Os gaúchos ainda calculam prejuízos com a estiagem, mas já precisam se preocupar com a previsão de uma nova seca para o próximo verão. A lição para reduzir a dificuldade futura é se prevenir com reserva de água. As maneiras são diversas, como a implantação de cisternas para captação de água da chuva, abertura de açudes e preservação das fontes naturais.
Em Santa Cruz do Sul, a Secretaria de Agricultura está agindo por meio da ampliação dos açudes. As localidades têm sido atendidas conforme a demanda. Uma draga é enviada para a propriedade para o serviço. Em média, as aberturas são de 30 metros por 30 metros. “É uma forma de acumular água para prevenir uma escassez mais adiante e suprir as demandas de animais e lavouras”, diz o secretário Tiago Hoelzel Staub.
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O engenheiro agrônomo Assilo Martins Corrêa Júnior, da Emater/Ascar-RS de Santa Cruz do Sul, ressalta a importância de o produtor buscar a assistência com o objetivo de planejar ações e prevenir a falta de água na estiagem. Com recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), é possível adquirir cisternas e construir açudes. “A partir do interesse do produtor, podemos assessorá-lo no sentido de proteger fontes naturais, também pelo fato de ser uma água de maior qualidade para o consumo da família”, explica. Em Vera Cruz, no programa municipal Protetor das Águas, os produtores participantes na sub-bacia do Arroio Andréas recebem por hectare preservado, pela adesão à iniciativa e ainda são isentos da tarifa de água.
Para o extensionista rural da Emater/RS-Ascar de Soledade, Josemar Parise, ficou comprovado na safra 2019/2020 que, quando implementadas práticas de manejo do solo adequadas, as perdas – seja por breves estiagens de duas a três semanas, como tem ocorrido em anos considerados de safras normais, ou em períodos de secas prolongadas, como a última safra – são amenizadas quando o solo é manejado de forma correta. “Descompactação do solo, correção da acidez e da fertilidade, práticas mecânicas conservacionistas e aporte de massa seca em quantidade, qualidade e frequência, seja por sucessão ou rotação de culturas, são imprescindíveis para fazer uma agricultura sustentável”, ressalta.
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Sobre os cuidados para a próxima safra, Assilo aconselha a antecedência no plantio em todas as culturas. Para ele, os produtores evitam o período mais forte da seca, entre dezembro e fevereiro, no estágio em que a planta precisa de maiores volumes de água para o desenvolvimento. Porém, o extensionista frisa que não há uma fórmula correta. No ano passado, por exemplo, o excesso de chuvas e o frio tardio, em outubro, foram prejudiciais. “Apesar desses problemas, quem plantou mais cedo encontrou mananciais mais altos e obteve uma colheita razoável”, destaca. Neste ano, enchentes podem acontecer em outubro, o que prejudicaria a cultura do arroz no período de plantio, por exemplo.
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Irrigação
No dia 22 de maio, a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) criou a Câmara Temática de Irrigação para dar eficácia à política estadual de irrigação e ampliá-la com novos programas e aperfeiçoamento dos já existentes. Segundo o secretário Covatti Filho, a intenção é ouvir sugestões de representações de produtores rurais, fabricantes de equipamentos, empresas que elaborem projetos e demais parceiros da irrigação. “Investir em irrigação é a melhor resposta que podemos dar para a seca. Por isso criamos a Câmara Temática para discutir um programa consistente para ampliação da área irrigada no Estado e garantir mais segurança ao produtor quando faltar chuva”, pondera Covatti.
O diretor de Políticas Agrícolas da Seapdr, Ivan Bonetti, informa que os cultivos de verão, como milho, soja, feijão, além de outros de sequeiro, como frutíferas e hortaliças, somam cerca de 7 milhões de hectares, dos quais, atualmente, menos de 3% contam com irrigação. “Afora estes, existe também a necessidade de irrigação nas pastagens para a produção leiteira e de corte”, argumenta.
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A Seapdr desenvolve o Programa Mais Água, Mais Renda, cuja Licença de Operação foi recentemente estendida por mais um ano pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). “Graças a este programa, foram irrigados 86,5 mil hectares nos últimos anos, sendo que 70% nos três anos subsequentes à estiagem de 2012. O Programa Segunda Água, em parceria com o governo federal, também vem beneficiando agricultores familiares”, completou Bonetti.
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