Polícia

Primeiro de quatro réus por assassinato brutal no Bom Jesus vai a júri nesta quinta

O primeiro dos quatro acusados de um assassinato brutal, registrado em Santa Cruz do Sul há pouco mais de três anos, sentará nesta quinta-feira, 26, no banco dos réus. Inicia-se às 13h15, no Fórum, o julgamento de César Fabricio Soares Lucas, de 32 anos, apontado como um dos executores de Fagner Adriano Alves, de 36, conhecido como Kiko, em 21 de junho de 2020, dentro de uma residência da Travessa Amazonas, no Bairro Bom Jesus. A sessão será presidida pela juíza Márcia Inês Doebber Wrasse.

O autor da denúncia, promotor Flávio Eduardo de Lima Passos, representará o Ministério Público (MP). Os advogados Diego Lopes dos Santos e Carlos Heitor de Azeredo, de Venâncio Aires, formam a bancada de defesa do réu. Embora o pano de fundo do caso emblemático sejam o tráfico de drogas e as relações envolvendo membros da facção Os Manos, o motivo do crime teria sido passional. Fagner Adriano Alves era irmão de Denis Roberto Alves, hoje com 35 anos.

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Eles integravam a chamada família Moranga, que por anos esteve no radar da polícia. Segundo a denúncia do MP, a motivação para o crime foi o descontentamento da facção com o envolvimento amoroso de Denis e uma mulher que era companheira do traficante Everton Daniel Ferreira dos Santos, vulgo Nezinho, atualmente com 30 anos, que cumpre pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Em virtude disso, outro apenado, apontado pelas forças de segurança como líder da facção Os Manos, e denunciado neste processo, Cláudio Mendes Pacheco, de 44 anos, teria ordenado Ederson Luís de Mello, vulgo Kéty, de 44 anos; Kauê Adriano Soares de Oliveira, de 22; o réu desta quinta, César Fabricio; e ainda um quarto subordinado não identificado pela polícia, a cometerem o assassinato dos dois irmãos.

Na noite do crime, por volta de 22h50, Fagner estava deitado na cama com a esposa Pamela Santos, com quem era casado há três anos, quando ouviu um chute arrebentar a porta. O homem foi assassinado na frente da companheira, com requintes de crueldade, a tiros de pistola calibre 9 milímetros e espingarda calibre 12, a maioria no rosto. Sem disparar contra a mulher, a quadrilha fugiu em um Ford Fiesta vermelho, que seria de César Fabricio.

Fagner foi executado na casa onde morava | Foto: Reprodução

Irmão não estava em casa e escapou da morte

Na investigação da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), em um inquérito de 180 páginas, foi revelado que após o assassinato de Fagner o bando foi até a casa do irmão dele, Denis, no Bairro Faxinal Menino Deus, mas não o localizou. “O intuito do grupo era executá-lo, só não fizeram porque ele não foi encontrado”, explicou o delegado Alessander Zucuni Garcia, no dia da captura de César Fabricio e Kauê, em 18 de dezembro de 2020, detidos nos bairros Dona Carlota e Bom Jesus, respectivamente.

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Durante a prisão de César Fabricio, a polícia apreendeu um celular e diversos pares de calçados supostamente falsificados. Ele, que já tem antecedentes por tráfico de drogas, associação criminosa, receptação, adulteração de sinal identificador de veículo, ameaça e posse de arma com numeração suprimida, está preso no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul, de onde será escoltado pela Polícia Penal até o Fórum nesta quinta-feira.

Já na casa de Kauê, que até então não tinha antecedentes, foram apreendidas munições de calibre 38, um coldre e um celular. Ele teve a prisão preventiva revogada em 2 de março deste ano e responde o processo em liberdade. Na época do assassinato, Toquinho já cumpria pena por outras condenações e teria ordenado o crime de dentro do presídio. Atualmente, ele está na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas.

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O quarto denunciado, Kéty, foi preso uma semana depois do homicídio, em 28 de junho de 2020, pela Polícia Civil, acusado de uma tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte) ocorrida na noite de 22 de abril de 2020, na localidade de Linha Floresta, interior de Vera Cruz. Por este delito, ele foi indiciado e condenado a 14 anos de prisão. Atualmente, cumpre pena na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva).

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Toquinho, Kéty, Kauê e César Fabricio respondem o processo por homicídio duplamente qualificado, com as qualificadoras de motivo torpe (fato de o irmão da vítima ter se relacionado com a companheira de um apenado) e recurso que dificultou a defesa do ofendido (autores estavam em vantagem numérica e Fagner foi atingido pelos tiros sem poder oferecer qualquer defesa).

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Os julgamentos de Toquinho, Kéty e Kauê não aconteceram ainda porque as defesas deles entraram com um recurso contra a decisão de pronúncia da juíza Márcia Inês Doebber Wrasse que os levou a serem julgados em júri popular. Estes embargos jurídicos seguem em análise no Tribunal de Justiça em Porto Alegre e não há previsão de resposta.

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Guilherme Bica

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Guilherme Bica

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