Os dados do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) revelam uma redução significativa nos índices de criminalidade na região nos últimos quatro anos – tendência que também é percebida em nível estadual.
Conforme o coronel Valmir José dos Reis, comandante regional da Brigada Militar, essa queda dos números é resultado de um trabalho integrado entre as forças de segurança que iniciou em resposta à migração das facções da capital para o interior do Estado, em 2015. Inclusive, essa movimentação do crime organizado foi, na análise de Reis, a causa de uma onda de homicídios registrada em 2016.
A partir desses crimes, segundo o comandante, já em 2017 as lideranças das forças policiais da região decidiram unir esforços em torno do Sistema Avante, nome dado ao programa de computador que compartilha informações entre as Delegacias de Polícia e unidades da Brigada de todo o Rio Grande do Sul.
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Cruzando os dados, o sistema ajuda a prever, por exemplo, regiões que estão na iminência de sofrer roubos a banco ou outros delitos de repercussão. “É um mecanismo de mosaico, como um quebra-cabeça. Você vai juntando fatos e pessoas, até chegar à origem ou à possibilidade de ações criminosas”, explicou.
O programa online atualiza dados constantemente, analisa os índices de ocorrências dos últimos 11 anos de cada mês e projeta estimativas de criminalidade, sempre propondo estratégias para a redução nos números. “Antes desse sistema, fazíamos nosso planejamento a partir de casos específicos que aconteciam, mas não tínhamos controle simultâneo de todas as ocorrências. Essa ferramenta permite que a BM atue antes que aquele dado previsto se torne uma estatística real. Passamos a interferir e barrar o crime”, ressaltou.
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Um exemplo citado pelo coronel é o de integrantes de uma facção interceptados pela Brigada quando chegavam à região para cometer assassinatos, no período da virada de ano de 2019 para 2020. Os criminosos trocaram tiros com os PMs e fugiram sem concluir seu intento. Dessa maneira, vidas foram salvas.
Para Reis, essa capacidade de antever ações criminosas, proporcionada pelo Avante, tornou-se um divisor de águas no trabalho policial. Antes de 2017, segundo ele, a BM da região notabilizava-se por agir rápido e prender bandidos logo após os crimes. Depois do novo sistema, no entanto, a intenção passou a ser evitar que o crime aconteça.
Veja abaixo alguns gráficos com a variação dos principais indicadores:
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Tecnologia compensa a falta de pessoal
A redução dos índices de criminalidade parece estar na contramão em relação à queda do efetivo das polícias – problema histórico que vem sendo compensado pela tecnologia. Conforme o coronel Reis, um estudo técnico aponta que cada câmera de videomonitoramento equivale à força policial de quatro homens. Em Santa Cruz do Sul, 48 câmeras já foram instaladas.
“A carência de pessoal existe. Mas hoje a cidade possui melhores viaturas, rádio e comunicação aperfeiçoada, um Centro Integrado de Operações, o Ciope, e um 190 digital. Com menos pessoas e mais tecnologia a BM é eficiente, eficaz e efetiva.” Valmir José dos Reis também destacou que os profissionais têm maior formação. Segundo o líder do CRPO, as câmeras não irão resolver o problema, pois o crime migra e se aperfeiçoa na busca por novos espaços, mas a polícia permanece atenta a isso.
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No interior
A preocupação em manter a ordem não se limita ao perímetro urbano. Para frear crimes como o abigeato (furto de animais), a Brigada Militar implementou as Patrulhas Comunitárias no Interior (PCI). Na região, são 18 picapes com dois policias em cada. “São sempre os mesmos que atuam em cada comunidade. O processo comunitário é desenvolvido com a confiança. Com isso, os policiais sabem quem são as pessoas, conseguem identificar se há mudanças acontecendo.” O coronel ainda explicou que, devido à valorização no preço da carne, novos casos de abigeato foram registrados, mas não de forma alarmante.
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