Professora aposentada revive a profissão em lar para idosos

Considera-se que algumas atividades, após desenvolvidas, não são facilmente esquecidas. Uma delas é o ato de lecionar, uma vez que o aprender é constante na vida cotidiana. O Lar São Vicente de Paulo, em Rio Pardo, registra uma história muito inspiradora relacionada à profissão de educador. No local reside Rosa Maria Severo, 76 anos, que carrega com orgulho o fato de ter sido professora e alfabetizadora por grande parte de sua vida. 

Rosinha, como é conhecida, vive no lar desde outubro do ano passado. Ela deu entrada meses após o falecimento de seu irmão, com quem morava na região central de Rio Pardo. Após o ocorrido, ela encontrou dificuldades para morar sozinha devido a problemas de saúde no joelho e no quadril. Então, optou por ir para o lar. “Fiquei oito meses sozinha, me movimentava com muletas. Mas não queria continuar levando preocupação para o restante da família e ainda com constante dor para mim”, relembra.

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Rosinha conta que escolheu o São Vicente de Paulo porque morou na casa que fica em frente ao lar, na Rua Francisco Alves, e já conhecia o trabalho das irmãs. Apesar do estereótipo negativo em relação aos lares de idosos, Rosinha fala com muito carinho do lugar onde reside atualmente. Ela é grata pelo carinho que recebe diariamente das cuidadoras e dos profissionais. “É um capricho diferenciado de uma casa geriátrica. Somos muito bem cuidados e protegidos”, afirma.

Foi durante um dos momentos com a pedagoga do lar, a professora Carmen Lucia do Couto, que surgiu a oportunidade de Rosinha reviver sua atividade profissional, da qual é aposentada há 29 anos. No local, ela divide residência com Deni Conceição, de 65 anos. Durante uma das atividades com Carmen, Deni relatou sua vontade de voltar a ler e escrever, já que finalizou seus estudos na 5ª série do Ensino Fundamental. Foi então que Rosinha se propôs a reviver a alfabetização junto com ela. 

Com a ajuda de um caderno e de trabalhos impressos cedidos por Carmen, as colegas de residência deram início a sua jornada de aprendizagem. Os encontros, que duram cerca de uma hora, ocorrem durante as manhãs em uma das salas de visita do lar.

Rosinha conta que os estudos iniciaram-se pelas vogais e pelas consoantes. Após mais de um mês, Deni já está escrevendo frases e fazendo contas de adição. “Por enquanto, estou ajudando somente ela, porque demonstrou vontade”, comenta.

Apesar de enxergar com certa dificuldade, Deni realiza todas as atividades e está entusiasmada com as aulas. “Senti vontade de estudar e estou gostando. Estou ansiosa para preencher todo o caderno”, brinca. Além de ganhar uma amiga, Rosinha diz estar feliz por poder reviver a época em que atuava como educadora. “A Deni é muito querida e eu fico feliz pelo fato de que ela está gostando. É uma alegria para mim poder ajudar e firmar este compromisso”, salienta. 

Legado na educação

Rosinha iniciou como educadora aos 18 anos. Ela dava aula para alunos dos anos iniciais, mas também ensinou sobre Ensino Religioso e foi supervisora escolar. Formou-se em Pedagogia, passou por diversas instituições de ensino em Rio Pardo e se aposentou na Escola Estadual Fortaleza. Mesmo tendo encerrado suas atividades nos educandários, Rosinha foi procurada para dar aulas particulares e também atuou com grupos de jovens católicos. 

Apesar do apreço pela atividade, ela precisou se desvincular devido à sua condição de saúde. “Gostava muito de lecionar e sinto falta dos meus colegas e alunos. Sempre me fez muito bem, por isso precisamos fazer o que gostamos.” Hoje, Rosinha conta com o carinho dos ex-alunos, especialmente em publicações nas redes sociais feitas pelo Lar São Vicente de Paulo.

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