Há cerca de 20 anos, incentivada por um programa de diversificação na propriedade rural, a família Lopes, moradora de Cerro Alegre Baixo, em Santa Cruz do Sul, aderiu à produção de uvas. A iniciativa deu tão certo que eles deixaram o tabaco e, com o tempo, foram reforçando a atenção às frutas e diminuindo outras práticas, como a atividade leiteira. Atualmente, com 1,3 hectare de parreiral, são os únicos que produzem de forma comercial no município.
Além dos bons resultados, que fazem com que a uva seja o carro-chefe na obtenção de renda na propriedade, a família também comemora a sucessão rural, que tem sido um problema no setor primário. Assim, o senhor Valério e a esposa Margarida começaram a produção, que hoje tem sequência com o filho Marco André Lopes. E até o neto Inácio já participa, auxiliando em especial na colheita.
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A boa safra, que se anuncia pelo auxílio das condições climáticas e pelo manejo bem feito pelos Lopes, começa a deixar o parreiral a partir do dia 10 de janeiro. O destino é o consumo in natura, com os clientes buscando na propriedade. “Uns usam para comer, outros fazem sucos ou vinho. Nós também fazemos vinho, mas para nosso consumo”, destaca Marco.
O produtor ressalta um diferencial na sua colheita, que é o fato de a uva ser totalmente orgânica. “Temos irrigação, parte coberta, mas em nenhuma situação utilizamos químicos na plantação. Aqui, sabemos o que vamos comer”, reforça. Ele frisa que, mesmo tendo essa condição especial, manterá os mesmos preços praticados na safra passada.
Os valores continuam os mesmos, assim como a busca pela qualidade, que envolve poda adequada, adubação orgânica, raleio (a retirada de algumas bagas no cacho para que as demais tenham espaço para crescer de forma saudável) e a colheita. Todo esse trabalho vai resultando na ampliação de variedade, incluindo as sem sementes, que têm tido grande procura.
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Extensionista da Emater/RS-Ascar, Vilson Pitton destaca que na propriedade dos Lopes são atendidos requisitos que proporcionam os melhores resultados, como a irrigação e a cobertura. Acrescenta, porém, que o clima também tem colaborado. “A quantidade a ser colhida depende muito de como janeiro se comporta. Quando é chuvoso, prejudica, o que não deve se confirmar neste ano”, enfatiza. Com isso, o 1,3 hectare com parreiral deve produzir 5 mil quilos do fruto, sendo a maior parte da variedade bordô.
Além da quantidade, deve vir com qualidade, porque, de acordo com o produtor Marco Lopes, com o tempo seco a fruta ganha mais açúcar. O contratempo seria o estresse gerado na planta pelo calor, mas isso é contornado com o sistema de irrigação.
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