O produtor Valério Lopes, 71 anos, com propriedade em Cerro Alegre Baixo, interior de Santa Cruz do Sul, está esperando a uva da safra atual amadurecer mais um pouco e ficar mais doce para iniciar a colheita. No ano passado, ele começou a apanhar a fruta em 10 de janeiro. A ideia agora é também iniciar na primeira quinzena de janeiro de 2018, o que vai depender de a fruta ficar no ponto certo de maturação. E, pelo menos até o momento, o agricultor está otimista em relação à produção.
Com 3 mil pés da variedade bordô, distribuídos em 1 hectare da propriedade, Lopes acredita que a produção total a ser obtida deverá ser de seis a sete mil quilos, que ele considera boa. No ciclo passado, houve 50% de quebra na produção. O motivo é desconhecido por Lopes, que atua no cultivo de uva há 20 anos. “Nessa safra parece que teremos uma boa produção, se não ocorrer queda de granizo. A qualidade até o momento também está boa”, ressalta. As uvas colhidas na propriedade são utilizadas para suco e vinho colonial, e parte é vendida in natura.
A comercialização dos produtos e da fruta in natura é feita de forma direta, na propriedade de Cerro Alegre Baixo. Os clientes vão até lá buscar. Alguns compram a fruta in natura para produzir sucos. A produção leiteira e a dos parreirais é a principal fonte de renda de Lopes e sua esposa Margarida, 62 anos. Os dois filhos do casal, Marco André, 37 anos, e Simone Beatriz, 42, têm outras atividades, mas quando necessário, ajudam os pais no cultivo da uva.
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De acordo com o técnico agropecuário Vilson Pitton, do escritório local da Emater, o interior de Santa Cruz do Sul não tem tradição no cultivo da uva e conta com poucos produtores trabalhando com essa cultura. No município há apenas dois que se dedicam mais à fruta, com visão comercial em relação a ela. Um deles é Valério Lopes e o outro, um agricultor da localidade de Boa Vista. Este último mantém dois hectares com parreirais.
Colheita deve começar em janeiro. Foto: Rodrigo Assmann.
Inverno atípico antecipa maturação
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Em Encruzilhada do Sul, os produtores devem começar a colheita da fruta entre 10 e 15 de janeiro de 2018. São uvas de diferentes variedades, a maior parte destinada à produção de vinhos finos e espumantes, enquanto em Santa Cruz predomina a americana (comum), para suco e vinhos artesanais, conforme o técnico da Emater Marco Antônio dos Santos. Ele explica que algumas das variedades plantadas em Encruzilhada amadurecem em janeiro e outras em fevereiro. “Este ano, como o inverno teve pouco frio, as plantas brotaram mais cedo e anteciparam a maturação em cerca de 15 dias”, afirma. O normal seria a colheita começar no fim de janeiro ou início de fevereiro.
Somando os espaços ocupados com uva por empresas e produtores, Encruzilhada tem em torno de 650 hectares com parreiras. Os empreendimentos de produção de uvas finas pertencem a empresas e algumas parcerias com produtores. Já as uvas americanas são cultivadas por agricultores familiares que vendem para consumo in natura e produzem para sucos e vinhos artesanais. Santos acredita que a produção da atual safra será menor que a esperada devido ao inverno atípico deste ano, com horas de frio insuficientes. “Daria de 10 a 12 toneladas por hectare e deve ficar em 8 toneladas por hectare.”
Em compensação, segundo Santos, o período seco, que está prejudicando as lavouras de soja e milho, é bom para a uva que se encontra em maturação, porque favorece a sanidade dos frutos, resultando em menor incidência de doenças fúngicas. “Os dias de poucas chuvas também vão gerar uma produção com melhor grau brix (concentração de açúcares)”, ressalta.
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