É tarefa ingrata ser jurado de festival. Os integrantes precisam equilibrar os seus gostos pessoais, as qualidades subjetivas de cada obra, a própria proposta do festival e a mensagem que se quer passar – e fazer tudo isso em comum acordo.
O trio formado por Rosane Cardoso, Nora Goulart e Liliana Sulzbach definiu por pulverizar os troféus Tipuana (um dos mais lindos do Brasil, aliás) entre 12 das 24 produções participantes. Não há, assim, a figura de um “grande ganhador”, um estereótipo que o Oscar acabou incutindo no nosso consciente cinematográfico.
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Uma distribuição como essa feita por Rosane, Nora e Liliana tende a ser mais justa. Afinal, arte não é competição e prêmios são reconhecimentos de uma jornada, não o objetivo dela.
Achei justiça em todas as categorias, mesmo que não fossem necessariamente meus trabalhos preferidos os laureados.
É reflexo da excelente média dos trabalhos escolhidos pela curadoria. O sarrafo estava bastante alto, por assim dizer. Como eu disse, é tarefa ingrata.
Entre os destaques, o Tipuana de melhor atriz para Norma Goes, por O Pato, era o mais certo da noite. Não pela falta de grandes atuações femininas, mas pela grandeza de uma performance possante e sem uma única fala. Merecido também o prêmio de ator para Guto Schuster por Ninguém Nunca Vai Te Amar Como Eu Te Amo pelo motivo contrário: o de conseguir travar sozinho “diálogos” com um manequim de loja.
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Na Mostra Olhares Daqui, Aos Amaros do Mundo é uma excelente escolha. Importante demais reconhecer os trabalhos locais não somente com uma mostra específica, mas com essa distinção. É um impulso para os realizadores locais e um incentivo a serem cada vez melhores nos trabalhos que fizerem futuramente.
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Afinal, já escreveu Jorge Furtado (já um habitué do Festival Santa Cruz) em seu maravilhoso roteiro de Saneamento Básico – O Filme: “Para mostrar o seu trabalho, um artista não precisa ir para Porto Alegre”.
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Despeço-me de Santa Cruz junto com os cineastas que aqui estiveram durante esta semana.
Agradeço à Gazeta pelo espaço, em especial a Caroline Garske e Daniela Neu, por todo o apoio e orientação; aos queridíssimos seres maravilhosos que fazem esse festival acontecer e que me convidaram para estar aqui: Diego Tafarel, Marcela Schild, Bruna Dalla Méa, Maiara Fantinel e quem mais põe essa grande roda a girar; ao caro leitor que eventualmente tenha parado para ler este espaço nos últimos dias.
O Festival Santa Cruz de Cinema já é um dos maiores do Rio Grande e arrisco a dizer que esta quinta edição o coloca somente abaixo do tradicionalíssimo Festival de Gramado. Ao santa-cruzense que ainda não o conhece: tenha orgulho. E programe a sua agenda do ano que vem para estar no auditório central da Unisc e prestigiar os trabalhos que virão.
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