A cadeia produtiva do leite em Santa Cruz do Sul tem enfrentado dificuldades nos últimos anos. O alto custo da mão de obra e a política de preços utilizada pelas empresas do setor são fatores que justificam a queda no número de produtores. O município chegou a ter 260 pessoas no ramo; atualmente são 145.
Conforme o técnico agropecuário Vilson Pitton, da Emater/Ascar-RS, aqueles com menor capacidade de entrega de leite são os que mais encontram desafios. “As cooperativas e empresas que compram valorizam quem produz mais em litros, e isso influencia também na política de preços, o que desmotiva aquele que produz menos”, explica.
Os altos custos também fazem com que muitos desistam do ramo. “Historicamente, todo ano algumas famílias deixam de produzir, e são poucas as que iniciam no setor. Hoje se mantêm bem aqueles que investiram alto e garantem uma maior litragem”, explica.
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Apesar da queda no número de produtores, a oferta em Santa Cruz se encontra em um bom patamar. “Algumas propriedades passam de cem litros por dia. Isso compensa para que a demanda seja atendida”, analisa Pitton.
Sobre o preço, o técnico comenta que varia conforme a época do ano. “No verão, o consumo diminui e, consequentemente, o produto não fica escasso e o preço desvaloriza. No inverno, ocorre o efeito contrário: o consumo aumenta e, com isso, o preço pago ao produtor é valorizado.”
A atividade leiteira do Rio Grande do Sul tem sofrido com a estiagem que começou no verão. A situação ocasionou baixa condição corporal das vacas em lactação, diminuindo a produção. Apesar disso, a qualidade do leite não chegou a ser prejudicada. No ano passado, Santa Cruz foi responsável por 9,5 milhões de litros. A expectativa é que esse número se mantenha neste ano.
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O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares, Sérgio Reis, diz que a última estiagem afetou o volume e também aumentou os custos nas propriedades, como a alimentação das vacas. “Muitos agricultores conseguiram amenizar os custos com o estoque de silagem, garantindo a manutenção da propriedade.”
Segundo o presidente, a atividade não satisfaz totalmente os produtores. “A instabilidade e a insegurança no preço do alimento, por ser de cesta básica, causam preocupação aos produtores menores.” Reis completa que é necessário ter segurança quanto à valorização. A produção santa-cruzense é destinada para cooperativas do Vale do Taquari e do município de Passo do Sobrado.
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A propriedade de Jair Paulo Breunig foi adaptada para a cadeia leiteira . Ele tem 41 anos e mora com sua família em Linha Júlio de Castilhos, no distrito de Monte Alverne. Há 11 anos aposta na diversificação rural, com criação de vacas e plantio de tabaco.
Apesar da pouca chuva nos últimos meses, o cenário de estiagem foi minimizado, segundo Breunig. Ele armazenou água usando uma cisterna distribuída, por meio de edital, pela Prefeitura de Santa Cruz do Sul. “Com apoio da Secretaria de Agricultura pude realizar muitos investimentos, como instalação de energia solar, cisternas, correção do solo e construção de galpões. No início, também financiei com a Prefeitura vacas novilhas e a terraplenagem e participei do Programa Troca-Troca de Sementes.”
Breunig conta com 32 vacas leiteiras, a maioria da raça holandesa. O plantel deve aumentar para 54 animais. No ano passado, ele atingiu a marca de 190 mil litros de leite – uma média de 15 mil por mês. “A expectativa para este ano é que possamos chegar a 200 mil litros. Isso vai depender do clima e da alimentação com pastagem, que precisa estar em bom estado”, explica.
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Breunig é associado à Cooperativa Languiru e toda a sua produção é entregue para a empresa. “O litro é vendido a R$ 2,75. Considero um preço bom para esta época, mas espero um reajuste. A produção é automatizada, e estamos tirando cerca de 400 litros por dia. Isso deve aumentar para 700 litros em agosto.”
Ele comentou a crise pela qual a Languiru vem passando, mas a cooperativa continua pagando os associados em dia. “Há nove anos eu sou sócio e tenho muito orgulho. Eles sempre nos pagaram e continuam pagando sem atrasos. Além disso, conseguimos comprar com a cooperativa produtos essenciais para a atividade, com bons descontos”, conta.
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Com todos os investimentos feitos, os animais ficam confortáveis e não passam frio nem calor, o que reflete na qualidade do leite. “Eu tive muito apoio dos meus pais quando resolvi entrar no ramo, e espero dar sequência no trabalho com a sucessão familiar. Algo difícil nos dias de hoje.”
Durante a visita da Gazeta do Sul à propriedade de Breunig, o secretário de Agricultura de Santa Cruz, Decio Hochscheidt, também foi conhecer a estrutura. Para ele, o Município deve expandir a atividade nos próximos anos. “É um produto que trará valor agregado às propriedades do nosso interior, formando uma nova cadeia de produção.”
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Hochscheidt destaca os incentivos que a Prefeitura dispõe para as famílias rurais. “Temos a entrega de cisternas para amenizar a estiagem, linhas de financiamentos e programas de vacinação de animais, como a vacina da brucelose bovina.”
Ele orienta produtores que desejam investir no ramo que busquem pela secretaria, localizada na Rua Tenente Coronel Brito, 176, onde serão dada as orientações. “Estamos de portas abertas para ajudar,” complementa o secretário.
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