A prefeitura de Santa Cruz do Sul está fazendo um levantamento de informações para a elaboração do decreto de emergência em virtude da severa estiagem no município. O prefeito em exercício, Elstor Desbessell, reuniu-se na tarde desta segunda-feira, 3, com representantes das secretarias de Agricultura e do Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade (Semass), da Procuradoria-Geral do Município, da Defesa Civil, Conselho Agropecuário Municipal e da Emater para discutir o tema. O encontro também debateu a estruturação de ações e avaliou os prejuízos computados até agora.
Preocupado com os estragos já constatados, ocasionados pela falta de chuva e as altas temperaturas, Desbessell também destacou a necessidade da adoção de medidas que garantam o armazenamento de água durante o ano. “Precisamos de ações duradouras, porque a seca tem sido recorrente na região”, enfatizou. Conforme o prefeito em exercício, a definição de uma política que estimule a armazenagem de água deve ser considerada, pois o cenário de estiagem ainda deve se repetir, ao menos, pelos próximos dois anos.
Uma ação da Secretaria de Agricultura deverá auxiliar neste sentido. Há cerca de duas semanas, foi aprovado pela Câmara de Vereadores o programa de incentivo à implantação de cisternas no interior. O orçamento, estimado em R$ 300 mil, garantirá a instalação de mais de 100 unidades, com capacidade de 20 mil litros cada, em propriedades rurais. Porém, a situação atual é bastante preocupante. Conforme o titular da Agricultura, Hardi Lúcio Panke, as culturas mais prejudicadas, até o momento, são milho, soja e tabaco.
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De acordo com o secretário, o prejuízo estimado por enquanto gira em torno de R$ 25 milhões. A secretaria tem atuado para mitigar os danos da seca. Durante o ano de 2021, foram abertos mais de 200 açudes e aguadas, como ação preventiva à estiagem que já era aguardada. De forma prioritária, três dragas e 11 retroescavadeiras têm sido utilizadas para atender as demandas provocadas pela estiagem.
O titular da Semass, Jaques Eisenberger, destaca que dois caminhões-pipa têm distribuído de 80 a 100 mil litros de água por dia nas comunidades do interior. Entre as localidades mais afetadas, estão Linha Brasil, General Osório, São Martinho, Felipe Nery, Travessão Dona Josefa, Cerro Alegre e Arroio do Couto. O esforço já exigiu até mesmo a colaboração do Corpo de Bombeiros e do 7º Batalhão de Infantaria Blindado no abastecimento à zona rural. Eisenberger também informa que já ocorreu a licitação para a perfuração de quatro novos poços artesianos nas localidades de São Martinho, Linha Alto Paredão, Linha Vitorino Monteiro e Linha Arroio do Tigre. Além disso, um contrato emergencial deverá garantir mais um caminhão-pipa para o abastecimento de água no interior ainda durante o mês de janeiro.
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Conforme o coordenador da Defesa Civil, Anderson Matos Teixeira, um parecer será elaborado com as informações que estão sendo coletadas. O documento será encaminhado ao prefeito em exercício para que ele possa decidir pelo decreto de situação de emergência. O decreto precisa ser homologado pelo Governo do Estado e reconhecido pela União para que possa surtir efeitos como, por exemplo, permitir contratações emergenciais e desenvolvimento de outros mecanismos de auxílio à população.
Uso consciente
Outro medida necessária, bastante discutida durante a reunião, é a sensibilização da comunidade santa-cruzense para o uso consciente dos recursos hídricos. Apesar do visível problema que a seca tem causado, ainda é possível verificar o uso de água potável para encher piscinas, lavar veículos e calçadas e regar gramados. O presidente do Conselho Agropecuário, Paulo Mans, reforçou o apelo à população.
Segundo ele, as perdas sofridas pela agricultura não serão recuperadas, mas ainda é possível mudar o comportamento para que não haja um impacto maior à sociedade. “Precisamos que as pessoas tenham a consciência de deixar a água potável para o consumo humano, para que não falte para a população”, afirmou.
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