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Presos em Vale Verde podem ser os mesmos que trocaram tiros com policiais em março

A prisão de dois supostos ladrões de gado, nessa quinta-feira, 29, marcou mais um passo na busca por esclarecer uma série de casos de abigeato (furto de animais) na região ao longo dos últimos meses. A ação foi uma sequência da operação deflagrada pelo 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM) no último dia 7, que identificou mais de cem animais sem procedência nas imediações de uma propriedade rural da localidade de Várzea Oliveira Santos, em Vale Verde.

A partir desse trabalho, uma grande ação voltada à identificação desse gado foi realizada pela Inspetoria Veterinária de Venâncio Aires, o que culminou nessa quinta em mais uma ofensiva, desta vez com o apoio da Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab), com sede em Bagé. Liderados pelo delegado André de Matos Mendes, os agentes foram até as propriedades rurais onde os animais apreendidos na operação anterior haviam sido deixados com fiéis depositários.

Nas ações dessa quinta, quatro vítimas, duas de Taquari, uma de Encruzilhada do Sul e uma de Cachoeira do Sul, reconheceram seus animais por meio de marcas e características, e tiveram o gado restituído. Ao todo, 12 animais voltaram aos seus proprietários, 104 ainda permanecem apreendidos, pendentes de comprovação de origem, e outros 57 ainda não foram vistoriados para se saber em quais condições estão.

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Os policiais também encontraram gado furtado em poder de dois jovens, de 25 e 26 anos. Ambos foram presos em flagrante e serão indiciados por receptação do gado furtado, falsidade ideológica (por não comprovarem a quantidade de animais em suas propriedades) e por adulteração de sinal identificador da marca de um boi. O homem mais velho já possui antecedente por homicídio.

Existe a suspeita, por parte da BM, de que foram os dois que abriram fogo contra policiais militares na noite de 29 de março. Na ocasião, os PMs tentaram abordar um caminhão Ford F-600 na localidade de Passo da Mangueira, em Passo do Sobrado. O motorista disparou com um revólver contra os policiais e os dois criminosos acabaram fugindo a pé, pelos matos. Na carroceria havia 14 animais furtados momentos antes em uma propriedade de Albardão, em Rio Pardo – esse gado já foi restituído ao dono.

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Os dois presos são moradores de Linha Taquari Mirim, em Venâncio, e não tiveram seus nomes revelados. Eles foram encaminhados à Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva).

Delegado alerta para a importância dos cadastros

Em coletiva de imprensa realizada na tarde dessa quinta-feira na Delegacia de Polícia (DP) de Venâncio Aires, o delegado André de Matos Mendes salientou a importância da ação em conjunto entre as forças de segurança e órgãos fiscalizadores. “Não tem como pensar no controle desse tipo de crime se não for com uma ação integrada como essa. Por isso, ressaltamos o trabalho da Brigada Militar, da Polícia Civil e da Inspetoria Veterinária daqui na identificação dessas situações”, afirmou.

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Mendes: “Ressaltamos o trabalho daqui” | Foto: Alencar da Rosa

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“Desde o final de março, estávamos acompanhando as ações das equipes daqui e começamos a trabalhar no caso. Esse trabalho prévio possibilitou que nossa delegacia, especializada em crimes do tipo, pudesse vir até essas propriedades onde o gado estava com algumas vítimas, para que identificassem seus animais furtados”, salientou o delegado Mendes.

“Os criadores precisam compreender que, se eles declaram que têm cem animais, e no campo têm 150, é falsidade ideológica e eles são presos em flagrante. Sabemos que existe um universo de propriedades rurais que podem estar com essas características, por isso frisamos aos proprietários que mantenham seus cadastros sempre atualizados”, complementou o titular da Decrab de Bagé.

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Ainda de acordo com Mendes, os animais ainda não identificados podem ser devolvidos aos proprietários, caso estes comprovem a origem. Porém, até o final da ação penal, existe a possibilidade de alguns bovinos servirem até como indenização para as vítimas que não recuperarem o seu gado, em reparo aos prejuízos causados pelos abigeatários.

“Trabalho segue”, garante comandante da BM em Venâncio

Responsável por coordenar as operações contra o abigeato, a capitã Michele da Silva Vargas, comandante da Brigada Militar de Venâncio Aires, salientou a importância de mais essa ação no combate ao furto de gado. “É um trabalho que estamos desenvolvendo desde março, ao qual damos sequência com esta ação em conjunto com nossos coirmãos da Polícia Civil e Inspetoria Veterinária daqui de Venâncio e também da Decrab de Bagé.”

Segundo ela, o trabalho continua na busca pela identificação de mais vítimas e da procedência dos animais apreendidos. “Pedimos aos criadores que tiveram seu gado furtado para procurarem os sindicatos rurais de cada município, os quais possuem as fotos dos animais apreendidos, pois estamos na busca por identificar mais. Assim, a gente consegue evoluir”, frisou a capitã Michele.

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Capitã Michele: identificar mais vítimas | Foto: Alencar da Rosa

Na coletiva, Antônio Werner, que é fiscal estadual agropecuário da Inspetoria Veterinária de Venâncio Aires e trabalha no caso, enfatizou a importância de os produtores terem notas fiscais, guias de trânsito animal e registros atualizados do gado.

Atual titular da DP de Venâncio Aires, o delegado Vinícius Lourenço de Assunção também enalteceu a união das forças e agradeceu o apoio dos colegas policiais civis da especializada de Bagé. “É um furto bastante difícil de resolver. Que bom que tivemos aqui na nossa região essa atuação profunda da Decrab, para atacar esse crime que atinge nossos agricultores.”

Informações sobre operação foram repassadas em coletiva de imprensa na DP de Venâncio Aires | Foto: Alencar da Rosa

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