“Precisamos vencer a burocracia.” Foi com essa frase que o ministro extraordinário de apoio à reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, enfatizou seu compromisso com Sinimbu, em visita ao município nesse domingo, 23. Após passagem por Candelária de manhã e um almoço com filiados do PT no distrito de Rio Pardinho, em Santa Cruz do Sul, na tarde o ministro deslocou-se em comitiva até a cidade mais atingida da região e uma das mais afetadas no Estado pelas enchentes de 30 de abril.
O município com pouco mais de 10 mil habitantes teve o Centro e praticamente todo o interior devastados pelas águas do Rio Pardinho. Após percorrer algumas ruas de Sinimbu, passar pelo espaço da Feira Rural e de uma funerária que foi completamente destruída (as imagens de caixões vazios sendo levados pela correnteza rodaram o País), Pimenta foi até a ponte que liga a região central do município à localidade de Rio Pequeno e conversou com alguns moradores.
LEIA TAMBÉM: Após chuvarada, reparos em estradas são retomados em Sinimbu
Publicidade
Em seguida, foi recebido pela prefeita Sandra Backes na Prefeitura. Durante cerca de 40 minutos, os dois conversaram sobre as necessidades atuais de Sinimbu e quais as perspectivas de apoio da União. “Temos projetos aprovados no Ministério da Integração, estamos trabalhando nas licitações, mas o que a gente precisa é agilidade na liberação dos recursos pelo governo federal, para darmos um seguimento mais rápido nas demandas”, disse a prefeita. Segundo ela, a maior necessidade é a reconstrução das pontes.
A chefe do Executivo enfatizou a necessidade de que, tão logo vencidos os trâmites legais a serem agilizados pela Prefeitura, o governo federal se responsabilize pela liberação imediata dos recursos. “Temos pressa. A cidade depende do nosso interior e precisamos ter essa conexão através das pontes.”
De acordo com Sandra, atualmente a Prefeitura trabalha na reconstrução das estradas. “Vivemos um drama que é a destruição de 15 pontes e 16 pontilhões. Temos dificuldade de acessar esses moradores e dar-lhes o direito de ir e vir.”
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Municípios da região Centro-Serra registram queda de granizo
Também foram atingidas 60 casas, das quais dez foram completamente destruídas na zona urbana. “Precisamos construir moradias para aqueles que perderam tudo, e é necessário a liberação imediata de auxílio, inclusive para o nosso comércio, que foi atingido diretamente”, disse ela. Sandra Backes estima que 98% dos estabelecimentos tenham tido algum tipo de prejuízo, seja nas estruturas ou nos estoques e itens à venda.
E o destino dos entulhos?
Presente na reunião com a prefeita, o deputado federal Heitor Schuch salientou a importância do trabalho do governo federal com os municípios e reivindicou a possibilidade de anistia das dívidas dos agricultores atingidos pelas enchentes. “O produtor que comprou um trator e pagou duas parcelas, e ainda tem cinco, não tem como pagar por um trator que em muitos casos sequer existe mais”, comentou.
Publicidade
Outra pauta abordada foi o destino dos entulhos retirados das residências e estabelecimentos atingidos em Sinimbu. Em levantamento da Prefeitura, estima-se que o custo para transportar esses resíduos até o aterro sanitário de Minas do Leão chegue a R$ 1 milhão.
LEIA TAMBÉM: Massas de ar frio vão causar primeiros dias de inverno rigoroso do ano
Uma possibilidade seria usar o antigo lixão, atualmente desativado, na localidade de Linha São João, o que poderia virar uma alternativa mais barata. Segundo a prefeita, a viabilidade está sendo estudada junto à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
Publicidade
Exigências intransponíveis
Em entrevista à Gazeta do Sul, Paulo Pimenta detalhou o pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em realizar visitas de forma presencial aos municípios e verificar as demandas. “Sabemos que Sinimbu foi, proporcionalmente, uma das cidades mais atingidas do Estado. Desde o primeiro momento atuamos nos salvamentos, depois na desobstrução das vias e agora temos essa fase de reconstrução. Em todos os aspectos, o governo federal tem iniciativas”, frisou.
Ele apontou o Pronampe Solidário, que é uma linha de crédito oferecida pela União e pode ser acessado pelas micro, pequenas e médias empresas “O governo assume 40% do pagamento. Por exemplo, de R$ 100 mil aportados, a empresa fica devendo R$ 60 mil, tem dois anos de carência e 36 meses para pagar com juro zero. É uma opção atrativa, rápida e fácil, e já temos 25 contratos assinados aqui na zona urbana de Sinimbu”, revelou.
O ministro ainda salientou como forma de auxílio a medida apresentada a empresas afetadas pelas enchentes. Elas podem aderir ao programa emergencial em que o governo pagará duas parcelas de salário mínimo aos funcionários. “Essa é mais uma forma de ajudar na manutenção dos empregos.”
Publicidade
LEIA TAMBÉM: FOTOS E VÍDEOS: ministro Paulo Pimenta visita Sinimbu
Perguntado sobre a burocracia na liberação dos recursos para reconstrução dos municípios, afirmou que há casos onde é possível agilizar e outros em que o trâmite é mais lento. “Esses imóveis atingidos aqui, alguns vão ser condenados. É preciso um laudo que ateste que naquele lugar não pode ser construído outro imóvel. Para construir casas, o município tem que ter terreno, e, se tiver, tem que ter licenciamento. Não podemos pegar uma terra crua e construir. Precisa ter arruamento, licença ambiental e o mínimo de infraestrutura”, explicou Pimenta.
“Algumas questões, que às vezes são chamadas de burocracia, são exigências intransponíveis. Já temos projetos aprovados de Sinimbu para reconstrução das pontes. Agora a Prefeitura precisa fazer o projeto de engenharia, contratar uma empresa e na ordem de serviço já depositamos 30% do pagamento na hora. A partir dali é feito o pagamento mediante medição da obra, mas nós só depositamos quando tiver o contratado assinado.”
Conforme Pimenta, mesmo que o momento exija demandas emergenciais e seja possível executar um processo de licitação simplificado, existem critérios a serem respeitados. “Estamos trabalhando com dinheiro público e há um grau de exigência de qualidade da execução da obra que é muito importante e precisa ser observado”, salientou, revelando que em breve deve fazer uma visita a Santa Cruz.
Chegou a newsletter do Gaz! 🤩 Tudo que você precisa saber direto no seu e-mail. Conteúdo exclusivo e confiável sobre Santa Cruz e região. É gratuito. Inscreva-se agora no link » cutt.ly/newsletter-do-Gaz 💙