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MEIO AMBIENTE

Programa entregou 1,9 mil composteiras em Venâncio Aires

Foto: Rafaelly Machado

Professora Janete mantém composteiras em casa e na escola: “Alunos encantados”

Foi a vontade de mostrar a origem dos alimentos para os alunos de 3 e 4 anos de idade que fez a professora Janete Cândida Sulzbach Bilo, de 47 anos, se interessar pela prática da compostagem. Mesmo que já fizesse a separação de resíduos orgânicos e recicláveis, e tivesse até um local dedicado à compostagem no próprio quintal, a oportunidade de participar do Programa de Compostagem Doméstica, da Prefeitura de Venâncio Aires, fomentou ainda mais a vontade de levar aos pequenos estudantes o conhecimento sobre formas de ajudar o meio ambiente.

Por isso, Janete foi uma das 1,9 mil pessoas ou entidades que receberam, entre maio e julho deste ano, as composteiras domésticas, junto com acessórios complementares, orientações e acompanhamento para efetuarem a compostagem e o uso adequado do adubo e do biofertilizante. Foram diversas as tentativas para mostrar de onde vêm os alimentos para as crianças, como a criação de uma horta suspensa, porém, sem o uso de composteira. “Eles ficavam encantados quando as plantinhas cresciam. Eu até levava adubo químico, porque queria ver a coisa se transformar. Não tinha outra forma, a gente sabe que sem adubo nada vem muito fácil. Era minha vontade conseguir uma composteira, fizemos uma caseira, com baldes, mas não tive sucesso”, relembra.

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Já conhecendo o trabalho que a professora realizava, Carin Gomes, fiscal de Meio Ambiente e coordenadora do Programa de Compostagem Doméstica de Venâncio Aires, entrou em contato com Janete e falou a respeito do novo projeto do município. “Foi ela quem me sugeriu. Na primeira remessa, eu já me inscrevi e fui contemplada”, comenta Janete.

Hoje, além de várias outras práticas voltadas à preservação do meio ambiente, como aproveitamento da água da chuva, reciclagem e utilização de energia solar, a professora usa o adubo que é produzido na composteira para a própria horta, e também leva à Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vó Helma, onde trabalha. No educandário, também há uma composteira, ainda sem minhocas. “Eu gosto de ver o processo de tudo, isso me atrai, me gratifica. Na escola, temos uma dessas e também um biodigestor. Lá estamos sem minhoca, mas estou criando elas aqui e depois pretendo levar algumas para dar continuidade na escola também”, relata a professora.

Desenvolvimento das plantas na horta evidencia o resultado do adubo natural, o que também beneficia o meio ambiente. | Foto: Rafaelly Machado

Boa adesão surpreendeu

O Programa Municipal de Compostagem Doméstica de Venâncio Aires faz parte do Programa Nacional Lixão Zero e tem como objetivo incentivar a compostagem doméstica para melhorar a gestão de resíduos sólidos. As inscrições tiveram início em março e os kits com os materiais foram entregues em maio, junho e julho. Conforme a coordenadora, Carin Gomes, o programa foi idealizado para que fosse um motivador de mudanças na forma de pensar e agir dos cidadãos, em relação aos resíduos que produzem em suas residências e também no trabalho. “Através do programa, foi possível tornar a compostagem um tema de discussão na comunidade. Quem não conhecia teve a oportunidade de conhecer, e os demais, de aprimorar o conhecimento sobre o assunto. Possibilitamos que um grande número de famílias pudessem participar do programa, mudando a rotina de destinação de resíduos e aproveitando o adubo sólido e líquido gerado na compostagem”, explica a fiscal do Meio Ambiente de Venâncio Aires.

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Além disso, segundo a profissional, a tendência é que um volume menor de resíduos orgânicos seja destinado ao aterro sanitário e a separação dos resíduos recicláveis, na fonte, seja mais eficiente. “Tais mudanças são importantes do ponto de vista ambiental e econômico. Afinal, por que enviar resíduos orgânicos para o aterro sanitário, se podemos aproveitá-los em casa?”. Carin observa que é preciso considerar que o custo do serviço de coleta e destinação de lixo é alto e os cidadãos podem colaborar com a economia do município onde vivem.

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Ao todo, foram 2.387 inscritos no programa, o que chamou a atenção da equipe da Secretaria de Meio Ambiente. “Para nós, servidores envolvidos no programa, foi uma surpresa muito grande o número de interessados. Sabemos, por experiências em outras cidades, que não é fácil conquistar a adesão de um grande número de pessoas. O volume de inscritos foi maior que o de composteiras disponíveis, e ainda há pessoas entrando em contato com a Secretaria de Meio Ambiente para saber se podem participar”, salienta. Ainda segundo a coordenadora do programa, a administração municipal de Venâncio Aires está trabalhando na busca por mais recursos para viabilizar a compra de mais composteiras para que a entrega de kits seja continuada. Quem quiser conhecer mais sobre o programa, ou até mesmo aprender a fazer a compostagem em caixas, pode conferir as informações no site da prefeitura de Venâncio Aires.

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Conhecimento compartilhado

Norma mantém composteira na sacada do apartamento. | Foto: Rafaelly Machado

Depois de já estar aposentada, Norma Barden, de 66 anos, cursou Gestão Ambiental e se especializou em Educação Ambiental. Integrante do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Venâncio Aires, também recebeu um kit de compostagem. Ela mora em apartamento e realiza o processo na sacada do imóvel, provando que, para fazer compostagem, basta querer.

Ela faz a separação de resíduos há mais de 30 anos e a compostagem há oito. Antes, improvisou uma composteira com caixas de mercado, mas, com a chegada do kit enviado pelo programa municipal, o trabalho tornou-se mais prático. “Já faço isso há oito anos, mas sem minhoca, porque morando em apartamento achei que era o mais adequado à minha situação, já que eu faço na sacada. Comecei a pegar resíduos também de alguns vizinhos que se dispõem a separar. Quando veio esse projeto do Lixão Zero, decidi que precisava testar e fazer um comparativo. Minhas minhocas não se reproduzem muito, mas qualquer jeito que a gente compostar vai dar certo. Se não deu certo, começa de novo, o importante é compostar”, frisa.

Por já conhecerem o trabalho de Norma, muitos a procuram para entender como se faz a compostagem, que, segundo ela, é simples e não tem segredo. “Depois que eu fiz a graduação e a pós, encontrei no Ministério do Meio Ambiente o projeto Sala Verde, que oportuniza um espaço de educação ambiental nas instituições. Mas, antes disso, algumas amigas minhas, que são professoras, já me pediam ajuda nas escolas, e eu ia. Me identifiquei com isso, sempre fui atenta às questões ambientais”. 

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Para Norma, é fundamental que as pessoas tenham consciência sobre a importância da separação de resíduos. “Cada um tem que assumir suas sobras, o cidadão tem que se dar conta de que é responsável por isso”, enfatiza.

O que é compostagem?

A compostagem é uma forma de “reciclagem” dos resíduos orgânicos. As sobras de alimentos, restos de podas, grama, erva-mate e outros são transformados em adubo orgânico e biofertilizante. Trata-se de um processo biológico que ocorre por meio da ação de microrganismos, como bactérias e fungos, que decompõem a matéria orgânica, promovendo a recuperação de nutrientes, que podem ser utilizados no enriquecimento do solo para jardinagem e agricultura. Através da compostagem, um volume muito grande de resíduos deixa de ser enviado ao aterro sanitário. Isso significa que a compostagem possibilita importantes ganhos ambientais e também econômicos.

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