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Produção de frutas incentiva a sucessão rural na região

A produção de frutas tem atraído a atenção de agricultores no Rio Grande do Sul. A atividade é uma boa alternativa de renda para a agricultura familiar, pois em áreas menores é possível obter boa rentabilidade onde a produção de grãos não seria tão viável. Além disso, a fruticultura tem estimulado a sucessão familiar em propriedades rurais. “A fruticultura costuma ser uma tradição nas famílias que vem dos bisavós e vai passando entre as gerações”, comenta o extensionista rural agropecuário da Emater/RS-Ascar, Vivairo Zago.

Nos 23 municípios que compõem o Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) do Vale do Rio Pardo, a fruticultura se destaca em algumas localidades, como Encruzilhada do Sul, Rio Pardo, Ibarama e Sobradinho. Em janeiro é realizada a colheita da maior parte das espécies frutíferas cultivadas na região, como uva, melancia, maçã e mirtilo.


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Na região baixa do Vale do Rio Pardo, em direção à Serra do Sudeste, Encruzilhada do Sul apresenta maior destaque em fruticultura. O município conta com empreendimentos empresariais e familiares nessa área. Atualmente há cultivo de aproximadamente 1.200 hectares de melancia, o que envolve 25 famílias, com a colheita estimada em 24.000 toneladas.

A produção de uva no município é desenvolvida por 27 unidades de produção tanto familiar como empresarial, em área de cerca de 494 hectares e produção estimada de 2.970 toneladas. Na propriedade do agricultor Paulo Roberto Minuzzi, o Beto, como é conhecido, na localidade de Alto das Pedrinhas, são cultivados 10 hectares de uva das variedades Bordô, Niágara Rosa, Niágara Branca, Isabel e Francesa. “Nossa família é de origem italiana e meu pai, Antônio Carlos, já conhecia a atividade. Enquanto outros produtores investiram no cultivo de outras frutas, nós enxergamos na uva uma atividade familiar e com potencial de venda”, conta Beto.

Anualmente, a família produz, em média, 4 mil litros de suco de uva e 6 mil litros de vinho. A produção da família Minuzzi é comercializada na propriedade, na Fruticultura e Cantina Minuzzi, e por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), atendendo as redes municipal e estadual de educação. “A ideia é investir em técnicas para aumentar a produtividade, sem aumentar a área de produção. Também estamos buscando a legalização da cantina para alcançar novos mercados com a produção de vinho, que é realizada de maneira artesanal”, projeta o agricultor. Além da uva, Minuzzi tem na produção de amora-preta uma importante fonte de renda para a família.

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Outras variedades

Assim como Beto Minuzzi, outras 17 famílias de Encruzilhada do Sul investem na produção de amora-preta. Juntas, elas somam 15,5 hectares e produção de 90 toneladas. Ainda em Encruzilhada, cinco famílias cultivam 49 hectares de maçã, com produção de 600 toneladas, e recentemente a produção de mirtilo tem atraído agricultores. Nessa atividade são quatro famílias envolvidas, com área de aproximadamente três hectares.

Rio Pardo também se destaca na fruticultura, com uma área de 500 hectares dedicados à produção de melancia. Nessa atividade são 40 famílias, com produção estimada de 10 mil toneladas. Os pomares de nogueira-pecã também têm despertado o interesse dos agricultores rio-pardenses. No município, são 100 hectares cultivados, com produção de 7.500 toneladas, envolvendo 20 famílias.

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Famílias mantêm tradição da uva no Centro-Serra

A viticultura tem se destacado na microrregião Centro-Serra, principalmente nos municípios de Sobradinho e Ibarama. Juntos, eles somam 30 famílias envolvidas com o cultivo comercial de uva, com produção média de 1.250 toneladas anuais. Nesses municípios, a maior produção é das variedades americanas, como Bordô, Niágaras, Francesa e Goethe, que são utilizadas para consumo in natura e elaboração de vinhos coloniais.

A região conta também com três cantinas empresariais. Além da uva, no Centro-Serra são cultivadas em áreas menos expressivas outras frutas, como ameixa, kiwi, pêssego e caqui.

Na propriedade da família Wagner, na localidade de Linha São João, interior do município de Ibarama, oito hectares são destinados para frutas: laranja (cinco hectares), bergamota (dois hectares) e pêssego (um hectare). Essa sempre foi a atividade desenvolvida pelo patriarca da família, Cláudio Wagner.

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Com o recente falecimento do pai, o cultivo agora é conduzido pelos filhos Felipe e Fernando e pela matriarca Marelisse. “Estamos nos organizando para continuar nessa atividade. Pensamos em mecanizar a produção, principalmente na parte da roçada, que meu pai fazia manualmente”, conta Fernando.

A produção da família Wagner é comercializada de forma direta ao consumidor no município-sede e na região, nas residências, no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) para as escolas de Ibarama e em restaurantes para a produção de suco de laranja. A família tem planos para o futuro. “Além da mecanização, queremos aumentar a área de laranja e bergamota, que são as frutas com maior demanda e de maior durabilidade durante o ano, e também a produção de pêssego. Ainda queremos investir no cultivo de ameixa, que tem bastante procura”, projeta o jovem agricultor.

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Quanto a agroindustrializar a produção, Fernando ressalta que é preciso ter calma. “Estamos conhecendo uma agroindústria de suco, mas isso é uma ideia mais para a frente. Atualmente toda a laranja que produzimos é comercializada, e temos demanda para mais produção. Então, vamos aumentar a produção para atender a essa demanda já existente e depois pensar na agroindústria”, pondera.

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Safra tem períodos de chuvas abaixo do normal

O extensionista rural agropecuário Vivairo Zago, da Emater, ressalta que na safra foram registrados alguns períodos de chuvas abaixo do normal na primavera. “No entanto, as frutíferas perenes praticamente não foram prejudicadas. Essas espécies possuem um sistema radicular amplo e resistem mais aos períodos com chuvas irregulares. Desde que não haja déficit hídrico, essas culturas se beneficiam com o clima mais seco, resultando em melhor sanidade e qualidade das frutas”, explica.

Segundo o extensionista, a produção de melancias registrou perdas em razão da estiagem, estimadas em cerca de 25% nos plantios de outubro no Vale do Rio Pardo. “A fase de formação dos frutos foi a mais afetada. Assim, os plantios de outubro não irrigados tiveram alto percentual de frutos não comerciais. Os plantios de novembro estão com bom potencial de produção com a volta das chuvas”, observa.

No Rio Grande do Sul, de acordo com a Emater, vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), a produção de melancias é realizada por 1.370 famílias, com cerca de 220 mil toneladas. O cultivo de uvas para a indústria é feito por 14.270 famílias, com colheita de 710 mil toneladas. Já a produção de maçãs conta com o trabalho de 740 famílias, que resulta em 499 mil toneladas; a amora-preta envolve 320 famílias e registra produção de 260 toneladas; e o mirtilo é cultivado por 65 famílias, com resultado de 310 toneladas.

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