Os produtores de leite do Estado enfrentam uma forte queda no valor pago por litro. A média atual é de R$ 1,85, enquanto o preço chegou a R$ 2,15 para volumes maiores entregues às indústrias. Os motivos elencados para a redução são a diminuição no consumo, com o fim do auxílio emergencial, e a produção alta, além de importações elevadas.
Segundo o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Eugênio Zanetti, para que os produtores trabalhassem com uma margem justa, o preço do leite deveria estar pelo menos a R$ 2,10 por litro no campo.
“O custo está estrangulando a margem neste primeiro trimestre. Tivemos o reajuste na ração, em torno de 40%, nos últimos seis meses; de 25% nos fertilizantes nos últimos dois meses; e de 45% nos medicamentos e materiais de borracha e plástico”, explica.
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O presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, afirma que é necessário fazer uma comparação. Para ele, a remuneração do leite precisa ser maior do que o valor pago por um quilo de ração. “Estamos no amor à profissão. Nós precisamos de uma política de exceção. Manter os nossos produtores de leite vivos é uma questão de soberania nacional”, frisa.
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O produtor Milton Frantz, de Cerro Alegre Alto, interior de Santa Cruz do Sul, está recebendo R$ 2,15 pelo litro. Porém, o quilo da ração fica em R$ 2,48. A base de proporção da alimentação de uma vaca holandesa é de 10 quilos para a produção de 30 litros de leite.
Os custos aumentaram e dificultam a atividade. “Encareceu bastante para fazer silagem. Ainda estamos tentando nos recuperar da estiagem do ano passado. Ficamos sem reservas. Ainda temos medicamentos, sal mineral, óleo diesel e manutenção de equipamentos. Estamos utilizando caroço de algodão, que é mais barato do que o farelo de soja”, comenta.
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Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Cruz do Sul, Renato Goerck, os produtores estão com pouco poder de barganha. “De dezembro para cá, a queda no preço foi acentuada. Caiu de R$ 0,20 a R$ 0,40, conforme o produtor. Em contrapartida, os custos aumentaram muito. As rações subiram 45% e os medicamentos chegaram a 40%”, avalia.
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Goerck tem esperança de melhora na entressafra do inverno, quando o consumo sobe e a oferta no mercado é reduzida. “Vemos muito leite importado e existe uma disputa desleal. Só não estamos marcando mobilização pelas restrições da pandemia”, acrescenta.
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A semeadura das pastagens de inverno começa em abril, conforme o técnico em agropecuária Vilson Pitton, da Emater/RS-Ascar. Segundo o profissional do escritório de Santa Cruz do Sul, é necessário fazer uma análise do solo antes para realizar a adubação correta.
Para o desenvolvimento correto do pasto, a melhor opção é fazer a semeadura durante o mês de abril, até pelo cenário climático que se desenha neste ano. Os insumos vão garantir as necessidades nutricionais da planta.
As principais pastagens são de aveia e azevém. Porém, os produtores podem optar por outras variedades. “Com centeio e trigo duplo, por exemplo, o produtor poderá deixar para produção de grãos após o período de pastejo e ainda utilizar em forma de ração”, detalha Pitton.
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