Deflagrada na última terça-feira, 25, a megaoperação Enxuta é, segundo o Ministério Público, resultado de investigações de crimes cometidos pela família de Osni Valdemir de Mello, conhecido como Sapo, de 2006 até março deste ano. Provavelmente, a descoberta mais inusitada no decorrer das apurações foi que a futura sede da Defensoria Pública de Venâncio Aires pertencia aos investigados por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
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O imóvel, que foi sequestrado pela Justiça, está cerca de 80% concluído, tem 336 metros quadrados e fica na Rua Emílio Selbach, 1.277, no Centro, perto do Fórum. De acordo com a investigação, o prédio pertencia ao filho de Sapo, Dieike Andrigo de Mello, de 38 anos. Ele foi preso na ofensiva de terça-feira em um imóvel de luxo da Rua Félix da Cunha, no centro da Capital do Chimarrão.
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A estrutura estava na iminência de ser alugada para a Defensoria Pública. Segundo a Promotoria e a Polícia Civil, o preço já havia sido fechado. A instituição do Estado pagaria R$ 6 mil mensais à família de Sapo. No contrato, que a Gazeta do Sul teve acesso com exclusividade, constava que a locação seria por 120 meses (dez anos), com renovação automática.
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A iminência da locação pôde ser comprovada pelos investigadores, inclusive pelos projetos da planta baixa e da maquete do local, que já haviam sido realizados por um escritório de arquitetura de Venâncio Aires. “A Defensoria já tinha até documentado a locação. Estava contando certo com o imóvel”, comentou o promotor Pedro Rui da Fontoura Porto. Na planta, o projeto é descrito como “SALA COMERCIAL DIEIKE”.
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Funcionário público teria intermediado a negociação
As evidências de que o prédio que seria da Defensoria pertence ao preso são ampliadas a partir de uma ocorrência de furto de fios elétricos no local. O registro foi feito por Sílvia Aparecida da Silva de Mello, de 41 anos, companheira do filho de Sapo, que também foi detida na operação de terça. O edifício na Emílio Selbach foi construído por uma empresa de fachada de Dieike.
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Conforme apurado nas investigações, a intermediação para que a família de Sapo fechasse o contrato do local com o órgão estadual foi feita por um funcionário do setor administrativo da Defensoria Pública de Venâncio Aires. O servidor público, que por ora teve seu nome e idade mantidos em sigilo, tinha relação com Dieike e havia comprado dele um apartamento não muito longe do Fórum, que também foi sequestrado pela Justiça.
Em uma residência desse funcionário, no município de Encantado, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na terça, para verificar documentos que possam subsidiar investigações. “Potencialmente, poderia haver um crime de tráfico de influência. Se fosse provado que ele obteve alguma vantagem com essa indicação, poderia configurar corrupção. Eu acredito que a Defensoria Pública deveria abrir uma sindicância interna para investigar internamente o servidor. Segundo consta, ele que teria feito a intermediação do negócio”, salientou o promotor Rui Porto.
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Em nota, a Defensoria Pública do Estado informou que “o imóvel de propriedade de um dos suspeitos presos seria alugado pela Defensoria Pública de Venâncio Aires. No entanto, nem sequer os documentos haviam sido assinados e não havia prazo para que a Defensoria ocupasse o espaço”. Segundo o MP, se o órgão estadual mantiver a ideia de locação, o valor mensal de R$ 6 mil deverá ser depositado em juízo, em virtude de o prédio estar sequestrado. O mesmo procedimento deve ser realizado pelos inquilinos de outros imóveis que são da família de Sapo.
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