“No creo en brujas, pero que las hay, las hay”.
Vou me desapegar um pouco da política e, principalmente, da pandemia. É muita controvérsia e creio que está todo mundo querendo tomar a vacina. Só espero que não façam como muitos, que embolsaram indevidamente o tal do auxílio emergencial. Até gente abastada meteu a mão nos mil e poucos pilas.
Passo a narrar uns causos. E garanto que coisas parecidas já ocorreram com vocês.
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Eu sempre fui muito agarrado com minha filha Milène. Formou-se em Direito na Ufrgs, foi aprovada no concurso para juíza após ficar noites e dias estudando.
Ela ainda estava solteira e gostava muito de ir na nossa fazenda. Eu até tinha dado a ela uma caminhonete tracionada.
Ela anda muito bem a cavalo, tanto que comprou uma égua muito linda e garbosa. Essa égua tinha um andar de rainha.
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Aconteceu que, após um tempo, ela arrumou um namorado e rarearam suas visitas à fazenda.
Não sei se vocês sabem, mas os cavalos sabem quem é seu dono, e se apegam. Igual aos cuscos, que sempre escolhem seus donos (ou, como hoje dizem: seus tutores). A égua tinha saudade da dona.
Certo dia, estando na 290 em direção à fazenda, me deu uma tristeza sem motivo. Em seguida me lembrei da minha filha com a sensação de que ela não estava bem. Encostei a caminhonete e liguei para ela. Ela disse o alô de um jeito diferente.
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Eu sempre fui muito direto com tudo. “Filha, o que houve? O que está acontecendo?”.
Ela vacilou um pouco e disse: “nada, pai”.
“Eu te conheço guria. Onde estás?” Ela disse que estava na estrada, perto de Pantano, para visitar uma amiga. Pedi então que fosse direto para a fazenda e deixasse a amiga para outra hora. “Pai, tu vais me fazer muitas perguntas?”.
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Respondi que não ia perguntar nada e, como era inverno, nos sentaríamos na frente da lareira e tomaríamos vinho.
Eu cheguei antes dela e preparei tudo. Horas depois, ouvi a cuscada fazendo alarido na porteira. Era ela chegando. Nariz vermelhinho de tanto chorar.
Conforme prometido, não perguntei nada e abri um vinho. E ela quieta. No dia seguinte, ela, já acordada, olhava os pingos da chuva. Continuava quieta, não mexia no celular. Em seguida abriu o sol e fomos direto ao galpão. Ela mesma encilhou sua égua e saímos para dar uma olhada nas invernadas.
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Depois do almoço, ela foi sestear.
Acordou, sorriu, o narizinho não estava mais vermelho.
Dia seguinte me olhou com seus olhinhos azuis, sorrindo: “pai, muito obrigada, já estou bem, vou indo, te cuida”.
“Parte para outra, filhota!”.
Bingo. O tempo passou e ela está bem feliz com seus dois piazinhos.