O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) confirmou, na tarde desta sexta-feira, 3, a primeira pessoa com a variante ômicron do coronavírus no Rio Grande do Sul. É o caso de uma mulher residente de Santa Cruz do Sul, que voltou de viagem da África do Sul na última semana. O Cevs recebeu a amostra da paciente no início da tarde de quinta-feira, 2, e realizou o sequenciamento genômico completo do vírus em tempo recorde, aproximadamente 24 horas, para agilizar as ações de vigilância e a adoção das medidas sanitárias necessárias.
A mulher está em isolamento domiciliar e acompanhada pela vigilância em saúde do município. Ela recebeu duas doses de vacina contra a Covid-19 e apresentou febre. Os contactantes também serão testados para a doença. Informações pessoais estão sendo omitidas para preservar a identidade da paciente. A Prefeitura de Santa Cruz do Sul informou que foi realizado um levantamento de todas as pessoas com quem a mulher teve contato desde o retorno ao país, e que todas já foram testadas para a doença. Um contactante residente aqui no Município já teve o seu resultado negativo. Em outro, o primeiro teste de antígeno deu negativo, e agora é aguardado o resultado do RT-PCR, encaminhado ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Ambos estão em isolamento domiciliar.
A secretária municipal da Saúde, Daniela Dumke, reforça a importância de se manter os cuidados básicos, especialmente o uso de máscara e o distanciamento adequado, e completar o esquema vacinal. “Quero tranquilizar a população santa-cruzense de que fizemos todos os encaminhamentos que a ciência e os protocolos mundiais nos indicam, como o isolamento domiciliar e testagem de todos os contactantes”.
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De acordo com o especialista em saúde do Cevs, Richard Steiner Salvato, o sequenciamento genético completo é o teste capaz de determinar com precisão a linhagem do vírus. “É uma técnica laboriosa que, em geral, demanda dias e até semanas para obtenção do resultado. No entanto, trabalhamos sem parar desde que chegou a amostra, inclusive durante a noite, e utilizamos um método de sequenciamento mais rápido para conseguir definir se é uma ômicron no menor tempo possível. Além disso, neste momento temos todos os reagentes necessários para a realização do exame completo, o que nem sempre temos disponível”. Os reagentes necessários para o sequenciamento genético completo do vírus são de difícil aquisição e possuem um lento processo de compra.
Diante da confirmação da nova variante no Estado, a secretária da Saúde, Arita Bergmann, reforçou a necessidade de as pessoas investirem, cada vez mais, nos cuidados básicos, especialmente o uso de máscara e o distanciamento adequado. Além disso, devem procurar as unidades de saúde caso ainda não tenham se vacinado, ou falte alguma dose. Nesta sexta, 842 mil pessoas estavam com a segunda dose em atraso e 721 mil com a dose de reforço atrasada. “Com essa nova variante em circulação, é ainda mais necessário que a proteção seja efetiva, especialmente com uma alta cobertura vacinal”, alertou a secretária Arita.
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Desde essa segunda-feira, 29, o Cevs intensificou a vigilância genômica do coronavírus, em função da nova variante ômicron e a necessidade de identificá-la assim que o vírus modificado entrasse no território gaúcho. Todas as amostras analisadas nos laboratórios do Cevs que resultarem positivas e que possuam carga viral suficiente passam por um teste de RT-PCR específico para a identificação de possíveis casos da variante. Se o teste indicar a presença de uma mutação existente na ômicron e não na delta ou na gamma (variantes em circulação no Rio Grande do Sul atualmente), essa amostra passa por um sequenciamento genético completo para a confirmação. O sequenciamento completo poderá ser realizado no Cevs ou na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
A vigilância genômica do coronavírus é um trabalho de rotina do Cevs durante a pandemia, mas é intensificada durante os períodos em que surgem novas variantes de preocupação no mundo. VOC, variants of concern na sigla em inglês, são variantes que apresentam mutações genéticas capazes de trazer alguma mudança no comportamento do vírus. Salvato explica que a ômicron apresenta um grande número de mutações na proteína Spike do vírus, que é a parte responsável por se ligar à célula humana, e também é a região em que parte das vacinas agem. As mutações na proteína Spike fazem, principalmente, com que o vírus se torne mais transmissível, e essa é das prováveis características da ômicron.
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