A Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) sediou nesta sexta-feira, 27 de setembro, mais um encontro do ‘RS Sustentável: Cada Gota Conta – Para Mais ou Para Menos, o Debate sobre Água é Agora’, promovido pela Presidência da Assembleia Legislativa gaúcha, na gestão do deputado Adolfo Brito (PP).

A série de seminários regionais pelo interior do estado tem debatido sobre reservação de água, irrigação e piscicultura. O primeiro simpósio foi realizado em Sobradinho, no dia 26 de abril, quando autoridades, técnicos, produtores rurais e comunidade em geral participaram da abertura do ciclo de eventos. A agenda de encontros necessitou de interrupção, em razão das intempéries climáticas registradas em maio e subsequentes etapas de resgate, da recuperação emergencial da infraestrutura das regiões e do processo de reestruturação do Estado, que ainda segue. 

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Ao relembrar o encontro inaugural, Brito destacou à Gazeta a presença em Sobradinho de muitas lideranças e a participação de produtores, representantes de cooperativas e sindicatos. “Nós estamos fazendo é um serviço de prevenção. A criação desse projeto foi justamente para prevenir, para que o agricultor não perca mais tanto como vinha perdendo. A cada ano ele está sempre preocupado, muitas culturas durante o ano, uma ou outra safra sempre tem frustração, ao passo que tendo água reservada, no momento adequado que a planta precisa, ele estará com água para fazer aquilo que é necessário. Em Sobradinho, por exemplo, nós éramos a capital estadual do feijão, praticamente paramos de produzir o feijão, porque o agricultor plantava e no momento da floração faltava chuva e ele perdia a safra. Ao passo que se ele tiver a reserva da água, no momento adequado vai fazer a irrigação. Aumenta a produção, aumenta a produtividade, vai manter o jovem no interior, e é recurso que vem para a cidade para girar também. Então essa é a nossa preocupação e o trabalho que está sendo feito pela Assembleia Legislativa, uma participação de praticamente todos os deputados e as federações estão nos auxiliando também”, ressaltou o parlamentar, lembrando também a preocupação com as condições climáticas.

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O ato de abertura do encontro em Santa Cruz do Sul ocorreu após às 9 horas, com as explanações do presidente da ALRS, deputado Adolfo Brito, e demais autoridades presentes. Já o painel temático da sequência, buscou encontrar consensos socioeconômicos, jurídicos, ambientais e técnicos sobre o tema. Este teve início próximo das 11h, com a participação do engenheiro agrônomo José Enoir de Stefani Daniel, assessor técnico do Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional da ALRS; Cássio Alberto Arend, advogado e doutor em Direito Ambiental; Alexandre Hahn, técnico em agronegócio; e Idioney Oliveira Vieira, presidente do Fórum dos Coredes RS. O jornalista Rodrigo Lopes fez a mediação do painel.

De acordo com o engenheiro agrônomo, José Enoir Daniel, a Assembleia tem ido ao encontro das comunidades para debater um pouco mais sobre o tema de reservação de água, irrigação e piscicultura. “É um trabalho que já vem há muito tempo no estado, sendo trabalhado esse assunto, mas que agora o presidente da Assembleia, deputado Adolfo Brito, colocou como foco principal na sua gestão. Neste sentido, estamos indo para o interior do estado para conversar com a população e discutir como é que está a legislação para se executar essas obras hoje. E na Assembleia está se trabalhando com um grupo de advogados e técnicos para que a gente possa atualizar um pouco mais a legislação existente de recursos hídricos para que os agricultores possam, em suas propriedades, com um pouco menos de burocracia, fazer a sua reservação e instalar sua irrigação ou criar seu peixe”, salientou.

Sobre as recentes intempéries climáticas, José Enoir mencionou que o estado tem esses eventos climáticos severos, mas que isso não deve ser considerado como algo normal. “Historicamente, no Rio Grande do Sul, nós temos enchentes e estiagens. Em épocas do ano têm excesso de água, enquanto em outras têm escassez. Então o que estamos fazendo? Procurar reservar um pouco mais desse excedente que ocorre e usar na escassez, que normalmente é no verão, quando se tem as culturas de verão. Essa é a grande preocupação, porque o estado tem o pior clima para se fazer agricultura de verão, porque a chuva é mal distribuída. Não é que não chove. Chove, mas é muito mal distribuída. Se ficarmos muitos dias sem chuva, perdemos uma lavoura de milho, por exemplo, porque a evapotranspiração é alta. Então a irrigação vem complementar o que a chuva não nos dá, e para isso precisamos reservar a água. Nós temos água em abundância no estado, onde chove 1.500 milímetros ao ano, em média. Água nós temos e temos potencial para irrigar mais”, explicou.

A ideia central da série de seminários ‘RS Sustentável: Cada Gota Conta’ consiste em discutir e elencar alternativas que direcionem para a elaboração de um Marco Legal a ser ratificado pelo Parlamento. “A partir desses eventos a gente consegue, especialmente, estabelecer uma legislação que seja possível aplicar para o estado como um todo. Inclusive nós estamos trabalhando na Assembleia Legislativa, há uma comissão para isso. Até o final do ano a gente quer entregar uma legislação que possibilite ao agricultor permanecer na terra, reservando água, fazendo a piscicultura, a irrigação, mas cuidando do meio ambiente. Todos estamos cientes da necessidade, e a gente está vendo as mudanças que estão ocorrendo a nível mundial. Nós aqui não somos diferentes, temos que estar atentos para isso também, e ouvir essas lideranças é extremamente importante para o parlamento gaúcho na elaboração de uma legislação que seja possível e que possa ajudar no crescimento do nosso estado, aumentando a produção, porque hoje nós importamos muitos grãos ainda que poderiam ser produzidos aqui”, salientou Adolfo Brito.

A série de encontros do ‘RS Sustentável: Cada Gota Conta’ terá sequência no dia 25 de outubro, no município de Panambi.

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