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Produtores dão início à venda da safra 2018/2019

Mesmo sem um acordo entre as entidades representativas dos produtores de tabaco e a indústria, os fumicultores começam a vender a safra 2018/2019. Em janeiro, as negociações foram suspensas após a segunda rodada de debates para definição do preço terminar sem resolução. O coordenador de pesquisa e estatística da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) Afubra, Alexandre Paloschi, informou que a porcentagem de entrega ainda é mínima, principalmente em razão das incertezas que rodeiam o setor. “Os fumicultores esperam que o preço aumente. As famílias trabalham o ano todo em cima do produto, que muitas vezes representa sua principal renda, por isso qualquer centavo a mais por arroba faz a diferença”, destaca.

Em Linha Henrique D’Ávila, no interior de Vera Cruz, o produtor Claiton Rodrigo Helfer entregou 70 arrobas no dia 15 de janeiro, com média de R$ 132,00 por arroba. “Ficou bem abaixo do ano passado, mas a qualidade era inferior também em função do granizo”, conta. Nesta safra, a família perdeu dois terços da produção para as pedras de gelo. Helfer afirma que a granizada durante o desenvolvimento das plantas fez com que colhesse apenas 400 das 1,2 mil arrobas que projetava.

Foto: Lula Helfer
Claiton Helfer e a esposa Geovana entregaram 70 arrobas de tabaco em 15 de janeiro

Diante das perdas e do cenário ainda incerto do setor, estima que o valor médio para seu tabaco fique em torno de R$ 120,00 por arroba – no ano passado, foi de R$ 160,00. Situação semelhante é enfrentada pelo fumicultor Mário Ferreira Gomes, de 58 anos, morador da mesma localidade. “Perdi 500 arrobas para o granizo”, conta. Sobraram apenas dez mil pés para negociar com a empresa integradora. Na semana passada, Gomes vendeu 40 arrobas do tabaco que conseguiu salvar na lavoura, com ganho médio de R$ 143,00 por arroba.

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Foto: Lula Helfer
Gomes: média de R$ 143,00 por arroba

 

Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vera Cruz, Geraldo Back, nas áreas que não foram afetadas pelas pedras de gelo, a qualidade do tabaco é superior à safra anterior. No entanto, lamenta que não haja uma posição definitiva em relação ao preço do produto. “Hoje as empresas aplicam percentuais que não cobrem os custos de produção”, critica.

Foto: Lula Helfer
Back: percentuais não cobrem os custos

 

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ENTENDA

Nos dias 16 e 17 de janeiro as entidades representativas dos produtores de tabaco realizaram a segunda rodada de negociações com as empresas para definição do preço. Sem acordo entre as partes, as tratativas foram suspensas. A principal divergência é porque as propostas apresentadas ficaram abaixo da variação do custo de produção apurado tanto pelas empresas como pelas entidades, com exceção de duas companhias: uma apresentou proposta de reajuste com percentual acima da variação do custo de produção, mas um reajuste não linear, enquanto outra apresentou proposta de reajuste acima do custo de produção próprio, mas abaixo do custo apurado pelas entidades.

Representantes da empresa Souza Cruz se reuniram no dia 25 de janeiro com a Federação dos Trabalhadores da Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) para propor a retomada das negociações sobre o preço do tabaco da atual safra. A indústria também informou que começou a praticar o reajuste de 3,08% sobre a tabela do ano passado. O 1º vice-presidente da Fetag, Nestor Bonfanti, disse ontem em entrevista à Rádio Gazeta que as seis federações dos três estados do Sul do País e a Afubra precisam ser comunicadas pela empresa para reabrir as tratativas.

No entanto, destacou que para isso as empresas devem apresentar propostas melhoradas em relação aos encontros anteriores. Os fumicultores reivindicam ao menos 5,9% de reajuste, equivalente à média do aumento no custo de produção.

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Colheita segue para a reta final

Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná já colheram 70% do tabaco estimado para a safra 2018/2019, que é de 306.060 hectares. Nos três estados, os percentuais estão em 68% (tabaco virgínia), 89% (burley) e 89% (tipo comum). A média nas microrregiões de Santa Cruz do Sul, Sobradinho, Candelária e Venâncio Aires é de 81,5%.

Segundo o coordenador de pesquisa e estatística da Afubra, Alexandre Paloschi, nas partes baixas das microrregiões de Santa Cruz e Venâncio Aires o trabalho nas lavouras está praticamente encerrado. De maneira geral, a colheita no Sul do Brasil deve ser encerrada dentro de 30 a 35 dias, dependendo do clima.

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