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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Prefeitura estima que cinco mil poderão passar fome em Santa Cruz

Na pandemia, Anildo não pode sair com seu carrinho para coletar materiais e, por isso, está sem salário desde que a Covid-19 chegou

Outro dos efeitos mais nocivos da pandemia do novo coronavírus pode afetar até 5 mil pessoas em Santa Cruz do Sul. A fome, causada pela falta de emprego e renda, que atinge as famílias mais carentes no município, passou a ser uma preocupação da Secretaria Municipal de Políticas Públicas e Assistência Social. A expectativa é calculada em cima dos números de benefícios sociais cadastrados e do total de refeições e cestas básicas distribuídas todas as semanas.

Na casa de Vani Vila Nova, de 30 anos, alimentos são itens em falta. Para garantir café, almoço e janta para os dois meninos, Paulo Ariel Elwanger, de 10 anos, e Wesley Gabriel Vila Nova Elwanger, de 9, ela se desdobra. A moradora do Bairro Santa Vitória está desempregada, sem acesso ao auxílio emergencial e com o Bolsa Família cortado desde março. “Não tenho mais telefone celular, pois vendi para comprar comida. Coloquei minha casa à venda. A ideia é pegar uma menor para nós e algum dinheiro na volta.” Vani conta com a ajuda do pai para dar de comer aos filhos, mas revela que a pandemia tem lhe tirado a paz. “A escola encaminhou uma doação para os guris. Não fosse isso, estaria muito pior.”

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Fé no Santo Guerreiro para enfrentar a crise
Anildo Luís da Silva tem 64 anos e está sem trabalho há um ano e meio. A alternativa foi catar material para reciclagem, separar e vender. Na casa humilde do Santa Vitória, ele exibe na sacada garrafas térmicas coloridas. As peças servem de decoração, mas viram moeda de troca para comprar comida para ele, a esposa e o filho caçula. “Eu vendo a R$ 5,00 cada uma. Uma nova custa R$ 30,00, mas a gente faz o negócio por R$ 5,00. Eu juntei com a reciclagem. Todas funcionam”, garantiu.

Seu Anildo não está recebendo o auxílio emergencial. Uma divergência com o nome da mãe, escrito de forma errada no CPF dele, não lhe permite colocar as mãos nos R$ 600,00 alcançados pela Caixa Econômica Federal. “Temos vivido de cestas básicas que o município libera, da ajuda dos filhos e de familiares que não deixam a gente ficar sem nada, mas está complicado.”

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Emocionado, o catador diz que viveu a vida toda trabalhando. Contudo, um problema na coluna o tirou do mercado formal de trabalho. No entanto, foi a pandemia da Covid-19 que lhe impediu de tirar da rua os sustento para a família.

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Seu Anildo chora, meio que se desespera. Sobe a voz para reclamar da situação. Só se alivia ao falar que a esposa, Elisane Beatriz Machado, conseguiu um emprego temporário, nos últimos dias, na safra da Souza Cruz. “Estamos com muito medo de passar necessidade, de ficar sem ter o que comer e o que dar para o menino”, revelou o pai do Tiago Samuel da Silva, de 7 anos.

Na casa ainda reside a jovem Estefani Eduarda Machado, de 17 anos, enteada de Anildo. Com a imagem de São Jorge, ele bate no peito. “Esse é guerreiro, assim como a gente. A fé nele nos faz acreditar que a situação irá mudar”, complementou.

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A preocupação de Anildo e Vani, personagens reais do reflexo econômico da pandemia, também assombra na Secretaria Municipal de Políticas Públicas e Assistência Social. A titular da pasta, Carina Inês Panke da Silva, conta que, com base no cadastro do Bolsa Família, que tem 5.236 famílias cadastradas, mais a quantidade de cestas básicas e refeições distribuídas todas as semanas, a fome no município poderá atingir até 5 mil pessoas.

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A estimativa leva em conta os mais pobres, que têm enormes dificuldades financeiras e estão sem renda alguma. “São vários fatores que impactam neste problema. São profissionais autônomos, que vivem de trabalho eventual e, durante a pandemia, tiveram de paralisar as suas atividades.”

Anildo está desempregado, teve de parar com as atividades de catador e também não consegue o auxílio emergencial: durante a pandemia, agarra-se na fé em São Jorge e conta com a solidariedade

Manutenção de doações
A preocupação da secretária Carina diz respeito ao futuro próximo e ao fluxo de doações de alimentos para os mais necessitados, que precisa ser mantido. Durante a última semana, a pasta contabilizou 4.861 marmitas entregues e 116 cestas básicas distribuídas para as famílias carentes de Santa Cruz do Sul.

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