo Partidário  que, neste ano de 2015, teve um aumento substancial, indo de R$300 milhões para R$ 800 milhões; 2º) dispor de horário gratuito no rádio e na televisão; e, 3º) permitir fazer alianças, em troca de cargos em órgãos do governo, funcionando como partidos de “aluguel.”

Com relação aos quatro  filminhos que o PT está divulgando na TV,  inseridos nas programações dos  dias 4, 6, 9 e 11, inclusive na semana do Carnaval, curiosamente, nem Lula, o homem que duvida que exista alguém tão honesto quanto ele, no Brasil, nem Dilma, a presidente mais capaz do mundo, segundo ela própria, não estão presentes de cara. Como geralmente acontece nos programas políticos, quando se exagera os problemas, de responsabilidade dos outros,  ou se enaltece, desavergonhadamente, as próprias realizações, sobre os quatros filminhos do PT cabem os comentários de Bernardo Santoro,  publicados no Instituto Liberal, que, de forma resumida, são:

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1º) “o culto à personalidade de Lula” – mesmo num momento, ou por causa dele, em que Lula não está mais só como testemunha, mas como indiciado pelo Ministério Público por suspeitas relacionadas  com imóveis que seriam dele, o presidente do PT, Rui Falcão, sem contrapor fatos e argumentos concretos aos dados da investigação, diz que “todos” sabem que Lula foi um grande Presidente e está sendo alvo de ataques, provocações e perseguições, pelos preconceituosos de sempre;

2º) “o povo sabe vencer a crise”:  jogar a responsabilidade da crise nas costas povo, dizendo que com trabalho vamos vencê-la, é de uma covardia atroz; como, com trabalho, se o desemprego está aumentando assustadoramente, e não só o  de empregados, mas de patrões, também?

3º) “o Brasil é maior que a crise”: o filminho dá a entender que o Brasil já passou por várias crises que seriam normais, em qualquer país; o PT não reconhece que esta crise é “made in Brazil”, resultado  da incompetência, roubalheira e  irresponsabilidade com que a administração pública federal foi conduzida, nos últimos anos, cujas  consequências ainda são imprevisíveis;

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4º) “reunir forças”: neste filminho o PT fala que é hora de uma grande união  nacional, coisa que o partido nunca praticou,  para superar a crise, deixando pra lá eventuais divergências; o que o PT esquece  é que foi ele que acabou com a união nacional, através de uma tática política de dividir o pais entre nós x eles,  brancos x negros, ricos x pobres, héteros x homos,  homens x mulheres, etc. No dia 02 deste mês, em Indaiatuba, no interior de São Paulo, numa solenidade marqueteira de entrega de casas populares, chegaram três ônibus com pessoas, vestindo camisetas vermelhas, e que bateram em pessoas do Movimento Brasil Livre, destruindo os celulares que estavam sendo usados para registrar a agressão; essa é a já conhecida “união nacional” que os braços e franjas do PT, alguns em nome de centrais de sindicatos ou de “movimentos sociais”, que não passam de organizações que vivem de recursos públicos e tem licença para praticarem o que quiserem, promovem  pelo Brasil. Além do mais, será que o PT quer que esqueçamos todos os desmandos que foram cometidos por seus representantes e que deixaram o Brasil nesta situação difícil e perigosa? 

O pior e mais asqueroso  é saber que essa coletânea de filminhos está sendo paga pelos impostos do povo brasileiro, quer dizer, dinheiro que poderíamos gastar em coisas bem mais   gostosas ou até necessárias. O que é anunciado como gratuito, na verdade é pago pelo contribuinte, porque as emissoras tem direito de abater  de sua receita tributável o valor que teriam auferido, durante o tempo da exibição do programa político. Enquanto ninguém tiver coragem para acabar com essa farra de obras de ficção ou enganação, talvez para a maioria da população só resta baixar o volume da tv ou desliga-la. 

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