Mobilizados pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS) e sindicatos de trabalhadores rurais, com apoio de secretarias municipais de Agricultura, produtores de leite do Estado fecharam ontem a ponte internacional Barão de Mauá, em Jaguarão, na divisa do Brasil com o Uruguai. O protesto teve como objetivo forçar o governo federal a adotar medidas para solucionar a crise do setor do leite. Uma das reivindicações é que a União revise os incentivos fiscais para a importação de leite em pó do Uruguai, por isso a manifestação ocorreu na fronteira.
A importação, sem estabelecimento de cotas, é considerada um dos principais motivos do baixo preço pago ao produtor pelo leite. Conforme a Fetag, em torno de mil produtores participaram do protesto e muitos portavam faixas nas quais destacavam suas reivindicações e cobravam atendimento do governo federal. “Não à importação de leite”, “Quem regula o mercado do leite?” e “Governo, faça a sua parte” foram algumas das frases expostas. O protesto ocorreu das 10 horas às 13 horas com a ocupação da ponte internacional, por onde entra leite em pó do país vizinho.
De acordo com a Fetag, só em 2016 o volume de leite que cruzou a ponte foi suficiente para processar 1,03 bilhão de litros. O presidente da Federação, Carlos Joel da Silva, diz que o recado às autoridades foi dado. “Não deixaremos que o Mercosul quebre a cadeia leiteira gaúcha, a exemplo do que ocorreu com o trigo e agora também se encaminha com o arroz. O governo tem que proteger os produtores, como acontece em outros países. Nunca é demais lembrar que é pela agricultura e pecuária que ainda há esperança de dias melhores para todos os brasileiros”, salienta.
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De Santa Cruz
A Secretaria de Agricultura de Santa Cruz locou ônibus para levar 50 produtores de leite ao ato. O secretário Elo Schneiders foi com eles e participou da manifestação. “O protesto foi pacífico, o grupo não enfrentou problema ou pressão para desocupar a ponte”, ressalta. A passagem ficou impedida por três horas, segundo Schneiders, e apenas alguns caminhoneiros reclamaram. “É uma pena que tenha que ser desta forma”, diz o secretário, referindo-se à luta para chamar a atenção do governo federal. A mobilização quer a criação de cotas de importação de lácteos do Uruguai sem a liberação automática; compras governamentais de lácteos; revisão dos preços mínimos do leite e políticas de incentivo e fomento à cadeia produtiva.
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