Depois de integrantes da Cooperativa de Catadores e Recicladores de Santa Cruz do Sul (Coomcat) realizarem uma manifestação em frente à casa da prefeita Helena Hermany, nessa terça-feira, 22, nesta quarta-feira, 23, a chefe do Executivo Municipal realizou uma coletiva de imprensa. Na ocasião, Helena leu um comunicado e afirmou que registrou um boletim de ocorrência devido às ofensas e ameaças que sofreu.
Além disso, a prefeita disse que, enquanto não houver um pedido de desculpas, a identificação dos responsáveis e mudança de atitude, quem fará a interlocução com os catadores sobre o futuro da usina municipal será o secretário de Governança, Everton Oltramari, e o secretário de Meio Ambiente, Jaques Eisenberger. Durante a coletiva de imprensa, Helena citou que, antes de os manifestantes irem à casa dela, chegou a conversar pacificamente e foi programado um próximo encontro. “Mas fui surpreendida no começo da noite por uma baderna em frente à minha casa”, completou.
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A prefeita salientou que, além do abalo psicológico “pelas diversas ofensas”, os assessores da Coomcat prometeram seguir com a ação. “Em mais de 20 anos de vida pública, sempre dialoguei com todos de forma transparente, franca e respeitosa e nunca havia vivido uma situação lamentável como essa. Tenho uma vida de cuidado e carinho com as nossas comunidades. Tenho dialogado com os catadores desde o ano passado, quando iniciamos as ações relacionadas ao projeto para ampliação e qualificação da coleta seletiva do lixo em Santa Cruz do Sul.”
Helena Hermany também aproveitou o momento para pedir desculpas aos vizinhos e disse que mora há 42 anos no mesmo endereço. “Eu nunca me escondi”, enfatizou. Ainda, a prefeita observou que se sentiu “ferida como mulher, mãe e avó.” Para ela, muitos prefeitos não precisaram passar por situações como as da noite de terça. “Eles eram muito menos ligados ao social, muito menos preocupados com as pessoas. Por que será? Por que eu sou mulher? Por que será que essas coisas acontecem?”, questionou.
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Depois da manifestação da prefeita, o secretário Jaques Eisenberger apresentou dados e uma análise do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos de Santa Cruz do Sul. “Hoje a Coomcat atua em 15 bairros de Santa Cruz com uma eficiência de 12%. Pretendemos ampliar a coleta seletiva para mais bairros da cidade”. O secretário voltou a dizer que não há retrocesso no que está sendo proposto pela Administração Municipal.
Coomcat diz que ato foi pacífico
Em um comunicado, a Coomcat afirma que o que aconteceu na terça-feira foi um ato pacífico e em local público. “Inicialmente na frente do Palacinho, no qual reivindicaram respostas às suas propostas de ampliação e manutenção dos serviços ambientais já prestados, e reunião com o governo Helena Hermany, o que não foi atendido”, frisa a nota oficial.
Ainda, conforme os catadores e recicladores, “após conhecimento de que a prefeita havia saído pelos fundos do Palacinho, o grupo se dirigiu à residência para insistir na tentativa de serem ouvidos, o que mais uma vez, não aconteceu.” A Coomcat também alega que, ao contrário do que foi divulgado pela prefeitura, “houve clara manipulação dos fatos e uso de imagem pretendendo demonstrar abertura ao diálogo”. A nota finaliza informando que “todas as ações tomadas pela Coomcat estão baseadas no exercício do Estado Democrático de Direito”.
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Leia o comunicado oficial da prefeita Helena Hermany:
“Como prefeita e como cidadã, infelizmente preciso relatar um fato lamentável que aconteceu ontem.
Mesmo depois de eu ter ido até os integrantes da Coomcat que faziam uma manifestação em frente à Prefeitura e de ter conversado com todos pacificamente e programado para voltarmos a falar nos próximos dias, fui surpreendida no começo da noite por uma baderna em frente à minha casa.
Estavam presentes dezenas de pessoas, equipamento de som alto e muitas pessoas que não são de Santa Cruz do Sul, mas se apresentam como “assessores” do movimento dos catadores, impedindo, inclusive, que eu pudesse sair para um compromisso familiar.
Em função das ameaças e ofensas, temi, inclusive, pela invasão do meu domicílio. A situação só foi preservada pela ida ao local da Guarda Municipal e da Brigada Militar.?
Além do abalo psicológico pelas diversas ofensas contra a minha honra e do sentimento de impotência até a chegada da Guarda Municipal, esses “assessores” prometeram seguir com esta covarde e criminosa atitude, conforme registrado em vídeo: “E não sabemos quantas vezes mais nós vamos vir aqui. E a gente inclusive não sabe se não vai vir para ficar aqui”.
Em mais de 20 anos de vida pública, sempre dialoguei com todos de forma transparente, franca e respeitosa – e nunca havia vivido uma situação lamentável como essa. Tenho uma vida de cuidado e carinho com as nossas comunidades. Tenho dialogado com os catadores desde o ano passado, quando iniciamos as ações relacionadas ao projeto para ampliação e qualificação da coleta seletiva do lixo em Santa Cruz do Sul.
Não havia motivo algum para esse ato, uma vez que já havíamos dialogado mais cedo e combinamos de conversar novamente a partir da sexta-feira. Como já reiteramos por diversas vezes, o projeto não irá afetar em nada o trabalho já desenvolvido pela Coomcat, que seguirá recebendo R$ 1,3 milhão por ano para atuar em 15 bairros e ainda terá ampliada de 50 para 120 toneladas a quantidade de resíduos sólidos recebidos, possibilitando a geração de novas vagas e mais renda.
Quero pedir desculpas aos vizinhos, especialmente para uma moradora que está acamada em função de um AVC recente. Respeito o direito de todo o cidadão de ser contra um ou outro projeto, mas dentro dos limites da lei. Os manifestantes feriram minha privacidade como mulher, mãe e avó. Me sinto ameaçada e, enquanto não houver um pedido de desculpas, identificação dos responsáveis e mudança de atitude da parte da diretoria da Coomcat e das pessoas infiltradas que têm participado dos manifestos, quem fará a interlocução serão os secretários Everton Oltramari e Jaques Eisenberger.
Reafirmo meu compromisso com o meio ambiente e com as questões que envolvem a ampliação da coleta seletiva e a qualificação do serviço, sem retroagir em nenhum direito conquistado por qualquer trabalhador que seja nessa área. Seguirei trabalhando sempre com muita responsabilidade e dedicação pela nossa Santa Cruz do Sul, zelando também pelo patrimônio público e privado, e por respeito mútuo entre todas as partes.
Para finalizar, eu moro naquela casa, na Rua Presidente Prudente de Morais, há 42 anos. Eu nunca me escondi. Eu tenho há mais de 20 anos o mesmo número de celular. Mas eu não vou aceitar, de jeito algum, ser ameaçada e coagida dentro da minha própria casa. Esses “assessores”, que vieram de outras cidades e não sabemos por quem são financiados, não irão me intimidar. Por isso hoje, registrei uma ocorrência na Polícia Civil para responsabilização dos fatos ocorridos.
Eu sou uma mulher, mas sou forte. Ninguém vai me impedir de fazer o meu trabalho para o qual o povo de Santa Cruz do Sul, que me conhece, me elegeu.
Helena Hermany
Prefeita Municipal de Santa Cruz do Sul“
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