Agronegócio

Primeiros sinais do La Niña começam a aparecer na região

Além do calor, a falta de precipitação deve marcar os próximos dias em todo o Estado. Até o fim da próxima semana, a escassez de chuva vai prevalecer na região de Santa Cruz do Sul, conforme previsão da MetSul Meteorologia, e também o aumento significativo da temperatura. Mas isso não deve perdurar por todo o verão, o que significa que o fenômeno La Niña será de curta duração e não surtirá impactos tão prolongados. Além disso, a situação é amenizada pela umidade ainda presente no solo, por conta das fortes chuvas de 2024.

O engenheiro agrônomo Assilo Martins Corrêa Jr., do escritório local da Emater/RS-Ascar, afirma que essa previsão de certo modo traz alívio aos agricultores, que vêm registrando grandes perdas nas mais variadas culturas nos últimos anos – como, por exemplo, entre 2020 e 2023, quando o fenômeno perdurou por longos períodos e começou ainda entre outubro e dezembro.

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“O déficit isolado em algumas regiões pode afetar o desenvolvimento de certas culturas de verão, como o milho e a soja, mas a perspectiva é de que seja um clima favorável para os cultivos, apesar da confirmação do La Niña”, comenta. Ainda segundo Martins, a preocupação maior em janeiro é com a produção de hortaliças, que pode ser impactada. Elas são de ciclo mais curto, com cultivos sucessivos que, para obter êxito, dependerão de irrigação.

“Boa parte dessas lavouras já conta com irrigação, então a falta de água pode não ser problema. No entanto, a temperatura é outro fator que determina e prejudica a qualidade dos vegetais fornecidos ao consumidor”, afirma.

Ele enfatiza que a previsão do fenômeno La Niña também influencia o plantio. “Quando há indicativo de que teremos La Niña, muitos produtores já reduzem, para não terem perdas tanto com o serviço quanto com a cultura.”

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Quem vive essa realidade de perto já teme o que está previsto para as próximas semanas. A presidente da Associação dos Feirantes de Santa Cruz, Patrícia Nichterwitz, 26 anos, conta que, apesar da pouca chuva, o impacto nas feiras ainda não tem sido tão perceptível. No entanto, o forte calor sim. “Ainda não afetou a disponibilidade de produtos, mas hortaliças como folhagens são afetadas pelo calor e se faz indispensável a utilização de irrigação.”

Segundo Patrícia, a irrigação tem sido feita de três a quatro vezes diariamente e, mesmo assim, as plantas ficam murchas. “São poucas culturas e espécies que dispensam o sistema de irrigação. Na nossa propriedade, por exemplo, não usamos na produção de morangas e milho.”

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Moradores da localidade de Linha Travessa, interior de Santa Cruz, Patrícia e o esposo Fabrício Luís Beckenkamp diminuíram o plantio, a exemplo de outros produtores, prevendo economia com trabalho e insumos.

Feirante Patrícia Nichterwitz tem intensificado a irrigação das hortaliças para amenizar as altas temperaturas dos últimos dias | Foto: Rodrigo Assmann

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O que é o fenômeno

O La Niña tem impactos relevantes no sistema climático global, sendo caracterizado por temperaturas abaixo do normal na superfície do Oceano Pacífico equatorial central e oriental. Essa condição contrasta com o El Niño, sua contraparte quente.

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Durante um evento de La Niña, as águas do Oceano Pacífico ficam mais frias do que o normal. Isso tem efeitos significativos nos padrões de vento, precipitação e temperatura ao redor do globo. A última vez em que a fase fria esteve presente foi entre 2020 e 2023, com um longo evento que trouxe sucessivas estiagens ao Sul do Brasil e uma crise hídrica no Uruguai, na Argentina e no Paraguai.

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No Brasil, os efeitos variam de acordo com a região. O Sul geralmente registra menos chuva, enquanto o Norte e o Nordeste têm um aumento das precipitações. Cresce o risco de estiagem no Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul, embora mesmo com La Niña possam ocorrer eventos de chuva excessiva a extrema, com enchentes e inundações.

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Chuvas retornam na segunda quinzena

O retorno das chuvas ao Estado está previsto para os últimos dez dias de janeiro, mas de forma irregular e esparsa. A previsão se aplica inclusive ao Vale do Rio Pardo. No entanto, as quantidades são incertas, já que as precipitações de verão podem se apresentar curtas e de grande volume em alguns locais, e nas proximidades, serem mais fracas.

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Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

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Guilherme Andriolo

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