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Procure pelos sinais

Em épocas como a que vivemos, turbulentas por um lado, com poucas certezas por outro, é útil procurar obras e autores que nos ajudem a encontrar um caminho. Um desses livros foi publicado em 2012, escrito por Nate Silver, estatístico norte-americano conhecido pelas previsões que faz sobre as eleições presidenciais americanas. Há muita coisa interessante em O sinal e o ruído – Por que tantas previsões falham e outras não, mas tudo permeia o próprio título, e é sobre isso que quero falar.

Silver analisa várias áreas em que se faz previsão de alguma coisa (clima, erupções vulcânicas, eleições, esportes – notadamente o beisebol) para identificar, digamos, “os dois lados da moeda”: o sinal e o ruído. Os sinais são o que se busca, aquelas evidências fortes que mostram o que pode acontecer, ou pelo menos o que tem mais chance de acontecer. Já os ruídos são os enganos; as informações erradas, contraditórias ou mal analisadas; os preconceitos que nos dão uma interpretação torta da realidade. Enfim, tudo o que nos leva para o lado contrário, para longe da chance de fazer previsões mais ajustadas.

Se formos analisar a nossa realidade, o padrão sinal–ruído está presente. Nas nossas relações pessoais, nas questões de trabalho, nas decisões financeiras, na avaliação que fazemos da situação do País, e até no nosso comportamento nas mídias sociais. Tudo parece ser sinal ou ruído, infelizmente com boa vantagem para o último. Não sei se coletamos os dados com erro, ou se o fazemos com muita pressa, o fato é que nos deixamos levar pelos rumos errados e nos desviamos da busca pelo que interessa. Somos tomados pelo que, juramos, são os indícios certos para apoiar nossas decisões, o que geralmente não é o caso.

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As redes sociais, inundadas pelas opiniões políticas sobre nosso momento tormentoso, servem bem para ilustrar isso. Soa estranho, pelo menos para mim, a velocidade com que se opina tão logo este ou aquele acontecimento é tornado público. Muitos acham que é porque os pontos de vista das pessoas estão prontos, que elas já trazem tudo moldado por sua ideologia – já que estamos falando em política –, mas não é isso. O que acontece é que portamos uma grande quantidade de ruídos, um mar de ideias toscas ou muito simplórias, que lançamos mão porque não analisamos os fatos atrás dos sinais, que são o que realmente importa. Não é exatamente “ver o que está por trás”, é mais como “ver o que está à frente”, entender do que se trata. E com isso, desprezar os ruídos.

Se você tem alguma dúvida sobre isso, faça o teste em sua vida pessoal. Tente perceber se, frente a determinada situação, está tomado por aquela estática que se ouvia nos aparelhos de rádio antigos ou se consegue ver além, buscando os sinais que permitirão uma decisão melhor ou apenas um pouco mais de paz para o espírito. 
Sempre procure pelos sinais.

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